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José Carlos Toledo

Presidente da UDOP

Op-AA-16

Ampliando a competitividade com soluções logísticas

Um dos principais desafios do setor sucroalcooleiro, a curto e médio prazos, é aumentar sua competitividade, a fim de se consolidar, efetivamente, como importante alavanca para o desenvolvimento econômico do Brasil, além de manter seu potencial de crescimento, que, devido ao sucesso do etanol no mercado externo, pode atingir cifras cada vez maiores.

Tornar o açúcar e o etanol brasileiros mais competitivos requer investimentos em várias frentes, desde melhorias nas áreas agrícola e industrial, até administrativa. Mas, um fator que hoje impacta muito os preços finais e que deve, desta forma, ser melhor equacionado, é a logística, no sentido amplo da palavra.

Hoje, cerca de 30% do valor de venda de nossos produtos são referentes às questões relacionadas à logística. Desse total, 13% refere-se à logística, que envolve a cana-de-açúcar e seus insumos, e os outros 17% envolvem o produto final, açúcar e etanol. O Brasil pouco privilegia o tema da logística, que a nosso ver tem a mais alta relevância.

Nosso modal principal continua sendo o transporte terrestre, por caminhões, que, em muitos países mais desenvolvidos, é ultrapassado por diversos fatores. No que tange à logística de cana-de-açúcar e seus insumos, as melhorias devem contemplar investimentos nas estradas vicinais, que interligam os canaviais às usinas, e também no equacionamento de problemas referentes ao custo de licenças de tráfego especiais, hoje burocráticos e caros.

As usinas já estão fazendo sua parte neste contexto, com investimentos em parceria com prefeituras de centenas de municípios, a fim de melhorar a infra-estrutura de estradas vicinais, já que os municípios dizem-se incapazes de arcar com estes investimentos. No que se refere às ferrovias, as mesmas estão sucateadas ao extremo e, por isto, representam, por exemplo, em nosso grupo, apenas 2% do volume transportado de açúcar e etanol. Poderíamos, caso houvesse investimentos, nesse setor, aumentar o fluxo de produtos por este modal, multiplicando-o várias vezes.

Mas, o que vemos, é a falta de investimento das empresas que administram a malha, com uma visão apenas de baratear alguns centavos o custo do frete ferroviário, comparado ao rodoviário. Caso oposto às ferrovias são os portos, que tinham condições difíceis há alguns anos e, com investimentos em infra-estrutura, acabaram sendo importante meio para nossos produtos chegarem ao exterior.

É lógico que os portos ainda precisam de mais investimentos, principalmente em infra-estrutura, a fim de diminuir as filas em época de grandes volumes de exportações. Os investimentos nos portos propiciaram uma redução nos custos da elevação que, nos anos 80, chegava a 60 dólares por tonelada de açúcar, e hoje está em 10 dólares.

Outro modal pouco explorado, ou nada explorado, é o hidroviário, que corta as regiões produtoras, como a hidrovia Tietê-Paraná, hoje pouco, ou nada, utilizada, por falta de uma legislação específica e benefícios que estimulem sua utilização. Etanol: Nosso principal desafio, todavia, quando o assunto é logística, é escoar nosso etanol, para atender aos mercados estrangeiros, ávidos por nosso ouro verde.

Neste quesito, vemos iniciativas gloriosas, como a parceria, recém-firmada, pelos grupos Crystalsev, Cosan e Copersucar, que querem construir um alcoolduto, interligando Paulínia ao Porto de Santos e Paulínia à região de Ribeirão Preto. O grupo Brenco, que planeja construir dezenas de usinas nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul também estuda a construção de alcooldutos para escoar sua produção.

O CIBE – Consórcio de Infra-estrutura Bertin-Equipav, por sua vez, possui projeto com o mesmo fim, para escoar o etanol da região Oeste Paulista, que já é uma das principais produtoras do Brasil. Não podemos esquecer que todas estas iniciativas, em algum momento, possuem planos de parceira com a Transpetro, subsidiária da Petrobras, que possui a expertise no escoamento de combustíveis, via dutos.

Enfim, temos ciência de que vamos enfrentar barreiras por este ou aquele motivo, mas se tivermos um preço competitivo, conseguiremos transpor estas barreiras. Nossa obrigação, como brasileiros, é lutar para que nossa indústria de açúcar e álcool seja cada vez mais forte e competitiva, para poder, além de manter os empregos, aumentá-los, e ser a alavanca do desenvolvimento sustentável de nosso país.