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Alexandre dos Reis

Diretor para o Brasil e América Latina da SEW Eurodrive Brasil

OpAA77

Cana-de-açúcar e indústria: parceria de alta potência
As inegáveis evoluções recentes do setor sucroenergético brasileiro andam de mãos dadas com uma forte atuação industrial. Esta participação da indústria se revela no fornecimento de máquinas e equipamentos, componentes, insumos agrícolas os mais variados e — talvez principalmente — na visão tipicamente industrial que permite criar e implementar soluções integradas para resolver gargalos específicos de uma determinada atividade.

Tem sido assim com o agronegócio, de forma geral, que tem se beneficiado imensamente de tecnologias industriais para atingir seus atuais níveis de produtividade. É graças à interação campo-indústria que o Brasil vem se destacando no mundo como um país provedor de quantidades cada vez maiores de grãos, carnes, leite e muitos outros produtos derivados da atividade agrícola. 
 
Dentre esses produtos, encontram-se o açúcar e o etanol, que são o coração do setor sucroenergético brasileiro. Um setor que é indispensável para a economia nacional, devido a seu tamanho, seu ritmo de crescimento e suas perspectivas. Também aqui percebemos uma interação muito forte e sadia entre as empresas do setor de cana-de-açúcar e as indústrias. Como diretor-geral da SEW-Eurodrive Brasil, dou o testemunho de que os progressos alcançados pelo setor são alimentados por soluções que a cadeia de fornecimento industrial do sistema, da qual nossa empresa tem orgulho de participar. 

Não faz muito tempo, a moenda de cana-de-açúcar no Brasil utilizava sistemas de acionamento com baixo rendimento. Quando instalamos o primeiro redutor planetário em moenda de cana-de-açúcar, em 2004, introduzimos uma mudança de conceito no setor. Graças a essa tecnologia, as usinas puderam abandonar um sistema de acionamento que gerava muita perda de energia, e assim passaram a ter um rendimento muito maior. Esse sistema provou ser capaz de transmitir o torque necessário para a moagem quase sem perdas. Ou seja, com alta eficiência no uso da energia e alto rendimento na produção. 
 
Isso virou a chave no setor. Tanto é assim que, após a introdução do sistema de redutor planetário para moagem, vimos que uma tendência havia sido iniciada. Hoje, o redutor planetário é uma inovação industrial consolidada e considerada imprescindível para usinas produtivas e de alto rendimento. Quem faz parte da pujante economia sucroenergética brasileira sabe porque pode conferir que os redutores planetários são hoje uma figurinha carimbada em todas as grandes usinas do país. 

Para dar conta do desafio de lançar tendência, acreditamos e investimos no setor. Seguindo nossa intenção de ser um provedor de soluções integrais, levamos adiante a ideia do redutor planetário para diversas configurações, a fim de atender as diferentes necessidades do setor de cana. 

Assim, hoje há usinas com um único grande redutor planetário e há muitas delas que contam com vários redutores de menor porte, dependendo da opção estratégica operacional individual escolhida. A indústria fornecedora tem que adaptar o produto às suas mais específicas necessidades. Esta é a diferença que o setor industrial fornecedor pode apresentar: não se trata apenas de fabricar, mas de pensar junto às melhores soluções, e aplicar a engenharia especializada para implementá-las. 

Sempre há casos que nos puxam para além da zona de conforto. As indústrias fornecedoras do sistema sucroenergético sabem que ser uma indústria-parceira significa aceitar o desafio e levar a solução a novos horizontes. Foi assim que acabamos por projetar e fornecer o maior redutor planetário da América Latina que opera em uma usina de cana-de-açúcar. Ele tem torque de incríveis 9 milhões de Nm. O desafio é que, por termos feito o maior e mais potente redutor planetário do mundo, os fornecedores do setor têm capacidade para resolver outros grandes problemas, no que diz respeito a acionamento de moenda.
 
Não obstante, estamos pesquisando internamente uma nova geração de redutor planetário, com o setor de cana-de-açúcar em mente.  Teremos a capacidade de gerar ainda mais torque do que os atuais 9 milhões de Nm. E o melhor: o futuro maior redutor planetário do mundo ocupará o mesmo espaço físico do instalado atualmente. Disso se fazem os saltos econômicos de um setor.
    
Entretanto, seria injusto omitir que o setor tem muitas outras interações com a indústria. Afinal, a atividade canavieira não se resume apenas à moagem. Para todas as etapas do processo produtivo de uma usina, a indústria fornecedora dedicada ao setor tem uma solução. Desde a recepção e o preparo da cana-de-açúcar até a extração do bagaço e fabricação do etanol e do açúcar. 

Planejamos trabalhar para oferecer motores elétricos de alta potência para alimentar tais redutores planetários. Isto será uma necessidade do setor, pois conforme os redutores planetários cresçam em torque, mais potência será necessária. A indústria fornecedora do setor tem respondido com clara percepção sobre às realizações e às potencialidades econômicas do sistema sucroenergético no Brasil. 

Observando dados da UNICA, vemos que do ano 2000 para cá, a moagem anual saiu da casa das 250 milhões de toneladas/ano para mais de 600 milhões de toneladas/ano. Em todo o país, há 360 unidades de produção vinculadas ao setor. Entre abril de 2022 e março de 2023, as exportações de açúcar e etanol geraram US$ 13,4 bilhões em divisas, ficando atrás apenas do complexo soja, carnes e produtos florestais. O PIB setorial é calculado em torno aos US$ 40 bilhões (representando cerca de 2% do PIB nacional). 

Os números acima se consolidam na posição altamente privilegiada do Brasil na economia sucroenergética mundial. Nosso país é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, o maior produtor e exportador de açúcar do mundo e o segundo maior produtor de etanol do mundo. 

Se somarmos a essas conquistas as fortes tendências por uma economia verde, nos parece claro que o setor de sucroenergia ganhará ainda maior relevância no futuro. O processo produtivo do setor caminha para ser poupador de carbono. Em algum momento, isso será percebido pelas indústrias do mundo. É certo que a indústria fornecedora do setor seguirá, junto do sistema, tornando as parcerias cada vez mais sólidas.

SEW, Indaiatuba-SP