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Aparecido Luiz

Presidente do CEISE Br - Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis

As-AA-18

O sistema sucroenergético e a sustentabilidade
O tema sustentabilidade está presente em todas as demandas para a existência do homem, que, em busca de conforto e longevidade, precisa estar em harmonia com as leis da natureza. Entre as ações fundamentais para o seu convívio pacífico com o meio ambiente e a sua procura desenfreada por novas possibilidades de viver mais e melhor, o homem passa, necessariamente, pela contínua revolução industrial atrelada a todos os meios de transformação, sendo que, nesse contexto, o quesito agricultura é uma das principais vertentes para a criação de energia limpa e renovável, e é onde se encontra o setor sucroenergético. 
 
No entanto essa produção de energia via agronegócio deve estar alinhada com os anseios da sustentabilidade para uma vida digna em nosso planeta, porque, enquanto nossas máquinas e indústrias estão produzindo energia e riqueza, precisam também evitar poluição e ainda preservar o meio ambiente. 
 
 A sincronia entre produção e sustentabilidade passa por todos os elos da cadeia produtiva do setor sucroenergético, começando pelo cultivo do solo, plantio da matéria-prima – que pode ser cana-de-açúcar, milho ou beterraba –, passando pela adubação, o combate às pragas até sua colheita e transporte. Todo o processo deve estar de acordo com as leis ambientais e, acima de tudo, com a qualidade e a produtividade necessárias para o máximo de aproveitamento desses produtos, cujo custo-benefício é avaliado com grande rigor, porque é do fechamento dessa equação que depende o futuro do negócio.
 
O desafio é ser ecologicamente correto e viável economicamente, e, para a conta fechar no azul, começam a acontecer novas possibilidades, não apenas para etanol, açúcar e energia, mas para todas as áreas correlatas, porque, para continuar sendo um setor lucrativo e que também esteja adequado aos anseios da população, é preciso entrar no caminho da diversificação. A evidência que aponta que o setor sucroenergético está na direção certa está na tecnologia dos processos industriais dessa cadeia produtiva, que permite explorar seu potencial, a exemplo da reutilização da água, da energia excedente, que pode ser tanto consumida pela própria indústria como cogerada e também como fonte alternativa de abastecimento energético do País.
 
Subprodutos, como a vinhaça e a torta de filtro, também têm aplicação em larga escala, bem como outros insumos vêm sendo agregados à fabricação de diferentes produtos, tais como o bioplástico, fertilizantes, ração animal, biogás, entre outros. É uma cadeia de grandes possibilidades, que convergem em um mercado amplo de negócios sustentáveis. A exploração desmedida do meio ambiente é coisa do passado, proibida por lei e, agora, conta com a conscientização das pessoas. Nesse sentido, é indispensável lembrar os avanços que já conquistamos, como a preservação das matas ciliares, a colheita mecanizada e a extinção das queimadas, entre tantas outras iniciativas.
 
As indústrias de transformação da cana ou do milho em açúcar, etanol, energia elétrica e demais subprodutos são, sem dúvida, algo inimaginável para quem não as conhece de perto. Por trás da grande maravilha que é uma indústria de energia limpa e renovável, existe um imenso parque fabril – a indústria de base – produzindo desde pequenas peças até caldeiras, destilarias, redutores, turbinas e meios de transporte para o aumento contínuo da produção, da segurança e da qualidade desses produtos indispensáveis para a vida do homem moderno.
 
Outra relevância da relação sistema sucroenergético e sustentabilidade é o fato de o Brasil ser referência mundial no setor em termos de produção e de tecnologia, a exemplo da cidade de Sertãozinho-SP, um dos mais importantes polos tecnológicos do País, capaz de fabricar, montar e colocar em funcionamento uma usina completa e de alta performance.
 
É imprescindível lembrar, ainda, que esse vínculo acaba de ganhar o reforço do RenovaBio, porque, paralelamente à implantação dessa política de Estado – em fase de regulamentação –, que visa à redução das emissões de gases de efeito estufa, serão necessários renovação e implantação de novos canaviais, investimento em modernização e eficiência dentro das unidades industriais geradoras de energia, inclusive novas plantas, para atender ao consumo adicional de etanol que será demandado pelo mercado consumidor. 
 
Por fim, vale lembrar que, no próximo ano, teremos novos governantes nas esferas estadual e federal e que o futuro promissor do agronegócio passa, necessariamente, pelo estreito laço entre produção, mercado, sustentabilidade e política pública.