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Fernando Antonio Costa Figueiredo Vicente

Diretor Industrial da Usina Alta Mogiana

Op-AA-37

Gestão da segurança

A visão moderna de gestão empresarial tem deixado claro que as melhores empresas possuem crença genuína de que os recursos e talentos humanos são imprescindíveis para o sucesso do negócio. No mercado cada dia mais exigente, a busca pela perpetuação do empreendimento passa, sem dúvida, pela criação de um ambiente organizacional que ofereça as melhores condições de instalação e operação aliadas ao desenvolvimento profissional e pessoal do trabalhador. Assim sendo, a gestão da Segurança passa a ser vista como estratégica, uma vez que influencia no desempenho dos negócios e na vida dos envolvidos no trabalho.

Dado que passamos pelo menos um terço de nosso tempo no ambiente de trabalho, como podemos aceitar condições operacionais inseguras para executá-lo? Ocorreram 711.164 acidentes de trabalho em 2011 no País, segundo o Anuário Estatístico de Acidente de Trabalho da Previdência Social. Em 2012, tivemos 2.884 mortes por acidente, existindo uma estimativa de gasto de R$ 100 bilhões. Nesse gasto, a empresa fica responsável pelo pagamento dos primeiros quinze dias de afastamento do trabalhador por acidente. O período subsequente é pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que inicia nova fase na determinação sobre a responsabilidade da empresa com relação ao acidente ocorrido. Em caso positivo, o INSS entra com uma ação regressiva para cobrar os gastos despendidos com o acidente, bem como as implicações futuras. Por meio de 2.389 ações regressivas acidentárias, ajuizadas até dezembro de 2012, o órgão procura recuperar R$ 414,9 milhões gastos com benefícios a trabalhadores. Cabe também lembrar a possibilidade de o Ministério Público processar criminalmente os responsáveis das empresas pelo ocorrido.

Conseguir lucratividade em uma usina produtora de etanol, açúcar e energia elétrica, sem acidentes do trabalho, passou a ser um grande desafio. Tornou-se clara a importância da alta direção da empresa definir um sistema de gestão que pudesse gerir as ações necessárias na busca do acidente zero. Para isso, foi escolhida a certificação OHSAS 18001 (Occupacional Health and Safety Assessment Series) como o instrumento de administração. Essa ferramenta foi aplicada, pela primeira vez, no setor sucroenergético, na Usina Alta Mogiana, localizada no estado de São Paulo, completando, em 2013, 10 anos de implantação. Ela colaborou para alcançar, agora em 2013, dezoito anos sem perder um único dia de trabalho por acidente nos setores Sistemas Elétricos – que possuem 32 colaboradores – , e Controle de Qualidade –  com 28 colaboradores, ambos na planta industrial.

A OHSAS é uma resposta à permanente demanda por parte dos usuários para avaliação dos resultados do sistema de administração da segurança. Os procedimentos escritos identificam os perigos, avaliam os riscos e determinam os controles necessários na busca do zero acidente, além de ser compatível com as certificações ISO 9001 (Qualidade), 14001 (Meio Ambiente) e 22000 (Segurança do Alimento). Cumprir a legislação, definir objetivos, estruturar responsabilidade, treinamento, comunicação, controle de documentos e respostas emergenciais são os principais itens que integram esse sistema. Desenvolver a cultura de segurança tem sido uma experiência gratificante e desafiadora, pois a não ocorrência do acidente é meta diária a ser atingida.

Para que cada colaborador desenvolva atitudes prevencionistas, a participação da liderança é fundamental; também ressaltamos o apoio técnico realizado pelo SEESMT (Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), responsável pela análise e pelo controle dos riscos. O acidente é a forma mais lastimável de aprendizado que existe, gerando custos financeiros e emocionais, difíceis de serem pagos. Torna-se fundamental que toda a empresa assuma o valor “Segurança” em sua gestão administrativa, buscando resultados sem sacrifícios. Em um universo cada vez mais diversificado, a preocupação com o outro vê aplicado, na prática, o segundo mandamento mais importante da Bíblia Sagrada: “Amar ao próximo como a ti mesmo”.