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Carlos Roberto Silvestrin

Vice-presidente da Assoc da Ind de Cogeração de Energia

Op-AA-35

O negócio da cogeração

A atenção no cenário energético mundial está focada na busca da eficiência energética para o estabelecimento das diretrizes de uso final das fontes de energia, que são disponibilizadas econômica e ambientalmente sustentáveis.

Essa tendência ocorre não apenas e principalmente pelo avanço da tecnologia, mas também, e não menos importante, pela valorização das questões climáticas, que têm sido cada vez mais adversas e de baixa previsibilidade. Nesse cenário, é estratégico “ações preventivas” para evitar a utilização de fontes de energia e de processos que proporcionem baixa eficiência, com impactos consideráveis ao meio ambiente.


Desde 2004, a Cogen vem trabalhando no fomento da cogeração de energia para o aproveitamento da disponibilidade crescente da biomassa de cana-de-açúcar e do gás natural, principalmente a partir das descobertas na Bacia de Santos e nas áreas do Pré-sal.

A principal razão dessa estratégia é proporcionar a instalação de centrais de cogeração junto ao centro de carga, do cliente final ou do centro de carga do sistema elétrico nacional. Nesse sentido, é importante observar como o negócio da cogeração de energia possibilita arranjos empresariais que contemplam participação dos agentes de tecnologias e de serviços energéticos:

Em todo o mundo, a cogeração tem sido fomentada como importante fator de continuidade de suprimento de energia, para atenuar situações de restrições operativas ou escassez de oferta, assim como em casos de “apagão”, assegurando aos clientes da cogeração, ou da região elétrica, o fornecimento de energia, quando desconectada da rede básica.

Como exemplo, em Nova York, na ilha de Manhatan, após a passagem do recente furacão Sandy em 2012, os prédios que possuíam cogeração permaneceram recebendo energia elétrica, sem interrupção das suas atividades. No Brasil, a cogeração vem conquistando importantes avanços nos segmentos de atividades industriais, comerciais e de serviços, que necessitam de energia elétrica e de energia térmica (calor ou frio), conforme verificado pelo número de centrais em operação comercial, disponibilizado pelo DataCogen, um banco de dados operado pela Cogen, com dados obtidos da Aneel (www.datacogen.com.br).


Atualmente, no Brasil, existem 11.200 MW de capacidade instalada de cogeração em operação comercial, com destaque para as seguintes fontes de combustível: Dessa capacidade instalada total, apenas as centrais de cogeração com bagaço de cana somam 8.000 MW. É oportuno destacar que, em 2001, tínhamos apenas 1.500 MW.

A cogeração com bagaço é mais intensa do Centro-Sul, principalmente pela expansão da atividade sucroenergética em São Paulo, e nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Hoje, existem 354 usinas de açúcar e etanol no Brasil, que possuem uma capacidade instalada de 8.000 MW. Dessas, 150 estão exportando bioeletricidade para o sistema elétrico. No estado de São Paulo, as 194 usinas existentes possuem 4.500 MW de capacidade instalada, das quais 70 estão exportando bioeletricidade.

O potencial de cogeração com biomassa da cana, conforme estudos da Cogen, indica que é possível atingir 30.000 MW de capacidade instalada no horizonte de 2020, sendo 14.000 MW somente no estado de São Paulo, com o aproveitamento da biomassa da cana e parte da palha e pontas.

Com todo esse cenário energético e potencial disponível de bioeletricidade, a Cogen, juntamente com alguns associados, está elaborando propostas, com a finalidade de regulamentar e induzir ações para o “Fomento da Oferta e Condições de Contratação de Geração Distribuída”, e, assim, viabilizar técnica e economicamente “espaços e maior participação na matriz elétrica”, de fontes complementares, que são produzidas junto ao cliente final ou ao centro de carga do sistema elétrico nacional. Com relação à cogeração com gás natural, observamos que existe importante potencial para ser explorado.

A Cogen elaborou o “E-book Cogen Gas Business Plan”, que identificou o potencial desse mercado. Esse E-book está disponível através do link no endereço http://www.cogen.com.br/cogengas.

O quadro abaixo apresenta os dados do potencial para o segmento industrial (2.770 MW) e para comércio e serviços (de 700 MW), que poderão ser implementados nos próximos anos.


Para identificar ações regulatórias indutoras para o mercado de cogeração com gás natural, a Cogen iniciou, em novembro de 2012, o “SP Cogen Master Plan 2013”, com apoio das associadas:

Promon, AES Tiête; BTG Pactual; Comgas, CPFL; Cummins; Ecogen; Elektro; Energyworks; Gas Brasiliano; GE; Light Esco; MWM; Safira; Siemens; Sotreq; TGM; Tractebel Energia; Votorantim e WEG, cujos objetivos são:

• Identificar e indicar ações regulatórias e empresariais, para fomento da cogeração/climatização a gás natural, com foco no potencial existente, com destaque para a Região Metropolitana de São Paulo (comércio e serviços), e nas oportunidades de cogeração para pequenas e médias empresas;

• Identificar e mapear restrições que impedem o desenvolvimento efetivo da cogeração de energia e climatização a gás natural, no curto e no médio prazo;

• Identificar necessidades e oportunidades dispersas e convergir para soluções regionais integradas;

• Possibilitar participação ativa e convergência de empresas interessadas na busca de oportunidades de projetos e investimentos com sustentabilidade;

• Elaborar relatório final contendo um sumário das avaliações feitas e descrevendo as propostas com as respectivas justificativas.
O SP Cogen Master 2020, concluído em fevereiro passado, produziu um relatório contemplando os resultados e as propostas, entre outras ações, incluindo, principalmente, os seguintes produtos:

• Análise regulatória para geração distribuída/cogeração destinadas às distribuidoras de energia elétrica e de gás natural e as sugestões para inovação, aperfeiçoamentos e complementações;

• Análise de regulamentação municipal para utilização de galerias multisserviço, visando à transferência de energia térmica (calor e frio) entre centrais de cogeração/climatização e usuários potenciais, principalmente, na Região Metropolitana de São Paulo, e as sugestões de regulamentação adequada.

• Análise preliminar de viabilidade técnico-econômica do potencial e do “negócio cogeração e climatização a gás natural”, principalmente para projetos de pequeno e médio porte, que atendam às necessidades de complexos comerciais e instalações industriais.

• Elaboração de um “estudo de caso de cogeração/ climatização a gás natural” em um novo empreendimento imobiliário (comercial e residencial) na cidade de São Paulo.
Finalmente, ressaltamos que a Cogen está empenhada no desenvolvimento de atividades relacionadas com o fomento da eficiência energética, principalmente com o incentivo ao desenvolvimento da cogeração com biomassa da cana-de-açúcar e com gás natural, contribuindo para “estabilizar o abastecimento de energia”, no atual cenário energético, que necessita de medidas preventivas para a segurança energética do sistema elétrico e diversificação da matriz elétrica, preservando, no entanto, a “sustentabilidade conquistada” com os aproveitamentos hidrelétricos.