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Dimas Alfredo Barros Cavalcanti

Diretor da Moex

Op-AA-27

Nossas conquistas e os próximos desafios

Nos dias de hoje, temos compromissos cada vez maiores com a busca de resultados que não ficam mais somente na obtenção da excelência na capacidade de moagem e na extração – seja via moenda ou via difusor. Tornou-se imperativo pensar no meio ambiente, e, com isso, sacrifica-se a moagem e a extração. A inconveniência da não queima da cana no campo e de sua não lavagem na indústria fez aumentar os desafios e as dificuldades para se atingirem as metas cada vez mais ambiciosas de moagem e de extração.

Teremos que vencer mais essa fase. Afinal, não foi sem muita dedicação que o Brasil se tornou referência nesse setor de processamento da cana. Até pouco tempo, vínhamos com incumbências de obter moagens cada vez maiores, seja em usinas existentes ou em novas unidades, sem poder baixar os índices de extração. Com isso, os chamados envenenamentos de equipamentos de preparo e moagem “pulularam” nas oficinas.

Nos últimos dez anos, passamos a incrementar desfibradores, aumentando suas velocidades periféricas, suas placas desfibradoras e seus tambores alimentadores em busca de índices de preparo (ou open cells) na casa dos 90% (subiram de 82/85% para 87/90% os de menor consumo de potência).

Isso para ganharmos bastante extração no 1º terno (cerca de 4%) e um pouco na bateria como um todo (de 0,5 a 1,0%) e, ao mesmo tempo, para aumentar a capacidade de moagem da moenda. As moendas existentes sofreram upgrades e passaram a ter capacidade 60 a 70% maior, considerando uma mesma bitola. As instalações de unidades novas já passaram a levar incorporadas as melhorias nos equipamentos novos.

Os equipamentos de preparo e moagem ficaram grandes – as menores bitolas passaram a ser de 78” – na maioria dos novos empreendimentos, pois as usinas começaram a ser projetadas para moagens de 4 a 5 milhões de toneladas de cana por safra. Hoje, projetos com equipamentos de bitola de 90” e de 100” são comuns. Já temos usina moendo 1.100 TCH e muitas preparadas para taxas desse calibre.

A moenda, mecanicamente falando, passou a ter maior confiabilidade como consequência de uma exigência cada vez maior do mercado. A entrada de industriais de outros ramos em nosso setor, como usuários dos equipamentos, ajudou no crescimento dessa exigência, e o desenvolvimento de materiais e sua maior aplicação acabaram reduzindo custos.

O uso dos acionamentos elétricos tornou-se econômica e tecnicamente viável, a eficiência térmica da usina melhorou, o consumo de vapor de processo reduziu e a eficiência das caldeiras e das turbinas de grande porte aumentou. Tudo isso permitiu a introdução de sistemas de acionamentos individuais nos rolos da moenda, que hoje permitem, além de uma versatilidade operacional fantástica e economia na manutenção da moenda, incremento significativo na extração (fala-se até em valores acima de 1%, o que achamos exagerado).

Esse assunto não é aceito por todos, pois, no início, o sistema não trouxe grandes benefícios: havia falhas conceituais nos projetos elétricos de instalação dos inversores de frequência. Outro avanço expressivo, além da eletrificação da moenda (inclua-se aqui o preparo), foi e tem sido a automação. Como as dificuldades operacionais vão ficando cada vez maiores, chegamos a condições em que, se não houver um sistema que auxilie e otimize os pontos e parâmetros importantes de serem mantidos dentro de faixas estreitas, fica impossível a obtenção de bons resultados.

Hoje, temos condição de manter a extração (em termos de volume) calibrada dentro da taxa necessária para se obter a produção de açúcar e de álcool desejada, independente das variações que ocorrem na qualidade da cana que entra na moenda (com mais caldo, menos caldo etc.). Sistemas que controlam as velocidades dos rolos, flutuações dos rolos superiores, vazões das bombas de caldo e de embebição estão disponíveis para afinar a operação de extração e ajudar a mantê-la dentro do melhor valor possível durante toda a safra.

Mas, voltando ao princípio, nos últimos três anos, o crescimento acelerado da moagem de cana com maior volume de palha e terra (por causa do meio ambiente) tem trazido o novo desafio de moer muito, extrair muito, garantir bom resultado a safra inteira e preservar ao máximo os equipamentos.

Isso tem sido um grande desafio, pois a palha é danosa para a extração da moenda (um pouco) e para a extração do difusor (muito). A terra é danosa para a moenda (em termos de desgastes, com consequências na manutenção da boa extração ao longo da safra) e para o difusor (em termos de desgaste e em termos de extração a safra toda). Portanto, o desenvolvimento requerido agora é o da separação ou diminuição da palha e terra da cana, no campo ou na indústria (muito tem sido feito nesse sentido com os sistemas de limpeza a seco), e o desenvolvimento de materiais e revestimentos de grande resistência ao desgaste.