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Guido Mantega

Presidente do BNDES

Op-AA-04

Uma parceria cada vez mais sólida

O BNDES sempre atribuiu grande importância ao setor sucroalcooleiro e, em especial, aos negócios ligados à produção e ao uso do álcool combustível. Nos anos 70 e 80, o Banco foi o principal agente financeiro do Proálcool. Participou intensamente da implantação do parque produtor hoje existente, financiando, não só destilarias autônomas e anexas, como também investimentos no plantio da cana. Todos aprendemos muito com o Proálcool.

No início do programa, o bagaço da cana era um resíduo descartável – as caldeiras eram a óleo combustível ou lenha - e durante alguns anos o vinhoto constituiu-se em problema ambiental sério e não se vislumbrava nenhum aproveitamento para ele. A motivação inicial do programa estava na substituição de derivados de petróleo e na superação da crise do balanço de pagamentos. E estávamos, então, longe de ter uma ação exemplar do ponto de vista ambiental.

Com a superação das restrições iniciais e com o desenvolvimento das competências vinculadas ao setor, o apoio do BNDES nos anos subseqüentes passou a ter como indutor o processo de modernização do setor e a busca pela eficiência. Além do equacionamento das questões ligadas ao bagaço e ao vinhoto e do excepcional aumento da eficiência produtiva alcançada, os ganhos ambientais que o uso do álcool apresenta em relação aos combustíveis de origem fóssil são hoje inquestionáveis.

Por sermos os principais responsáveis pela execução da política de crédito a longo prazo do governo federal, assumimos, entre outros compromissos relacionados ao desenvolvimento nacional, o apoio financeiro à proteção do meio ambiente e consideramos de fundamental importância o cumprimento da política ambiental por parte das empresas que contam com nossa parceria.

Desta forma, nossa diretriz é atuar preventivamente a partir da análise preliminar de cada projeto até a sua efetiva implementação. Neste sentido, faz parte da estratégia do Banco, não só a exigência de que os projetos, por nós apoiados, sejam social e ambientalmente responsáveis, mas também o fomento a projetos cujo impacto ambiental seja intrinsecamente positivo.

É o caso dos projetos de saneamento, gestão de resíduos sólidos, reciclagem de materiais, eficiência energética e hídrica, recuperação de áreas degradadas e de produção e uso de energia, a partir de fontes renováveis. Relacionados com as energias renováveis, estão em curso, no BNDES, dois programas que oferecem condições diferenciadas de financiamento: um para apoiar projetos no âmbito do PROINFA, outro para investimentos em Biodiesel.

O BNDES considera como altamente prioritário o apoio a todos os negócios que derivam da produção do álcool no Brasil e, com certeza, poderemos participar, não só no apoio à implantação dos projetos de produção de álcool e de cogeração de energia elétrica, mas também no financiamento a toda a cadeia produtiva envolvida no negócio.

Sabemos da excepcional capacidade de produção e das vantagens comparativas que o Brasil dispõe com relação ao custo dessa produção. Sabemos ainda que, apesar de já ser o maior exportador do mundo, o Brasil tem perspectivas de multiplicar sua participação no mercado exterior, dado o interesse de países desenvolvidos em adicionar álcool à gasolina, para reduzir as emissões de carbono e poderem cumprir suas metas, estabelecidas no protocolo de Kyoto.

Essas oportunidades, que os mecanismos surgidos a partir do Protocolo de Kyoto oferecem a projetos brasileiros de produção de combustíveis renováveis, ganham ainda mais relevância num momento em que os preços do petróleo experimentam significativa alta. É importante observar também que, além da perspectiva de aumento das exportações, o setor tem possibilidades de se beneficiar do Protocolo de Kyoto, por intermédio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), em projetos de cogeração.

O BNDES pode financiar a implantação destes projetos, conferindo maior segurança e credibilidade, essenciais para a atração dos compradores dos créditos de carbono. Além disso, estudamos a possibilidade de financiar também os custos envolvidos no processo de validação e certificação dos projetos junto à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, para assim facilitar o acesso aos recursos da venda das reduções certificadas de emissões.

Nosso principal objetivo é criar condições para incrementar ainda mais o dinamismo do setor, financiando os investimentos necessários para alcançar um novo patamar de produção e para a concretização das metas de exportação, incluindo a infra-estrutura necessária ao escoamento do produto. Para tanto, estamos revendo nosso planejamento para identificar o espaço ideal de atuação do BNDES neste segmento.