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Eduardo de Figueiredo Caldas

Consultor de Agronegócios da Apex

Op-AA-18

Nossa história é a melhor forma de propaganda

Com foco na ampliação e consolidação da pauta exportadora brasileira, a Apex administra, aproximadamente, 70 projetos com entidades setoriais, representando segmentos diversificados da economia, estruturados em informações avançadas de estudos de mercado, para suprir e dirigir ações efetivas de promoção à exportação.

Com relação ao futuro do setor energético internacional, temos tido grande atenção ao que acontece no Brasil e nos mercados de outros países, para que possamos definir, com maior precisão, nossas ações com foco no crescimento da demanda e nos desafios da oferta na segurança energética, nas restrições ambientais, que são e serão, cada vez mais, fatores cruciais para a venda de nossos produtos e serviços e, no caso, do etanol, da sua cadeia de equipamentos e serviços como um todo.

Esses são nossos grandes drivers para a promoção comercial. A segurança energética será o fator de maior força para atrair os países na adoção de políticas para promoção do etanol e das energias associadas à sua cadeia produtiva. Nesse contexto, a Apex segue três linhas principais, como focos de atuação:

1. Ampliar o conhecimento de mercados consumidores potenciais. Um trabalho que vem sendo feito, juntamente com a Unica, há quase um ano. Nesse projeto, estão sendo investidos R$ 16 milhões - cinqüenta por cento pela Unica e seus associados e cinqüenta por cento pela Apex - e tem por objetivo promover, exclusivamente, a imagem do etanol de cana-de-açúcar. Nossa meta é tornar o etanol uma commodity e fazer com que ele seja produzido em muitos outros países. É fundamental para nossa sobrevivência, como indústria, que o etanol seja fonte central de políticas externas em diversos países tropicais.

2. Apoiar o governo brasileiro no acordo bilateral Brasil-Estados Unidos de biocombustíveis, para a criação de mercado. Um fator extremamente sinérgico com outras ações da Apex. Através de acordos de apoio a países, principalmente da América Central, assimilamos ações que se tornarão fundamentais para a expansão da entrega de serviços pelo mundo.

3. Promover produtos, máquinas, equipamentos e serviços associados à cadeia produtiva. O etanol não é apenas um produto, e sim uma cadeia de muito valor, muito mais extensa que o combustível líquido em si.

Nessa parceria com a Unica, temos ações localizadas, principalmente, nos Estados Unidos e na Europa. Como parte deste acordo, abrimos dois escritórios (um em Bruxelas e outro nos Estados Unidos) e temos planos para instalar um terceiro, talvez na China. Uma atuação, um pouco mais avançada, na Ásia, está sendo estudada, já que a realidade nessa área é muito mais diversa do que as duas outras.

Dentre estas ações, cabe destacar que a Unica está lançando um selo para o etanol, que será a marca deste projeto. Os novos mercados para os biocombustíveis envolverão, certamente, a América do Sul e Central, a Ásia e a África. E ao pensar, não apenas no consumo, mas também na produção localizada, abrimos o mercado para todo o sistema de serviços e equipamentos que compõem o setor sucroalcooleiro.

O mercado-alvo para a promoção de máquinas e serviços do etanol são, notadamente, os países de clima tropical, que têm condições para o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, envolvendo América Latina, África, Ásia e Oceania, com destaque para os dois primeiros em função das grandes extensões de terra disponibilizada.

Temos visto pelo mundo diversos níveis de entendimento sobre a realidade do etanol e a sua cadeia. Isso é um fator de fundamental importância nas questões da aceitabilidade e da segurança para a entrega dos serviços e produtos que desejamos dispor. Há um grande desconhecimento do mundo a respeito do etanol e do que ele pode representar para o sistema energético mundial.

É necessário que os empresários brasileiros façam sua lição de casa para demonstrar a capacidade brasileira de exportar produtos específicos. Precisamos de coragem para internacionalizar e vislumbrar as oportunidades de negócios em diversos países. Para isso, são necessários mais estudos estruturais, não só do ponto de vista agronômico, como também nas áreas de logística e economia específicas dos países.

As melhores oportunidades para o etanol não se limitam ao flex-fuel do automóvel. O sistema etanol é muito mais que isso. Alguns países precisam do etanol como aditivo, outros como combustível carburante, outros ainda da bioeletricidade que o sistema pode gerar. A América Central é um bom exemplo desse cenário. A identificação dessas necessidades específicas será, com certeza, o grande propulsor das políticas e das diretrizes da Apex para ajudar a iniciativa privada a atingir novos países consumidores e produtores.

A Apex apóia, incondicionalmente, a criação de um mercado internacional para o etanol, pois esse é um fator de ampliação no setor. Por isso, estamos sempre dispostos a auxiliar e apoiar negociações com os países interessados em estabelecer bases de produção de etanol de cana-de-açúcar.

Um outro fator a considerar, que a princípio pode parecer sem importância, é a demonstração de que o Brasil já dominou as questões de governança dentro da cadeia. Temos mais de 30 anos de experiência na produção e utilização de biocombustíveis e avançamos muito no conhecimento agrícola, na tecnologia industrial, na logística e nas questões ambientais.

Temos que transmitir, na promoção do etanol, a segurança necessária para conquistar novos parceiros e mercados. Nossa agenda, agora, deve alcançar um patamar mais institucional nas discussões com os países. Temos uma história a contar. Em 1931, fizemos os testes com o primeiro veículo movido a etanol. Em 1975, começamos a utilizar o etanol como aditivo à gasolina.

Em 1979, o etanol foi utilizado, pela primeira vez, como combustível puro e, neste mesmo ano, foi comercializado o primeiro veículo movido, exclusivamente, a etanol. Em 1980, o biodiesel foi patenteado e introduzido no Brasil. Em 2003, foi comercializado o primeiro veículo flexível álcool/gasolina. Já no início de 2007, 77% dos veículos leves vendidos no Brasil já eram com motores flexíveis.

O setor sucroalcooleiro foi o grande protagonista dessa história. Passamos por muitas dificuldades, erramos e acertamos, mas agora estamos em um patamar muito superior a outros países. Essa é nossa melhor forma de propaganda. Realizamos um trabalho com os Estados Unidos para a verificação de solos de maior aptidão na República Dominicana, visando, especificamente, a disposição para a produção de girassol - que faz parte de uma cadeia de opções que tentamos oferecer a esses países.

Evidentemente, falamos muito mais intensamente do etanol de cana-de-açúcar e quase sempre se chega à conclusão de que a cana é mais economicamente viável que todas as outras opções para a matriz energética do país. O Brasil tem, sem dúvida, uma grande oportunidade de se tornar o líder nesse mercado. Estive, recentemente, em um congresso na Índia sobre biocombustíveis e percebi que as discussões pareciam estar tecnologicamente atrasadas em, pelo menos, 5 anos.

Falava-se, dentre outros assuntos, sobre a produção de biomanso e, se havia ou não, problemas nas máquinas. Nesse evento, ocorreu uma grata apresentação de um representante da Tailândia. Lá, a produção de etanol é feita com cana e mandioca e eles têm uma visão muito agressiva do setor. Estão na nona colocação de produção mundial e, talvez, consigam chegar à quinta posição. Eles têm 4 mil postos que distribuem E-10 no país e 200 que distribuem o biodiesel-3, B3.

A meta é de que, em 2012, todos os postos de abastecimento do país tenham distribuição de biocombustíveis. No próximo ano, serão implantadas bombas de E85. Quando questionado sobre o porquê de não colocarem bombas E-100, ele relatou que a Tailândia está importando carros de diversas partes do mundo, como Estados Unidos, Europa e Brasil; e seguindo a lógica de que o carro brasileiro é flex, estão colocando o E-85, com vistas a importar cada vez mais carros do Brasil.

Essa informação é importante porque demonstra que, aos poucos, os países vão se adequando às suas necessidades e aprendendo os benefícios da utilização do flex. O Brasil é um modelo para o mundo. Podemos ampliar ainda mais essa conquista e consolidar nossa condição de exportadores de máquinas, equipamentos, serviços, veículos e tecnologia.