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Patricia D. Norman

Conselheira para Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil

Op-AA-11

EUA contam com a ciência para encontrar fontes diversas de energia renovável

O ímpeto existente hoje em Washington para o desenvolvimento de energias renováveis nunca foi tão forte e, em parte, está sendo estimulado pela convergência de ocorrências em três áreas correlatas. Primeiro, o nível da dependência dos EUA de petróleo importado está se tornando um risco à segurança. Atualmente, importamos cerca de 60% das nossas necessidades de petróleo.

Em 1985, esse volume era de 27%. Continuar nessa espiral ascendente é um empreendimento de risco inaceitável. A dependência do petróleo importado é também um risco econômico, tanto para a economia nacional, quanto para os bolsos do cidadão comum. Basta olhar o que aconteceu no ano passado, quando os preços do petróleo estrangeiro subiram vertiginosamente, causando um aumento drástico no custo da gasolina. Por fim, há uma urgência crescente em Washington de buscar o desenvolvimento de tecnologias de energia mais limpa, como um dos instrumentos para se reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos EUA.

Contamos com a comunidade científica, apoiada pelos setores privado e governamental, para desenvolver novas tecnologias para a produção de combustíveis mais limpos e renováveis. Felizmente, o Brasil identificou cedo a cana-de-açúcar, como uma possível fonte de energia renovável e, em décadas de pesquisa científica e investimentos financeiros consideráveis, desenvolveu uma commodity, que é um sucesso absoluto.  

Por outro lado, os EUA estão lançando uma grande rede na sua busca por energia limpa e renovável, investindo em pesquisa e tecnologia, em diversas áreas. Estamos pesquisando fontes de energia existentes, para torná-las mais limpas. Um exemplo é o carvão. Temos muito carvão, mas estamos tentando encontrar uma forma de aquecer as casas, sem prejudicar o meio ambiente.

Chamamos isso de tecnologia de carvão limpo. No ano passado, os EUA concederam quase US$ 1 milhão em créditos fiscais, e neste ano vão conceder mais US$ 650 milhões, para ajudar a compensar o custo de quase US$ 10 bilhões em investimento total, para a construção de mais nove indústrias avançadas de carvão de alta eficiência. Utilizaremos uma tecnologia, que diminui as emissões por meio da eficiência e promete captura e armazenamento de carvão, com excelente custo-benefício.

Também estamos investindo recursos financeiros em energia eólica e solar. A energia nuclear é uma alternativa comprovada aos combustíveis fósseis, e alguns analistas consideram-na a opção menos dispendiosa para ampliar a capacidade de geração de eletricidade americana. Na área de energia renovável para transportes, os Estados Unidos estão buscando novas tecnologias veiculares, assim como novos combustíveis. Por exemplo, há quase uma década, usamos em nossas rodovias, veículos de passageiros tanto híbridos, quanto movidos à célula de combustível, e a cada ano, surgem modelos mais eficientes.

Pesquisamos tecnologias de armazenamento de energia, especialmente baterias, e motores de combustão interna, avançados e mais limpos. Os estudos sobre lubrificantes e combustíveis derivados do petróleo têm por meta propiciar mais economia de combustível, nível mais baixo de emissões e veículos com menos impacto ambiental.

Na área de biocombustíveis, temos recursos de biomassa, que vão do milho à soja, do óleo de canola à gordura animal e até algas. Nossa estratégia de pesquisa baseia-se no pressuposto de que, no longo prazo, precisaremos de diversas tecnologias, para fazer uso dessas diferentes fontes de energia. Em âmbito global, a maior parte do etanol, hoje deriva do amido de milho ou da cana.

Com técnicas de conversão bioquímica, os Estados Unidos também estão testando o possível uso de fontes de biomassa “celulósica” mais abundantes, como gramas, árvores e resíduos agrícolas. Além disso, o presidente Bush solicitou ao Congresso, US$ 179 bilhões para pesquisa da produção de etanol, a partir de aparas de madeira e grama para forragem switchgrass.

Esse montante é quase o dobro do valor solicitado no ano passado. Um dos principais objetivos é tornar o custo do etanol celulósico competitivo com os materiais derivados de milho, até 2012. As pesquisas de energias renováveis, patrocinadas tanto pelo setor privado, quanto pelo governo, foram intensificadas. A Casa Branca está estimulando o desenvolvimento dessas novas tecnologias, oferecendo incentivos, como redução fiscal e aprovação de novas regulamentações rígidas, como normas obrigatórias para os combustíveis.

Em seu recente Discurso da União, o presidente Bush propôs o estabelecimento de padrões mandatórios para combustíveis, que determinam o uso de 35 bilhões de galões de combustíveis renováveis e alternativos até 2017 – quase cinco vezes a meta para 2012, contida na lei atual. O Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de energia renovável.

Trabalhamos juntos nas iniciativas, de: Parceria para a Criação de Mercado de Metano, Parceria Internacional para a Economia do Hidrogênio, Parceria sobre Energia Renovável e Eficiência Energética, Fórum de Liderança em Seqüestro de Carbono, entre outras. Em setembro de 2006, patrocinamos em conjunto um workshop no Rio de Janeiro, para analisar medições e normas de biocombustíveis. Estamos planejando outro. Esperamos identificar novas formas de cooperação bilateral, para compartilhar tecnologia de energia limpa com outros países no mundo todo.