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Wagner Gonçalves Rossi

Ministro da Agricultura

Op-AA-26

Somos, de fato, um caso de sucesso

Penso que o setor sucroalcooleiro pode ser visto como exemplo e símbolo do protagonismo brasileiro na economia mundial e um ponto de vanguarda nesta caminhada extraordinária de mudanças significativas no perfil da economia brasileira. Sobretudo porque é uma cadeia produtiva complexa que avança em direção ao futuro, abrindo novas perspectivas e novas formas de atuar. O etanol brasileiro tornou-se referência mundial.

Poucos países no mundo conseguem uma modificação tão significativa na sua matriz energética, incluindo energia limpa, renovável, produzida com recursos essencialmente nacionais. Hoje, o Brasil oferece esse conhecimento a nações menos desenvolvidas na África e no Oriente. O que é importante perceber é que todos os avanços conseguidos pelo setor sucroalcooleiro eram inimagináveis, não há 50 anos, mas 20 ou 10 anos atrás.

Eu estava com o presidente Lula, há poucos dias, falando sobre a nossa vinda aqui. Todos sabemos que, de todos os setores em que o presidente se envolveu, esse foi um pelo qual ele demonstrou mais carinho e ânimo, de uma maneira pessoal, por meio de muitas ações efetivas, como os incentivos criados ao carro flex – programa sem similar no mundo.

No que se refere à  busca da internacionalização,  o presidente tornou-se um homem que tratou de procurar mercados, fazendo, em toda a oportunidade que teve, a difusão do programa do etanol brasileiro e defendendo a sustentabilidade desse programa. Ele determinou que fizéssemos no Ministério da Agricultura o zoneamento agroecológico, firmou protocolo social com as usinas, participou, praticamente, de todos os fóruns internacionais que tiveram significado, como aqui na Fenasucro e Agrocana.

Uma das questões a serem resolvidas ainda é a tributária, mas, com respeito à CIDE, o presidente diferenciou o imposto do álcool em relação ao da gasolina. Também apoiou a utilização do bagaço como gerador de energia elétrica e manteve, durante todo o governo, um apoio intenso, através dos órgãos financeiros do Governo.

O consumo do etanol no Brasil chegou a superar pontualmente da a gasolina. Nós chegamos a uma produção de mais de 660 milhões de toneladas de cana, com um acréscimo de área da ordem de 680 mil hectares. Isso  representa ainda menos de 1% do território nacional ocupado com cana, na verdade, um pouco mais de oito milhões de hectares, o que corresponde a uma fração tão ínfima.

Fico imaginando como é que conseguiram criar aquele mito de que a cana estava invadindo áreas de produção de grãos, se nós, neste ano, tivemos o maior recorde de todos os tempos na produção de grãos no Brasil, com 147 milhões de toneladas. Cresça a cana, cresça o grão, cresça a pecuária, que pode diminuir o gap de desenvolvimento tecnológico entre agricultura e pecuária. Precisamos avançar nessa questão.

Mais do que tudo isso, nós produzimos 28 bilhões e meio de litros de etanol, sendo quase oito e meio de anidro e pouco mais de 20 bilhões de hidratado, e produzimos 38 milhões de toneladas de açúcar, que deram um alento novo ao setor pela sua comercialização adequada no mercado internacional.

Quero salientar, porque este é um Fórum Internacional, que tudo foi conseguido por esse setor por causa do seu  empresariado dinâmico na indústria e na agricultura. Isso foi conquistado num país que tem 55% do seu território com a mesma cobertura vegetal de quando os navegadores aportaram no nosso País. Nenhum país do mundo tem algo semelhante.

Nós somos a maior agricultura, nós temos a maior área sob utilização pelo extrativismo sustentável no mundo. São seis milhões e duzentos mil hectares de florestas usadas com respeito ambiental. Tira-se delas aquilo que elas oferecem, mas sem destruí-las. Nós temos, hoje, programas específicos para proteção ambiental, como o Boi Guardião, em que todos os grandes frigoríficos e agora também os médios e pequenos se recusam a comercializar carne oriunda de regiões recém-desmatadas.

Temos também o acordo feito entre as empresas produtoras esmagadoras de soja para óleo e as autoridades do setor, envolvendo ONGs, para que nenhuma soja saída de áreas de recente desmatamento seja comercializada no Brasil. As pessoas precisam saber que nós temos a agricultura mais produtiva do mundo.

A falta de informação, a ignorância ou a má fé cobram índices de produtividade ao produtor brasileiro, quando é o produtor brasileiro que tem os maiores índices de produtividade. Nós tivemos, nos últimos 20 anos, um acréscimo de apenas 25% de área cultivada no Brasil e 152% de aumento de produção.

Querem nos impor a pecha de destruidores da natureza, quando, na verdade, ninguém é capaz de ajudar tanto a natureza a manter seu equilíbrio, quanto o produtor rural, porque é ele que cuida da sua terra, que evita a erosão, que não permite o assoreamento dos seus leitos d’água,  que protege seus mananciais e que quer tudo funcionando bem na sua terra.

Estamos recebendo neste Fórum representantes de muitos países que se interessam pelo nosso programa de etanol. É bom que eles saibam que estão vindo não só para a agricultura, que hoje tem os maiores índices de crescimento tecnológico, de incorporação de ciência ao processo produtivo mas também que tem os maiores índices de preservação no mundo produtivo.

Nós somos a agricultura que produz, que alimenta o mundo, exportamos alimentos para 215 países, somos supereficientes e autossuficientes em toda a cadeia produtiva – com exceção apenas do trigo do qual produzimos 50% do que consumimos. Somos o primeiro exportador de açúcar, de carne bovina, de carne de aves. Disputamos com os Estados Unidos o primeiro lugar em soja.

Eles têm uma produção maior que a nossa, mas nós temos uma capacidade de exportar maior. Somos importantes players de café, de suco de laranja, milho, carne suína, dentre muitos outros produtos. Além da grande contribuição econômica e social para o país que o setor sucroalcooleiro propiciou e além dessa grande vantagem que ele propicia à população envolvida, todos nos referimos a Sertãozinho como um marco de desenvolvimento.

Aqui estão instaladas as indústrias que geram equipamentos industriais para produção do etanol e para grandes empresas se desenvolverem a partir de uma expertise gerada pelo nosso povo. As pessoas não têm a menor ideia de que somos a terceira agricultura orgânica do mundo. Nós temos um milhão, setecentos e setenta mil hectares em que é feita a produção sem qualquer uso de química nem fertilizantes nem defensivos.

Podemos dizer que somos líderes na agricultura, porque o nosso desenvolvimento tem um vetor extraordinariamente significativo.
Somos um país com forte agricultura – por todas as qualidades que conseguimos desenvolver, como também um que dá lição de como preservar o meio ambiente. Isso é extremamente gratificante. Ainda há muito preconceito. Ainda há muita gente que desconhece a realidade sobre o Brasil e fala de nossa nação com os olhos voltados para seus próprios interesses.

Recentemente, eu voltei da União Europeia, aonde fui para negociar, circunstancialmente, questões relativas ao setor de carnes com as mais altas autoridades da Europa, envolvendo comissários e presidentes de comissão do parlamento, e todos, na intimidade, me diziam: “nós sabemos, mas a campanha que houve contra o Brasil foi tão grande que é preciso que nós eliminemos o que ficou, o que restou no imaginário popular europeu sobre as limitações inventadas contra o Brasil, que nunca existiram, mas que se tornaram realidade ao nível mundial, por falta de informação”. 

Esse continente sempre foi o nosso principal parceiro comercial. Hoje, em alguns setores, nós perdemos essa proeminência, mas o Brasil, pela sua extraordinária competência produtiva, consegue novos parceiros. Como exemplo, hoje, a Rússia e o Irã, nesse setor, substituíram a Europa. Nós não perdemos nada na nossa exportação de carne e assim também temos que trabalhar dando informação. Não somos obrigados a aceitar que o desconhecimento gere um tipo de preconceito contra um país que construiu tudo isto sob uma tão sólida democracia.