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Mario Lindenhayn

Presidente da BP Biofuels Brasil

Op-AA-23

A BP e sua visão do etanol brasileiro

O mundo está à procura de soluções eficientes e competitivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Parte desse esforço está na busca de fontes de energia de baixo carbono que sejam seguras, competitivas e apresentem escala elevada. Em combustíveis, há uma opção competitiva disponível: o etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil.

O Brasil é pioneiro na produção de etanol. Nos últimos 40 anos, o País adotou o combustível em sua matriz energética, desenvolveu mercado de veículos adaptados ao combustível e consolidou uma base relevante de produção e exportação. Do ponto de vista da BP, o etanol apresenta consideráveis sinergias com o seu negócio.

A BP acredita que o país é estratégico e planeja investir significativamente nesse mercado até o final da década. Iniciamos nossa atuação no setor em 2008, quando adquirimos 50% de participação na joint venture Tropical Bioenergia, que produzirá 435 milhões de litros de etanol por ano. O objetivo estratégico da BP é ajudar a impulsionar o negócio de biocombustíveis a partir de cana-de-açúcar no Brasil, buscando elevar sua produtividade, oferecer novas tecnologias e converter o produto em uma commodity global.

Acreditamos que é perfeitamente possível conciliar o que existe de melhor em produção de etanol no Brasil com aquilo que a BP tem a contribuir, a partir de sua experiência de cem anos nos mercados de petróleo, gás e combustíveis. No processo de conversão do etanol em commodity global, o Brasil terá que aperfeiçoar suas práticas de saúde, segurança e meio ambiente. A Tropical foi concebida desde o início para operar com padrões elevados a esse respeito.

Por isso a empresa fez investimentos durante seu primeiro ano de atuação e atingiu um índice de mecanização próximo de 100%. Nos padrões de segurança, a usina apresenta um índice RIF (recordable injury frequency) bem abaixo da média do setor. A BP acredita que a indústria de biocombustíveis deverá crescer exponencialmente. Exatamente quanto dependerá de muitas variáveis, incluindo o progresso da tecnologia e o desenvolvimento de políticas específicas.

Muitas estimativas projetam que a participação dos biocumbustives na matriz de combustiveis será próxima a 20% em 2020. Dentro da BP, nós acreditamos que uma penetração de 30% entre 2030 e 2050 é possível, com o nível correto de investimento em tecnologias avançadas e desenvolvimento de infraestrutura. A BP investe no desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração, que poderão ser disponibilizados ao mercado brasileiro, tais como biodiesel, etanol lignocelulósico e biobutanol, uma nova molécula que permitirá abrir os mercados de combustíveis que ainda não consomem etanol.

A conversão do etanol em uma commodity permitirá o desenvolvimento de mecanismos para atuação em mercado futuro, estabelecimento de preços de referência globais e construção de melhores mecanismos de hedge. Isso possibilitará elevar a capacidade de financiamento e assegurar o retorno dos investidores. É dessa forma que operam tanto o mercado de petróleo quanto o de açúcar.

Também nessa área, acreditamos poder contribuir para o desenvolvimento da indústria. Temos atuado em conjunto com a Unica, tanto nos Estados Unidos como na Europa, na construção de uma visão mais alinhada sobre o setor e suas práticas, tanto em relação ao que existe hoje, quanto, e principalmente, em relação ao potencial futuro. Os biocombustíveis da cana atenderão com destaque a vários dos critérios de sustentabilidade em discussão pelos legisladores.

A vitória recente do etanol da cana-de-açúcar nos Estados Unidos, com o reconhecimento do EPA (agência ambiental americana) de 61% de redução na emissão de gases do efeito estufa, foi um primeiro passo, mas muitos outros temas ainda requerem atenção. Considerando esse cenário, vemos que a BP e o setor sucroalcooleiro brasileiro apresentam importantes complementaridades. Essa parceria resulta em algo mais que a soma isolada das partes: a conversão do Brasil em um fornecedor global estratégico de energia limpa e sustentável.