O crescimento do agronegócio brasileiro nestes últimos anos tem imposto um grande desafio ao setor de produção agroindustrial e de serviços, e, em especial, ao sucroalcooleiro. A produção de cana-de-açúcar na região centro-sul cresceu nos últimos 3 anos a uma taxa média 10 % aa, fundamentada na produtividade, na eficiência e na expansão das nossas agroindústrias e canaviais.

Temos academicamente o conceito de que o produtor é pró-ativo à demanda e, como conseqüência manterá o mercado sempre ofertado, contrariando, na visão microeconômica, o impulso para valoração de preços e incremento das margens. Não podemos deixar de reconhecer a imbatível competência empresarial que nos propicia um invejável custo de produção relativo, assim como também fazer justiça à cumplicidade da natureza, que tem estabelecido ultimamente grandes dificuldades aos nossos colegas internacionais concorrentes.

É nosso presente desafio a manutenção do atual crescimento e isento dos humores da natureza devemos aproveitar as nossas potencialidades produtivas, agregando valor ao produto através de facilidades e serviços, sempre orientados pela eficiência logística da movimentação, armazenagem e distribuição de nossos produtos. Este, com certeza, será o nosso grande diferencial competitivo.

Se, no passado recente, a infra-estrutura logística do agronegócio parecia competência do estado, hoje concluímos que, pela ausência de recursos públicos adequados e suficientes, há a necessidade da iniciativa privada e de investimento direto dos agroempresários, no intuito de otimizar o fluxo da nossa produção ao cliente, de forma eficiente e organizada.

Muito se tem comentado sobre as PPP’s, as parcerias público-privadas, sendo vistas por muitos como única solução para as questões de infra-estrutura e uma forma de atender nossas necessidades logísticas de crescimento. Não obstante, o dever agroempresarial nos impõe questões imediatas, podemos destacar que no setor sucroalcooleiro as soluções, mesmo que ainda tímidas, têm se traduzido nas ações recentes do associativismo entre as empresas, visando o suporte logístico de seus produtos.

No Paraná, com a associação de nove empresas sucroalcooleiras, foi inaugurada em 2002 a PASA, Terminal Portuário S/A, empresa sediada no Porto de Paranaguá, objetivando executar os serviços portuários de açúcar. Hoje, a empresa é responsável pela quase totalidade dos embarques de açúcar pelo Estado do Paraná. Com tal iniciativa, este setor seguramente ganhou muito em agilidade, economia e em satisfação de seus clientes.

Também estrategicamente em Maringá, cidade do interior paranaense, eqüidistante 150 quilômetros da maior região produtora de cana de açúcar do estado, foi instalado um centro coletor de açúcar e álcool que otimiza a recepção por transporte rodoviário de indústrias açucareiras conveniadas e os embarques para Paranaguá pela ALL Logística Ltda, concessionária dos serviços de transporte ferroviário.

Estas ações conjuntas, pela dimensão em que são resolvidas, produzem larga economia de escala e sinergia para a definição de outros benefícios - na forma de pool, para as necessidades que são comuns, como por exemplo, a internação e a distribuição de fertilizantes ou corretivos que são importados pelo Porto de Paranaguá, bens indispensáveis para produção canavieira.

Em 2002, foi também criada a CPA Trading S/A e CPA Armazéns Gerais Ltda, com o intuito de fomentar o mercado de álcool de 14 unidades produtoras acionistas, representando cerca de 70% da oferta de álcool produzido no estado do Paraná. Além de outras conquistas, este foi o fator determinante para a inserção do estado paranaense no cenário da exportação de álcool brasileiro.

Têm sido sua responsabilidade, além da comercialização, os serviços como a armazenagem e a movimentação de álcool de suas acionistas. Solução bastante interessante pelo ponto de vista logístico, pois com a figura jurídica de armazém geral, a empresa pode otimizar a distribuição geográfica de seus produtos no local que convém ao cliente - inclusive com uma filial em Araucária, região da grande Curitiba, e assim tratando em sistema pool o estoque de todas as acionistas, produz economia na movimentação e rentabilidade adicional pelo serviço de entrega na porta do cliente no momento em que ele precisa.

Outras vantagens são exploradas, tais como a securitização de ativos na forma de emissão de certificados de depósito ou warrants, para a alavancagem interna de operações financeiras de seus acionistas. Recentemente, pelo esforço associativo das unidades produtoras e pelo apoio do governo foi editado pelo estado do Paraná o Decreto nº 3.493, que estabelece metas para a expansão do setor sucroalcooleiro paranaense, que resulta em medidas logísticas importantes como, por exemplo, a implantação de um terminal portuário específico para movimentação de álcool paranaense e a instalação de um álcoolduto da região de Curitiba até Paranaguá.

Evidente que estas alternativas, ainda que regionais, são modestas para suprir a necessidade que as produções futuras nos exigirão na área da movimentação e armazenagem, mas é muito rico o exemplo do que o espírito associativo dos integrantes do setor sucroalcooleiro poderia produzir, em escalas ainda maiores.