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Márcio Souza Leão Bastos

Gerente de Vendas Especiais - Cana-de-Açúcar da CNH Latin America

Op-AA-28

Colheita da palha de cana

A parceria entre a New Holland e o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) busca uma nova forma de geração de energia, por meio da biomassa da cana-de-açúcar. A intenção é que, com a experiência e máquinas da marca aliadas ao conhecimento de cana-de-açúcar do CTC, o projeto consiga gerar uma energia limpa e, ainda, diminuir os custos do processo da indústria.

As vantagens da bioeletricidade, como é chamada, são várias. Dentre elas, o fato de ser renovável, ter risco e prazo de execução menores e reduzir as emissões, além da sua geração distribuída – quando se produz energia próximo aos centros consumidores –, evitando, assim, perdas por transmissão.

A biomassa usada nesse processo é a palha seca da cana-de-açúcar (apenas com 10% de umidade), que permanece no canavial após a colheita. Há cerca de 150 quilos de palha seca para cada tonelada colhida, o que totaliza, aproximadamente, 15 toneladas de palha por hectare por ano.

O Brasil está caminhando para um cenário de colheita 100% mecanizada, sem queima, então, é fundamental o aproveitamento da biomassa na geração de energia. Segundo dados da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), a estimativa é que, em aproximadamente dez anos, a bioeletricidade gere o equivalente em energia a três usinas Belo Monte.       

É possível utilizar alguns processos diferentes para recolher a palha no campo e levá-la à usina. No caso da parceria entre a New Holland e o CTC, a fase escolhida para o estudo foi o enfardamento, pela oferta de equipamentos que a marca tem. O modo escolhido também possibilita um custo menor por Megawatt do que outros métodos, trazendo maiores vantagens ao produtor agrícola.

Assim, a colheita da cana é feita normalmente. A palha é deixada no solo do canavial, ainda úmida. É preciso que ela permaneça exposta ao tempo por um período de até dez dias para que seque. Depois do período de secagem da palha, a biomassa é organizada em linhas através do Aleirador.

Logo após, a enfardadora aparece, para formar os fardos propriamente ditos, chamados de “gigantes” – cada um tem cerca de 2,20m de comprimento e 450kg. Por último, a carreta recolhedora de fardos encaminha o material para o ponto de carregamento, de onde seguem para a usina.

A New Holland dispõe ao mercado uma enfardadeira, que se destaca pela facilidade na remoção do material, em função dos dedos recolhedores curvos, com pequeno espaçamento, que, combinados com as rodas limitadoras, ajudam a limpar o campo, mesmo em altas velocidades.

Seu sistema de amarração duplo possibilita uma maior densidade de fardo, menor esforço sobre o sistema de amarração e maior confiabilidade nos nós. Além dos nós duplos, seis fios mantêm a integridade do fardo, mesmo ao se produzirem fardos de alta densidade.

É importante salientar, no entanto, que somente parte da palha é retirada do solo – de 25 a 50% do total. Essa quantidade varia de acordo com condições climáticas e do solo, pois a biomassa da cana é de suma importância para sua cultura. Em locais mais secos, por exemplo, precisam de mais palha no solo, para manter a umidade da terra. Solos com menos matéria orgânica também. Em outros casos, no inverno, palha em excesso pode atrapalhar o crescimento da cana.

Definida a quantidade a ser retirada e enfardada, já na usina, antes da queima da biomassa em caldeira, é feita a trituração da palha. É necessário que seu tamanho se assemelhe ao do bagaço da cana, com o qual será mesclada para a queima. Assim, é gerado vapor que, por meio de um gerador, é transformado em energia. Parte da energia produzida é consumida na própria usina, e o excedente é vendido.

A produção dessa energia acontece durante os períodos mais secos, de safra complementar, quando os níveis das barragens das hidrelétricas estão mais baixos. Dessa forma, é possível economizar a energia produzida por meio do método mais comum da qual o Brasil é o segundo maior produtor do mundo, segundo informações da Unica.

A nossa busca é pelo menor custo possível para produzir um Megawatt/hora.  Assim, além de produzir uma energia limpa e renovável, por meio de um processo pouco complexo e de fácil implantação, é gerada uma receita extra para a indústria, o que barateia os custos de produção do açúcar e do etanol. A parceria da New Holland com o CTC tem dado frutos e despertado a atenção de grupos que se preocupam com esse tipo de projeto de energia renovável, de fontes não frequentemente utilizadas.