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Felipe Barros Macedo

Engenheiro Agrônomo de Cana e Citrus na Stoller do Brasil

Op-AA-28

Biorreguladores em cana-de-açúcar

No atual quadro da agricultura mundial, a palavra chave é eficiência. Em função disso, há uma busca contínua por aumentos de produtividade e, ao mesmo tempo, redução de custos, para que a atividade tenha rentabilidade. Somado a isso, é crescente a preocupação de reduzir os impactos ao ambiente, para um desenvolvimento mais sustentável. Para isso, torna-se estratégico o emprego de novas tecnologias que proporcionem aumentos em produtividade e que melhorem o aproveitamento dos recursos disponíveis.

Atualmente, com o avanço das técnicas de cultivo agrícola da cana-de-açúcar, aumentos quantitativos e qualitativos na produção podem ser obtidos com o uso de biorreguladores. Esses compostos tornam as plantas mais eficientes, adaptadas a explorar melhor o ambiente e com maior capacidade de expressão do potencial genético.

A produtividade média de cana-de-açúcar no Brasil é de 80 t/ha, está muito abaixo do potencial produtivo biológico de aproximadamente 300 t/ha. Isso ocorre devido às interferências do clima (principalmente temperatura, radiação solar, umidade e precipitação), manejos adotados para cultura, ambiente de produção, pragas, doenças e outros.

Esses fatores promovem estresses nas plantas, que param de se desenvolver em função da maior concentração de hormônios inibidores (Ácido abscísico). A aplicação de biorreguladores, que fornecem hormônios promotores (Citocininas, Giberelinas e Auxinas), minimiza os efeitos dos estresses e promove o equilíbrio hormonal.

Plantas equilibradas conseguem expressar melhor seu potencial e possuem plenas condições de desenvolver sistema radicular e parte aérea, o que as levam a novos patamares de produtividade, condição essencial para a maior rentabilidade do setor canavieiro. Possuem efeitos similares aos hormônios vegetais e podem ser aplicados diretamente nas plantas.  

Uma combinação de “hormônios vegetais” registrada junto ao Ministério da Agricultura para a cultura da cana-de-açúcar, muito estudada nessa cultura, tem demonstrado efetivo aumento de produtividade de colmos e de açúcar, tanto em cana-planta quanto em cana-soca.

O produto é composto por 90 mg/L de cinetina, 50 mg/L de ácido giberélico e 50 mg/L de ácido 4-indol-3-ilbutírico. Importante salientar que o registro do biorregulador garante segurança ao usuário quanto à sua real composição e eficiência, pois, em se tratando de “hormônios vegetais”, é preciso saber quando, como, onde e, principalmente, quanto aplicar.

Em cana-de-açúcar, resultados de pesquisa têm demonstrado que a aplicação desse biorregulador em cana-planta, com jato dirigido nos rebolos no sulco de plantio, tem aumentado a produtividade de 6 a 21%. Em cana-soca, os ganhos em produtividade de colmos com a aplicação foliar, na fase de perfilhamento da soqueira, têm variado de 8 a 25%.

Além disso, como os incrementos de produtividade podem ser obtidos desde os primeiros cortes das soqueiras, o uso dessa tecnologia, ao longo de todo o ciclo, torna-se uma alternativa importante para aumentos das médias de produtividades das unidades produtoras. Tais aumentos devem-se especialmente a:

1. estímulo à brotação de gemas, permitindo redução de falhas e aumento da homogeneidade de brotação, grande preocupação hoje em plantios mecanizados;
2. maior desenvolvimento do sistema radicular, que favorece a maior exploração do ambiente e permite melhor aproveitamento de água (tolerância à seca), nutrientes e maior tolerância ao arranquio;
3. aumento no número de perfilhos e de colmos (onde se encontra armazenado o açúcar);
4. canavial mais homogêneo, com colmos de maior diâmetro e uniformidade em altura, favorecendo a colheita mecanizada e o rendimento das colhedoras.

Alta produtividade é o resultado final de uma equação complexa que se inicia com o potencial genético das variedades, inclui o ambiente favorável para as plantas produzirem e termina na capacidade destas em explorar esse ambiente. O equilíbrio hormonal adequado, gerado pelo uso de biorreguladores, define a eficiência das plantas em aproveitar tais recursos disponíveis.