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Fábio Bertoldi Carretto

Diretor de Vendas da Embraer para a Aeronave Ipanema

Op-AA-28

Longevidade no campo

Com o processo de modernização do campo iniciado no Brasil na década de 1930, identificou-se a necessidade, cada vez maior, da precisão nos equipamentos e tecnologias utilizados pelos produtores agrícolas. As ações de combate a pragas e doenças que afetavam diretamente o sucesso da produção tiveram atenção redobrada.

A partir de então, intensificaram-se as pesquisas sobre o uso de máquinas e implementos que não só auxiliassem, mas trouxessem um resultado mais assertivo no combate a essas adversidades, gerando ganhos de tempo e economia para o produtor. No ano de 1946, um ataque maciço de gafanhotos no Rio Grande do Sul foi combatido pela primeira vez com a utilização de aeronaves agrícolas. O sucesso dessa primeira operação no estado gaúcho teve repercussão nacional, dando início à prática da aviação agrícola no País.

Em 1969, surge o Ipanema. Um projeto desenvolvido a partir de uma parceria entre o Ministério da Agricultura e o então CTA - Centro Técnico Aeroespacial. Com a criação da Embraer, parte dos projetos do CTA foi transferida para a Empresa, que assumiu o desenvolvimento do Ipanema.

A aeronave foi homologada naquele mesmo ano, e, já em 1972, iniciaram-se as entregas, destinadas tanto ao mercado nacional como ao mercado externo. A primeira exportação foi feita, em 1975, ao Ministério da Agricultura do Uruguai, e, nos anos seguintes, o avião seria também comercializado para Paraguai, Argentina e Senegal.

Com a aquisição da Neiva pela Embraer, na década de 1980, o Ipanema passou a ser produzido em Botucatu, interior de São Paulo. No início de sua produção, a aeronave utilizava como combustível a gasolina de aviação, assim permanecendo por mais de 30 anos, até que, em 2004, a Embraer lançou um modelo da aeronave movida 100% a etanol, fazendo do Ipanema o primeiro avião produzido em série, no mundo, homologado para voar com esse tipo de combustível.

Esse projeto, desenvolvido em parceria entre a Embraer e o CTA, tinha como objetivo dar novo impulso às atividades aeroagrícolas, uma vez que os estudos indicavam que a aeronave, com uso do etanol – o mesmo utilizado em automóveis –, além de apresentar um ganho de potência no motor, apresentaria uma redução considerável no seu custo operacionais.

Além da economia de 65% nos seus custos de operação, o novo Ipanema consolidou expressivas vantagens para o meio ambiente, visto que passou a operar com combustível renovável. Traduzindo em números, considerando-se a combinação de toda a frota de aviões Ipanema a etanol durante o seu período de operação, houve uma economia superior a 15 milhões de Reais em custos diretos, além de evitar que cerca de 8 toneladas de chumbo tetraetila fossem emitidas na atmosfera, afetando diretamente a camada de ozônio.

Desde seu lançamento, foram entregues 125 aeronaves a etanol e 200 kits de conversão, totalizando uma frota de 325 aviões voando no Brasil com esse tipo de combustível. A evolução tecnológica desse produto tem relevância principalmente porque as questões relativas a combustíveis alternativos e biocombustíveis passaram a ser consideradas fundamentais para o futuro próximo da aviação. Essa foi uma das mais importantes inovações implementadas desde o início da produção da aeronave.

As qualidades tecnológicas da aeronave, somadas às vantagens da pulverização aérea, trazem mais precisão e flexibilidade ao produtor, pois possibilitam maior agilidade à operação, permitindo ainda a aplicação de defensivos logo após as chuvas, em áreas alagadas e em terrenos irregulares. Também aumentam a produtividade, pois não há amassamento da lavoura, compactação do solo e disseminação de pragas e doenças, por não haver contato direto com as plantas atingidas.

Atualmente, o Ipanema é comercializado nas versões a gasolina de aviação e a etanol, visando, com essas alternativas, atender às necessidades dos produtores localizados nas diversas regiões do Brasil. Além dos custos de aquisição e de operação competitivos, o Ipanema possui linhas de crédito com taxas bastante atrativas oferecidas pelos principais bancos brasileiros. O Ipanema é um exemplo de longevidade e inovação.

Líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, com cerca de 75% de participação, chegou a 2010 à marca de 1.100 aeronaves entregues. Nesses 41 anos, o Ipanema foi utilizado na aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas, semeadura, repovoamento de rios, no combate a insetos e vetores, no combate primário a incêndios, dentre outras aplicações. Mostra, ao longo dessas quatro décadas, ser uma ferramenta para o desenvolvimento e crescimento do agronegócio brasileiro.