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Igor Montenegro Celestino Otto

Diretor Corporativo do Grupo USJ

Op-AA-29

E agora, Brasil, qual é o seu sonho?

Em 2022, o Brasil vai completar duzentos anos da sua independência. Qual é a meta que temos para o setor sucroenergético nesse momento emblemático da nossa história? Uma meta é um sonho que tem data para acontecer. Acredito que, no setor sucroenergético, a nossa meta-sonho é atingir a produção de 1,5 bilhão de toneladas de cana em 2022, com isso criar milhares de empregos para nossa gente, melhorar a nossa economia e preservar o nosso ecossistema. A receita de 10 passos para atingir essa meta-sonho está disponível. Vamos a ela!

O primeiro passo é alcançar os mercados em crescimento. Até 2022, seremos, aproximadamente, 8 bilhões de seres humanos compartilhando o planeta. Portanto, haverá um contínuo crescimento da demanda por energia, combustíveis e alimentos nos próximos anos. Precisamos melhorar nossos sistemas de comercialização e de garantia de suprimento para que o etanol, o açúcar e a bioeletricidade possam ocupar os novos mercados que estão sendo criados em todas as regiões do planeta.

O segundo passo é assegurar sustentabilidade dos negócios. Avançar na melhoria das condições de segurança e saúde do trabalho na agroindústria canavieira. Disseminar as melhores práticas de manejo agrícola e de reúso de resíduos. Investir na manutenção da biodiversidade. Melhorar o relacionamento entre as companhias e as comunidades. Incentivar a integração da cadeia produtiva, aumentando a participação de prestadores de serviço e fornecedores no processo produtivo.

O terceiro passo é alcançar a viabilidade econômico-financeira para os empreendimentos. Reduzir o custo financeiro dos empréstimos. Criar novos mecanismos de incentivo fiscal para a atividade. Reduzir as alíquotas dos impostos. Melhorar a paridade dos preços internos do etanol e flexibilizar o preço da gasolina. Manter sob controle os custos de produção agrícola e industrial.

O quarto passo é capacitar profissionais. Investir na qualificação de pessoas para as atividades da cadeia produtiva da agroindústria canavieira. Incentivar a educação profissional nos centros de formação técnica e tecnológica em nossas universidades. Assegurar boas oportunidades profissionais e boas condições de trabalho dentro das companhias.

O quinto passo é expandir a área agrícola plantada com cana-de-açúcar. Investir na integração da cadeia produtiva produtor rural-indústria, oferecendo condições competitivas de negócio para os fornecedores de cana. Compartilhar ganhos de escala com os parceiros da cadeia produtiva. Recuperar áreas agrícolas degradadas pelas pastagens para o plantio de cana. Investir no melhoramento genético de variedades e no aperfeiçoamento do manejo da agricultura canavieira.

O sexto passo é investir na construção de novas fábricas e no retrofit das já existentes. Construir novas fábricas com grande capacidade de processamento, tecnologia de alta produtividade e mix de produção completo (açúcar, etanol e bioeletricidade). Investir no retrofit das fábricas existentes, aumentando a sua capacidade de processamento, melhorando a sua produtividade e completando o seu mix de produção.

O sétimo passo é melhorar infraestrutura e logística. Construir dutovias para transporte de etanol, ligando as regiões produtoras aos portos. Investir no aperfeiçoamento das hidrovias para transporte de açúcar e etanol. Concluir a execução das obras das ferrovias projetadas. Melhorar as malhas rodoviárias das regiões produtoras. Expandir a infraestrutura dos portos. Investir na expansão da rede de transmissão de energia elétrica.

O oitavo passo é focar em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Investir em biotecnologia visando aumentar a produtividade agrícola (TCH), fazer crescer o teor de açúcar (Pol%), melhorar o teor de fibra, reduzir o custo de produção e diminuir o impacto ambiental da atividade canavieira. Investir em inovação da engenharia agrícola. Investir em pesquisa e desenvolvimento das rotas tecnológicas da hidrólise e da termoconversão da biomassa. Pesquisar novos usos e novos produtos da cana.

O nono passo é melhorar a gestão empresarial. Investir nas melhores práticas de governança corporativa, tanto nas companhias de capital aberto quanto nas de capital fechado. Aplicar conhecimentos avançados de planejamento estratégico nas empresas. Disseminar a cultura de gestão por resultados. Desenvolver as habilidades de liderança. Utilizar avançados sistemas de tecnologia da informação para a gestão dos negócios. Desenvolver as habilidades de comunicação corporativa e de relacionamento institucional.

O décimo passo é melhorar o ambiente institucional. Garantir um marco regulatório claro, estabelecendo responsabilidades claras para a iniciativa privada e para o poder público. Assegurar o funcionamento de um programa de estocagem de etanol, visando manter a oferta de produto ao consumidor. Garantir segurança jurídica dos empreendedores, especialmente quanto à legislação ambiental e tributária.

Em tempos passados, o Brasil sonhou ser o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e conseguiu. Sonhou ser o principal produtor de açúcar do planeta e conseguiu. Sonhou produzir o etanol – um combustível renovável capaz de substituir o petróleo – e conseguiu. Sonhou ser independente em energia e conseguiu.

Sonhou ter a matriz energética mais limpa e conseguiu. Ao longo de sua história, o Brasil tem tido competência para planejar o seu futuro e para transformar os seus planos em realidade. E agora, Brasil, qual é o seu sonho para o seu setor sucroenergético? Bem, a experiência nos ensinou que o nosso resultado-futuro será do mesmo tamanho da nossa meta-sonho, pois, ao final e ao cabo, são “os sonhos que secretam o futuro”.