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Auro Pereira Pardinho

Gerente de Marketing da DMB Máquinas

Op-AA-36

Não nos esqueçamos do básico

Plantar cana sempre foi um processo dominado pelos produtores da cultura, e o uso de variedades, insumos e outros componentes voltados ao incremento da produção sempre foram observados e aderidos ao processo produtivo. Como sempre acontece, o que proporciona melhoria de produtividade, ou mais precisamente, melhoria na rentabilidade do negócio logo é incorporado por outros produtores e, em pouco tempo, torna-se prática corriqueira dentro do processo.

Entre as tecnologias aderidas ao cultivo da cana-de-açúcar, o plantio mecanizado ainda é a que mais dúvidas traz a quem precisa incorporá-la à sua rotina de produtor. A principal razão para isso foi o tempo para o aprendizado e para o domínio da técnica, que, devido à falta de mão de obra braçal e às normas regulamentadoras, não permitiram que a tecnologia fosse bem absorvida e dominada pelos usuários. E, como já diziam nossos avós, “a pressa é inimiga da perfeição”, os resultados de muitas áreas plantadas mecanicamente mostram que esse plantio ainda tem muito a melhorar.

As melhorias a serem implementadas no plantio mecanizado da cana não estão restritas apenas às plantadoras que, muitas vezes, é onde os maiores avanços aparecem, mas sim nas práticas envolvidas em todo o processo. Muitas vezes, ficamos ávidos por utilizar uma nova técnica, esperançosos em solucionar nossos problemas e nos esquecemos de realizar o básico, da maneira mais simples, como sempre fizemos e sempre deu certo.

Embora o plantio mecanizado seja uma tecnologia diferente para se plantar a cana, o preparo de solo bem feito e o uso de mudas de boa qualidade são práticas que sempre nortearam um ótimo resultado no estabelecimento da produção e da longevidade do novo canavial. E a atenção a esses conceitos básicos é ainda mais necessário quando se trata do plantio mecanizado da cana-de-açúcar. É preciso que os gestores do negócio estejam focados em conscientizar as pessoas envolvidas no processo para não se esquecer de realizar o simples, para que o processo como um todo tenha o resultado diferenciado.

Das tecnologias em uso atualmente no plantio mecanizado da cana-de-açúcar, a mais recente é a utilização de fungicidas, tecnologia esta que tem contribuído de forma muito positiva para a melhoria na formação do novo canavial. Além de combater uma série de doenças causadoras de podridões dos rebolos, o produto contém estimulantes que proporcionam maior atividade no metabolismo celular, aumentando o enraizamento e o perfilhamento da planta, o que permite que a cultura se desenvolva mais rapidamente desde o início, competindo favoravelmente com as doenças, em condições adversas e diminuindo sensivelmente o índice de falhas no canavial.

Essa tecnologia veio esclarecer muitas dúvidas existentes no início do uso do plantio mecanizado, quando éramos chamados por usuários para explicar o porquê de tantas falhas no canavial. Ao tirarmos a terra da linha de cana onde estavam as falhas, encontrávamos o rebolo, mas as gemas não haviam brotado. O resultado disso era, então, atribuído ao dano mecânico nas gemas, ocasionado pela colhedora de mudas mal preparada, ou mesmo pelas esteiras da plantadora que distribuem os rebolos no sulco de plantio.

Agora, sabemos que se tratava de fungos de solo que atacaram os rebolos, e estes apodreceram antes de as gemas brotarem e darem chance para a planta continuar, por conta própria, fazendo fotossíntese e absorvendo os nutrientes aplicados no solo. Acredito que, com o uso dessa tecnologia da maneira adequada, poderemos até reduzir o consumo da quantidade de mudas (rebolos) por hectare plantado, o que ainda é exagerado pela grande maioria dos usuários do plantio mecanizado da cana-de-açúcar. Porém, como tudo no plantio mecanizado acontece às pressas, muitas vezes, o fungicida tem sido utilizado da maneira menos indicada, ou seja, o produtor simplesmente adiciona o produto no tanque de inseticidas contra as pragas de solo onde normalmente já são misturados vários produtos químicos.

Dessa forma, além de possível incompatibilidade entre produtos, quando o jato da pulverização atinge os rebolos, estes já estão depositados no sulco, recebendo o produto apenas em parte deles. Para o melhor resultado, o rebolo tem que ser totalmente protegido com a calda fungicida, como um banho de imersão, o que não é muito fácil promover na plantadora, além de se tornar uma prática de alto risco de contaminação.

A solução encontrada foi desenvolver um kit para promover um banho nos rebolos no momento em que eles estão descendo pelas bicas da plantadora e antes de caírem no sulco de plantio. O kit desenvolvido especificamente para a plantadora PCP 6000, mas facilmente adaptável a qualquer plantadora de cana do mercado, consiste em um tanque de 600 litros de capacidade, 2 bombas, sendo uma para agitação da calda e outra para a pulverização, e 3 bicos tipo cone cheio acoplados em cada uma das bicas da plantadora, que pulverizam a calda fungicida nos rebolos em três pontos, enquanto descem pela bica da plantadora.

Assim, quando os rebolos caem no sulco de plantio, estão totalmente protegidos pela calda fungicida, e, se todos os demais cuidados foram tomados, certamente o resultado do plantio mecanizado será de alta qualidade. Certamente, outras tecnologias surgirão para contribuir cada vez mais para a melhoria do plantio mecanizado da cana-de-açúcar, porém os princípios básicos envolvidos na composição de todo o processo produtivo precisam ser considerados como prioritários para a rentabilidade, a manutenção e o desenvolvimento do negócio.