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Martinho da Mota Silveira Neto

Diretor de Açúcar e Bioenergia da Bunge

Op-AA-23

As empresas internacionais no setor sucroalcooleiro

A indústria sucroalcooleira foi a primeira a se desenvolver em maior escala no País, ainda nos tempos da colônia, a partir dos estados do Nordeste, onde a cana-de-açúcar, transplantada da Índia, encontrou um habitat favorável. No século passado, o crescimento da produção no Centro-Sul, em áreas planas, com solo mais rico, fez de São Paulo o estado líder no setor, com a cultura presente em quase todos os estados do País.

O Brasil se tornou líder mundial no fornecimento de açúcar, complementando essa produção com álcool destinado à indústria local. Por se tratar de um segmento agroindustrial antigo, a expansão foi ocorrendo por meio da formação de empresas familiares, com a maior parte delas controlando apenas uma usina de beneficiamento e produzindo o açúcar não refinado, ficando o abastecimento do consumo interno do produto final a cargo de poucas marcas.

A necessidade de uma organização mais abrangente para a conquista do mercado mundial levou à formação de entidades coletivas, como a Copersucar, a Cristalserv e outras que assumiram essa tarefa. A expansão do processo de produção de álcool combustível, a partir do Proálcool e, mais recentemente, da preocupação ambiental, vem levando a um grande crescimento do setor, com o início do processo de consolidação e a formação de grupos maiores, reunindo várias usinas. 

O lançamento dos carros flex e o apoio do governo Lula ao uso do combustível renovável, visando tornar o etanol uma commodity internacional, atraíram para o setor o interesse de grandes grupos nacionais e multinacionais. Essa tendência foi reforçada por fatores como as oscilações de mercado, necessidade de dispor de estruturas mais amplas de comercialização, apoio financeiro e tecnológico, o que está levando a uma reestruturação significativa do setor, para aumentar sua competitividade internacional na comercialização de açúcar e álcool e garantir o abastecimento interno.

Com isso, está em curso um processo de consolidação, formando-se alguns grupos de maior peso, alguns constituídos por empresas de capital majoritariamente brasileiro, e outros de capitais externos, particularmente de empresas com larga experiência em commodities agrícolas. A Bunge, que há 105 anos está presente no Brasil e lidera a exportação de produtos agrícolas do País, é uma das organizações que vêm dando passos significativos para se tornar um dos principais players do setor sucroalcooleiro.

A experiência de uma empresa, que nasceu em 1818 comercializando internacionalmente e dispõe de estruturas comerciais e de distribuição nos principais mercados mundiais, é um fator importante na segurança do investimento que vem sendo feito no País, para atender ao mercado interno e também às exportações de açúcar e etanol.

Além das vantagens logísticas e comerciais resultantes de sua experiência mundial e de sua estrutura e solidez financeira, a empresa traz também uma importante contribuição no setor da sustentabilidade, tanto do ponto de vista ambiental como social. A Bunge é mundialmente compromissada com o desenvolvimento sustentável, e, entre seus princípios, estão o de contribuir para o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde atua, buscar alto nível de performance ambiental, adotar as melhores práticas efetivas, baseadas na ciência.

Fazem parte do compromisso promover essas práticas na cadeia de suprimentos, com parcerias para aplicação de práticas sustentáveis e um diálogo construtivo com os públicos de relacionamento. No caso específico do setor sucroalcooleiro no País, que vem se desenvolvendo em áreas onde não era tradicional, esses compromissos são ainda mais amplos e envolvem cuidados especiais, por exemplo, com a posse da terra por meio de escrituras definitivas, sem litígio, influência, presença ou demanda de natureza indígena, verificando as escrituras com georreferenciamento. 

Assim, gera valor, empregos, renda e riquezas para as comunidades e para o País, utilizando as melhores tecnologias operacionais, incluindo uso primordial de colheita mecanizada de cana crua. Outros aspectos fundamentais de atuação da empresa são a valorização da mão de obra local e o repúdio às práticas de trabalho inseguro ou penoso, exploração de mão de obra infantil e situações análogas ao trabalho escravo na cadeia de fornecimento.

Certamente, a presença de uma empresa global, que convive com percepções e demandas peculiares em diversas partes do mundo e com práticas socioambientais como as definidas pela Bunge, ao lado dos processos internos de contratação, treinamento, segurança e gestão profissional, pode contribuir na construção de uma imagem sólida para o setor, representando um ganho para o País, que se soma às perspectivas de crescimento das exportações e da produção interna.