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Miguel Rubens Tranin

Presidente da Alcopar

Op-AA-29

O horizonte é otimista, mas é preciso fazer a lição de casa

Analisando o atual cenário energético mundial, marcado pelos altos preços do petróleo, os conflitos nos países produtores e também a insegurança que passou a ser gerada com as usinas nucleares, notadamente após o terremoto no Japão, ficamos ainda mais otimistas com o futuro do setor sucroalcooleiro do País.

Os especialistas não duvidam de que os preços do petróleo continuarão altos, mesmo que tenhamos a disponibilidade, logo, das reservas do pré-sal brasileiro e da Antártida.

O quadro atual, portanto, é de fortalecimento do etanol, a considerar por todas as suas vantagens e benefícios, assim como do sistema de cogeração de energia a partir da biomassa, lembrando que a matéria-prima – cana-de-açúcar – é produzida abundantemente em diversas regiões brasileiras, propiciando desenvolvimento econômico e social.

Vale citar que tanto um como outro são alavancados, principal e prioritariamente, pelo governo brasileiro (Petrobrás e Bndes). Em relação a isso, cabe acrescentar ainda que a continuidade de “oportunidades e incentivos na formação de grandes grupos” tem permitido a modernização e o fortalecimento financeiro das indústrias. Com esse setor fortalecido, os produtores de cana se sentem mais seguros ao formalizar contratos de arrendamento.

Mesmo com a crescente produção de grãos, temos no território nacional ainda um amplo espaço a ocupar, que são os solos menos nobres e também aqueles hoje utilizados por pastagens de baixa produtividade. É por aí que a atividade vai se expandindo, sem nenhum conflito com a produção de alimentos, servindo-se de melhoramentos genéticos e fitossanitários.

O plano agrícola 2011/2012 anunciou recursos para o setor, sendo necessário apenas adequar essa disponibilidade à real necessidade dos produtores. Por outro lado, a ANP tem demonstrado profissionalismo, buscando conhecer o setor em sua íntegra.

Dessa forma, certamente vai estabelecer políticas de curto e médio prazos ao segmento. Sobre isso, chamamos atenção para o fato de que o processo necessita de um plano em conjunto com o governo para alinhamento das propostas, sendo vital abranger todos os participantes da cadeia, que reúne produtores-indústria-distribuição-varejo, cada qual com direitos e deveres.

Por sua vez, a logística duto-viário se apresenta como um ponto extremamente importante para estabelecer um crescimento e abastecimento seguros, visto que as lavouras cada vez mais se interiorizam. No médio e longo prazos, as pesquisas apontam alternativas químicas para o etanol e o aproveitamento integral da cana-de-açúcar, desde que as tecnologias reduzam os custos de produção e os tornem mais competitivos em relação a produtos concorrentes.

Como se pode ver, o horizonte é muito otimista, mas é preciso, primeiro, fazer a lição de casa, garantindo o alinhamento e o comprometimento das propostas entre governo e setor, base para um crescimento contínuo, estável e seguro.Não podemos perder de vista, por outro lado, o grande diferencial do etanol em relação aos outros combustíveis, sobretudo na questão ambiental.

Muitas vezes, no calor do debate sobre os preços do produto, nos esquecemos das vantagens oferecidas pelo produto derivado da cana-de-açúcar e o tratamos como um combustível comum. Deixadas de lado questões que podem ser consideradas meramente pontuais, como os aumentos das cotações nesses últimos meses, o etanol foi sempre competitivo. A grande prova disso tem sido a sua popularização, principalmente ao longo da última década.

Mais importante do que isso, no entanto, é poder contar com um combustível oriundo de fonte renovável, cujo impacto no meio ambiente é muito menor em comparação aos danos ocasionados pelos derivados de petróleo – situação cada vez mais preocupante, aliás, dado o crescimento da demanda por transportes nas grandes cidades.

Muito embora a imagem dos biocombustíveis tenha sido maculada pela questão do etanol produzido a partir do milho nos Estados Unidos, é preciso levar em conta que os brasileiros estão fazendo a sua parte ao continuar apostando no etanol obtido da cana-de-açúcar e mantendo, no mercado interno, níveis elevados de consumo.

Mais do que consumir etanol, é preciso que o consumidor tenha consciência de que está consumindo o melhor combustível para o meio ambiente. Se, eventualmente, discute-se uma questão referente a preço, isso será uma questão passageira, com toda a certeza, o que não pode sobrepor-se ao objetivo para o qual foi concebido.

Como dissemos anteriormente, o otimismo em relação ao futuro do etanol no País e no mundo nos anima a acreditar que o setor sucroalcooleiro avança para uma nova fase em sua história.

Tomando como exemplo o estado do Paraná, a atividade está presente em mais de 140 dos 399 municípios, onde gera visível desenvolvimento econômico, qualidade de vida para a população envolvida direta e indiretamente e atua de forma contínua e consistente na preservação ambiental.

Com tudo isso, quando um consumidor enche o tanque de etanol, está ajudando a mover uma grande roda do bem, do qual participam, além dos empreendedores, personagens como os trabalhadores nas indústrias e no campo e também inúmeros pequenos agricultores e suas famílias, além de fornecedores de todos os tamanhos, pesquisadores e a sociedade em geral. O etanol tem a cara do Brasil, além de ser um orgulho para os brasileiros.