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Luiz Antonio Dias Paes

Gerente de Regionais do CTC

Op-AA-13

Sustentabilidade econômica: desenvolvimento e tecnologia

O tema sustentabilidade foi amplamente debatido na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, conhecida como ECO-92, realizada em 1992, no Rio de Janeiro. O principal documento produzido, a “Agenda 21”, definiu um programa de ações, com orientações para conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Os temas preservação ambiental e interesse social, foram, ou estão sendo tratados em outros volumes desta publicação, destacando-se nesta análise a abordagem de eficiência econômica, onde o Brasil ocupa a liderança mundial na produção de cana-de-açúcar e produtos derivados desta matéria-prima. Esta posição de destaque justifica-se, parcialmente, pelas condições edafoclimáticas favoráveis do país e pelo sistema de produção industrial, que promove a sinergia de, numa mesma planta industrial, produzir açúcar, álcool e energia.


É inegável, entretanto, que a contínua geração e utilização de tecnologia nas áreas agrícola e industrial são, em grande parte, responsáveis por esta liderança. A evolução tecnológica reflete diretamente em ganhos de produtividade.

O gráfico 1 apresenta a evolução da produtividade agrícola no Brasil e região Centro-Sul, a partir de dados oficiais do IBGE, adotando-se a média trianual móvel, para minimizar o efeito climático dos diferentes anos agrícolas. Observa-se um aumento médio de 1% ao ano, ao longo dos quase 30 anos de dados.


Para a região Centro-Sul, dados do CTC, Centro de Tecnologia Canavieira, para 140 unidades produtoras, na safra 06/07, indicaram uma produtividade média de 84 toneladas de cana por hectare, valor 15% superior ao obtido pelo IBGE, no mesmo período.

Ainda na área agrícola, o ganho na qualidade da matéria-prima, apesar de menos expressivo do que o ganho de produtividade agrícola, é significativo, conforme visualizado na figura 2, que mostra o crescimento da Pol % cana, no Estado de São Paulo, a uma taxa de 0,3% ao ano. Estes dados são confirmados pelos indicadores obtidos no programa de benchmarking, conduzido há 16 anos pelo CTC. Ao longo destes anos, os índices de eficiência agrícola e industrial, obtidos pelo programa, têm sido utilizados como importante ferramenta de gerenciamento da produção das usinas e de direcionamento dos programas de P&D do CTC.

O compartilhamento de informações e indicadores entre os participantes estimula o uso de novas tecnologias, que leva à melhoria de performance e ganhos econômicos. Os indicadores industriais das usinas associadas ao CTC indicam tendência de aumento na eficiência do processo produtivo, creditada, em grande parte, aos esforços dos programas de redução de perdas industriais, implementados em muitas das unidades associadas.

Mostram também, claramente, a tendência de crescimento do rendimento fermentativo nas participantes, fruto dos esforços na direção de implantar o melhor conhecimento da tecnologia disponível. Nesta direção, destaca-se a caracterização, hoje, de uma melhor qualidade da matéria-prima destinada para fermentação, bem como a intensificação de controles operacionais no processo fermentativo.


Os indicadores do programa de benchmarking do CTC, ao mesmo tempo em que indicam os ganhos obtidos ao longo dos anos, mostram claramente as oportunidades que existem, considerando-se apenas as diferenças existentes entre as unidades mais eficientes, daquelas menos eficientes.

Em muitas situações, apenas a disseminação de tecnologias já comerciais pode reduzir muito esta distância. Em 2000, estudo interno do CTC, para uma amostra de 36 usinas, indicou que a aplicação de tecnologias existentes poderia reduzir os custos de produção do Centro-Sul em 13%.

A geração de tecnologia para o setor no país foi, ao longo dos anos, conduzida por algumas instituições públicas, como Universidades, o IAC e o Planalsucar, hoje extinto e, em grande parte, pelo CTC, que atua há mais de 30 anos no desenvolvimento de tecnologias, para toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, do campo à indústria. Essa ampla atuação permite acumular ganhos de eficiência, nas diversas etapas do processo.

O CTC conta, atualmente, com 163 unidades associadas, responsáveis pela produção de cerca de 60% da produção de cana-de-açúcar do país. São usinas de açúcar e álcool, destilarias, companhias energéticas e associações de fornecedores de cana-de-açúcar de diversas regiões brasileiras, que confiam no trabalho desenvolvido pelo CTC e apóiam o desenvolvimento sustentável do setor.

A manutenção da sustentabilidade econômica do setor sucroalcooleiro no país só será possível com a contínua geração e utilização de tecnologia. Desafios como obtenção de novas variedades e sistemas de produção adaptados às novas fronteiras agrícolas, além de tecnologias com alto valor agregado, como hidrólise de palha e bagaço, biotecnologia e gaseificação de biomassa, deverão ser fundamentais para manutenção da nossa posição de liderança.