Me chame no WhatsApp Agora!

Edson Esteves Moraes e Marcelo de Almeida Pierossi

Especialistas em tecnologia agrícola do CTC

Op-AA-05

Transporte de cana-de-açúcar

O transporte de cana é uma das operações mais importantes no ciclo corte-carregamento-transporte e uma opção considerável para a redução dos custos agrícolas, pois representa em torno de 30% do custo total do ciclo. Por esta razão, há vinte anos, o Centro de Tecnologia Canavieira, CTC, tem se dedicado ao desenvolvimento de equipamentos de transporte para esta cultura.

No projeto e planejamento dos sistemas de transporte são empregados métodos e ferramentas tecnológicas, como análise de deformações por extensometria, cálculo estrutural, através do software Ansys® e estudos do ciclo corte-carregamento-transporte, pela simulação computacional com o emprego do software Arena®, objetivando, assim, disponibilizar para o setor, equipamentos de menor tara e maior confiabilidade, visando sempre a minimização sistêmica dos custos.

No setor canavieiro já está amplamente difundido o uso de combinações de veículos longos (CVL), denominados como rodotrem e treminhão. O rodotrem conta com nove eixos e o treminhão sete, sendo que o comprimento máximo de ambas composições é limitado a 30 metros.

Transporte de cana inteira: A tendência para a cana inteira é a modificação da descarga na indústria, que tradicionalmente é efetuada pelo sistema passa-cabo, que depende de maior tempo operacional e mão-de-obra. A mesa precisa ser alta, geralmente em torno de 4 metros, e com isso pode dificultar a descarga de cana picada no mesmo ponto.

A substituição do sistema passa-cabo para cabo fixo tem algumas vantagens. Neste caso, correntes ou cabos-de-aço ficam presos na parte superior dos fueiros, permitindo minimizar os custos, através do menor tempo de descarga e redução da mão-de-obra. Esta opção permite a descarga em mesas de altura menor, o que pode permitir a descarga da cana picada no mesmo ponto.

Outra tendência é a utilização de fueiros mais altos, de 4 a 4,2 metros em relação ao solo, disponibilizando maior volume na carroceria e eliminando as operações de amarração e repicagem da carga, permitindo assim a redução dos tempos operacionais e minimizando os custos. Entretanto, o fueiro mais alto dificulta ainda mais o giro da carga durante o seu descarregamento, sendo que estes maiores esforços são absorvidos por deformação pelos fueiros adjacentes ao hilo, aumentando as avarias e a manutenção do equipamento.

Neste caso, a utilização de fueiros articulados é uma ótima solução, pois estes eliminam a propagação dos esforços para a estrutura, devido ao seu giro para a passagem da matéria-prima, durante a sua descarga. Como a usina pode ser parte de uma corporação, é importante que os equipamentos sejam padronizados e versáteis, podendo ser utilizados tanto no transporte de cana para moagem, como no de mudas destinadas ao plantio, independentemente do lado de descarga na indústria. O CTC está introduzindo para um grupo associado, um sistema de transporte de cana inteira, que reúne estas características.

Transporte de cana picada: No transporte de cana picada a principal tendência é a introdução dos equipamentos de transbordo, eliminando assim o tráfego dos caminhões e reboques na palhada, uma vez que a passagem da colhedora e, conseqüentemente, do veículo de transporte efetua-se a cada linha, aumentando assim os riscos de compactação do solo.

Para que a introdução do equipamento de transbordo seja eficaz, é necessário que este veículo seja dotado de pneus agrícolas de alta flutuação e que possua, no mínimo dois eixos, para reduzir a transferência de carga ao solo. Outro cuidado é a adoção de bitolas adequadas para evitar o pisoteio das linhas de cana. Além da umidade e tipo de solo, dois parâmetros devem ser controlados para minimizar a compactação, a redução da pressão de contato rodado-solo (compactação superficial) e a redução da carga por eixo (compactação profunda).

Transbordos de um eixo dotados de pneu industrial não minimizam a compactação do solo quando comparados a caminhões e reboques. Na definição e introdução do sistema de transporte de cana picada, é importante minimizar os investimentos na área industrial. Portanto, o veículo de transporte deve permitir a descarga tanto por hilo, quanto por ponte rolante e, de preferência, no ponto de descarga da cana picada deve existir a possibilidade da descarga da cana inteira.

O sistema de descarga por báscula superior reúne estes requisitos e pode ser utilizado tanto por rodotrens (semi-reboques de até 11,8 m de comprimento), como por treminhões (carrocerias e reboques ao redor de 7,8 m de comprimento), proporcionando maior volume disponível, estabilidade e possibilidade de transportar cana inteira, quando comparado ao sistema de báscula lateral (pistão ao solo).

Por outro lado, a utilização destes veículos no plantio é mais difícil. O que pode ser feito é a adaptação de carrocerias de 6 a 6,5 m de comprimento, específicas para o cavalo trator, no caso do rodotrem, e a simples troca da carroceria, no caso do treminhão. Entretanto, o futuro aponta para a introdução do plantio mecânico (cana picada), devido à aceleração do processo de implantação da colheita mecanizada (fruto da legislação contrária e da escassez de mão-de-obra), que teria como benefícios o equilíbrio da demanda de mão-de-obra na colheita e plantio, eliminando a sazonalidade e a otimização do uso de parte do sistema motomecanizado também na entressafra. Paralelamente ao transporte de cana, já estão surgindo novos desafios a serem enfrentados, como o desenvolvimento do transporte de palha ou cana integral, a custos operacionais viáveis, onde não se deseja o palhiço no campo, ou sua necessidade para fins de geração de energia.