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Maria Isabel Caires

Diretora de P&D da Raetch

Op-AA-15

Cogeração: alternativa energética

Cogeração é a geração simultânea de energia térmica e mecânica, a partir de uma mesma fonte primária de energia. A energia mecânica pode ser utilizada na forma de trabalho ou transformada em energia elétrica. O mercado potencial de cogeração é formado pelos segmentos industriais que utilizam grandes quantidades de vapor no processo industrial, ou seja, os seguintes ramos de atividade:
 

  • açúcar e álcool,
  • alimentos e bebidas,
  • papel e celulose,
  • têxtil,
  • químico, e
  • petroquímico.

Os primeiros sistemas de cogeração instalados ao redor do mundo datam da primeira década do século XX. Com o avanço da tecnologia, surgiram novos conceitos de geração e de interligação de sistemas elétricos, otimizados de forma centralizada que, com o apoio das grandes centrais (hidrelétricas e termelétricas – nucleares, carvão, gás natural e óleo combustível), conseguiam fornecer energia abundante e de baixo custo. Os sistemas de cogeração foram, então, gradualmente, perdendo participação no mercado.

As oportunidades criadas nas últimas décadas, com o crescente mercado de equipamentos e de tecnologias, adequadas para a geração distribuída, atraíram muitos investimentos em pesquisa e surgiram muitos fabricantes que, atualmente, oferecem tecnologias competitivas para a implantação dos sistemas de cogeração.

Os principais equipamentos que compõem esses sistemas são aqueles que, utilizando um combustível (biomassa e/ou gás natural), produzem energia mecânica para mover um gerador, que produz eletricidade e, complementarmente, outros equipamentos produzem energia térmica (calor e frio). Os sistemas de cogeração apresentam como principais vantagens a economia de investimentos em transmissão e distribuição de energia e a sua elevada eficiência energética, quando comparada aos sistemas tradicionais de geração de eletricidade, através de termelétricas

No entanto, nas últimas décadas, os setores energéticos passaram a conviver com “crises sistêmicas”, relacionadas com as dificuldades dos governos criarem condições políticas e econômicas para manter a estabilidade regulatória necessária para: atrair fluxos regulares de recursos para investimentos e assegurar mecanismos que facilitem as exigências dos longos processos de licenciamento ambiental dos projetos, que garantam o abastecimento de energia elétrica, em quantidade e qualidade compatíveis com o ritmo de crescimento econômico.

A cogeração como opção de diversificação para o setor sucroalcooleiro: Tornam-se importantes os benefícios estratégicos, para o setor sucroalcooleiro, que podem ser obtidos com a venda de excedentes de eletricidade, gerados a partir dos subprodutos do processo de fabricação de açúcar e álcool. A venda de eletricidade excedente, apesar de representar pequena influência sobre os custos de produção do álcool, nas condições atuais de preço do excedente de eletricidade pago aos produtores, teria a vantagem de permitir a diversificação do setor, pois a comercialização de energia elétrica, embora positiva quanto à redução dos custos de produção do álcool, não é suficiente para torná-lo competitivo com a gasolina.

Desta forma, a cogeração em larga escala diversificaria a produção e daria condições de estabilidade econômica para o setor. Barreiras à introdução de tecnologias de cogeração mais eficientes: Apesar de estarem disponíveis no país as tecnologias convencionais, há ainda uma resistência significativa dentro do setor sucroalcooleiro, com relação à introdução de processos mais eficientes de cogeração.

A introdução de novos projetos, com apoio governamental, pode não apenas colaborar para incentivar os empresários do setor a realizar os investimentos necessários, mas também irá permitir a introdução (em curto prazo) das tecnologias atualmente em desenvolvimento em outros países. No entanto, alguns especialistas, acadêmicos ou do seguimento governamental, insistem que a cogeração não é ainda incentivada efetivamente, devido às barreiras tecnológicas existentes.

Na verdade, não há barreiras tecnológicas a esse processo, uma vez que várias indústrias possuem projetos prontos para atingir sua auto-suficiência de eletricidade. Outras já possuem unidades instaladas, mas que não operam regularmente, pois é mais interessante, do ponto de vista econômico, a compra de eletricidade da concessionária a preços reduzidos, do que a autoprodução.

O segmento de papel e celulose, por exemplo, possui grande disponibilidade de subprodutos de processo e poderia ser auto-suficiente, mas as indústrias preferem gerar apenas parte da eletricidade consumida, pois é mais econômico comprar energia elétrica da concessionária a uma tarifa média, do que efetuar investimentos para aumentar a capacidade de autoprodução.

Outras barreiras à introdução de tecnologias no setor energético: Não somente a geração de energia pela cogeração sofre barreiras, mas toda nova fonte de energia promissora. No Brasil, a cultura de novas tecnologias sofre barreiras de diversos setores. Uma das mais influentes fontes de poluição ambiental está diretamente relacionada às fontes de energia de um país. Neste aspecto, se o Brasil investisse de forma correta em desenvolvimento tecnológico na matriz energética, com as diversas fontes de energia, o país poderia ser um grande contribuidor na redução dos gases de efeito estufa.