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Joel Soares Alves Silva

Diretor de Operações Agro e Industrial da Jalles Machado

Op-AA-51

Fenômenos climáticos e a infraestrutura para irrigação
Um dos grandes desafios para o aumento da produtividade da cana-de-açúcar, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, diz respeito às restrições climáticas. Altas temperaturas, elevada radiação solar durante grande parte do ano e regime de chuvas bastante irregular e concentrado tornam o ambiente muito restritivo para a produção dessa cultura. Como várias pesquisas agronômicas indicam, essas regiões só poderão alcançar boas produtividades com a prática do manejo indicado para a cultura e, principalmente, com a utilização de sistemas de irrigação. Dados de 2010, mostram que apenas 2% dos 9,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar no Brasil são irrigados. 
 
As mudanças climáticas já estão acontecendo também em outras regiões de produção de cana, como no Sudeste, e, com isso, o assunto irrigação, necessariamente, terá que ser contemplado no planejamento estratégico das empresas para avaliação e prováveis investimentos. Nesse sentido, o setor sucroenergético tem estudado alternativas viáveis para mitigação dos riscos ocasionados pelos já conhecidos fenômenos climáticos. 
 
Em 2012, foi criado o GIFC – Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar, que atua na área e tem como objetivo principal promover, incentivar e fomentar a evolução dos conhecimentos de toda e qualquer forma de irrigação e fertirrigação de cana. Nos estudos já publicados, o GIFC indica a demanda de irrigação em regiões onde, antes, o clima favorável era o principal aliado ao manejo da cana-de-açúcar.
 
A irrigação é o sistema artificial de aplicação de água na agricultura, e seu objetivo é viabilizar cultivo em regiões onde existe escassez de água. A irrigação pode ser feita de várias formas: de salvação, suplementar, total e com déficit hídrico. Para obter melhor resultado e retorno mais rápido do investimento, a empresa deve elaborar estudos de acordo com suas condições edafoclimáticas, que servirão de base para a definição do melhor modelo de irrigação a ser implementado. Localizada no norte de Goiás, a Jalles Machado possui um ambiente de produção bastante restritivo, ou seja, com períodos prolongados de seca e distribuição de chuvas concentradas, com histórico de aproximadamente 800 mm/ano de déficit hídrico, como se pode observar o gráfico. Diante do cenário apresentado, a Jalles Machado tem, ao longo dos anos, investido em irrigação para mitigar os problemas ocasionados pelos fatores climáticos, visando ao estabelecimento do canavial, à longevidade e à produtividade, principalmente no final de safra.
 
Hoje, nosso sistema é composto por duas modalidades de irrigação: irrigação convencional por aspersão (salvação) e irrigação por pivô (suplementação). Nossa estrutura é composta por 43 pivôs e 120 carretéis, que nos possibilitam fertirrigar aproximadamente 23.000 hectares, salvar 22.000 hectares e suplementar cerca de 9.000 hectares.








Para continuar mantendo o canavial estabilizado, a Jalles Machado investe em pesquisa e desenvolvimento, em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa e melhoramento genético, que auxiliam na tomada de decisão sobre qual modalidade de irrigação é mais viável para determinada área e, principalmente, na identificação de variedades de cana mais responsivas à irrigação.
 
A Jalles Machado também contempla, em seu planejamento estratégico para os próximos cinco anos, investimentos na expansão dos projetos de irrigação. Assim, a empresa aumentará significativamente a área irrigada, sobretudo nas modalidades pivô e gotejamento. Como percebemos, mesmo nas regiões em que o clima era bastante estável, hoje, devido às mudanças climáticas, nos deparamos com a necessidade de investimentos em irrigação. A nossa situação no Centro-Oeste do Brasil já é bem definida, ou seja, temos que investir em irrigação para mantermos o nosso canavial estabilizado.
 
Mas, como em toda a atividade há desafios, na irrigação também não é diferente. Além do alto investimento (capex), enfrentamos outros obstáculos, tais como: processo burocrático de licenciamento ambiental para obtenção de outorga de uso de água, represamento (construção de barragens), definição de modalidade do projeto e operação. 
 
Assim, é fundamental que as usinas tenham um planejamento bem definido e uma equipe altamente capacitada para que obtenha os resultados esperados, garantindo a estabilidade do seu canavial e para que a produção não seja afetada significativamente nos momentos de crises hídricas.