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Manoel Carlos de Azevedo Ortolan

Presidente da Canaoeste - Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de SP

Op-AA-52

Desafios que nos levarão à excelência
O agronegócio brasileiro é pujante. Motivos para isso não faltam. Só para mencionar um deles, o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio cresceu 4,48% em 2016 em relação a 2015, segundo levantamento do Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, em parceria com a CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Esse resultado segurou a economia do País, ao evitar uma queda ainda maior no PIB e ao manter a balança comercial equilibrada. Duas vertentes para esse resultado são a constante evolução e a tecnologia presentes no campo e na indústria. 
 
É inegável que vivemos em um “admirável mundo novo", onde a agilidade e a inovação dos processos são determinantes para a produtividade e a eficiência. Também é certo afirmarmos que a interação humana com dispositivos eletrônicos, como smartphones e tablets, irá aumentar ainda mais, principalmente aqueles que se conectam a acessórios que podem ser utilizados no dia a dia e são imprescindíveis para a rápida tomada de decisão. Estão aí a IoT (Internet das Coisas) e a Indústria 4.0, que não me deixam mentir. 
 
Todo esse aparato tem como foco o aumento da competitividade alinhada à sustentabilidade, sempre. A mecanização, por exemplo, foi e continua sendo um instrumento de transformação do setor sucroenergético devido à sua constante evolução e adaptação tecnológica. A colheita de cana crua, e não mais queimada, alterou o perfil do colaborador e cortador de cana ao criar novas oportunidades e capacitação de mão de obra para vagas de tratoristas, mecânicos, operadores de colhedoras e outros.
 
Essas atividades demandam treinamento e conhecimento, alavancando a qualidade de vida das pessoas antes sujeitas ao baixo nível de escolaridade e em atividades sem plano de carreira. As oportunidades de trabalho existentes no campo agora atraem jovens e estudantes de cursos técnicos e universitários que, até tempos atrás, negavam o setor rural, mas, hoje, se especializam cada vez mais para fazer parte desse setor atraente, próspero e produtivo. 
 
O constante desenvolvimento de novas tecnologias é um dos responsáveis pelo crescimento da produtividade agrícola. Nos campos e lavouras, tratores, implementos e colhedoras trabalham em operações de preparo de solo, plantio, tratos culturais, colheita e transporte. São máquinas com alta tecnologia embarcada que, com a ajuda dos colaboradores, operam dia e noite para manter a competitividade do nosso agro. Vale dizer ainda que, para produzir com sustentabilidade, é preciso vencer desafios. 
 
Não é fácil se manter na atividade, que exige altas escalas ao mesmo tempo em que requer melhoramento genético, uso racional e tecnificado da água, segurança biológica, monitoramento, automação e agricultura de precisão, por exemplo. Entre os desafios, não podemos ser indiferentes também às questões climáticas. As condições do clima durante as etapas da atividade canavieira, principalmente o plantio, estão cada vez mais imprevisíveis, e isso impacta diretamente o desenvolvimento, a qualidade e a produtividade da cana-de-açúcar. 
 
Para evitar danos e prejuízos, é preciso lançar mão de ferramentas e tecnologias que possam reduzir imprecisões e dar mais agilidade, segurança e eficiência para o produtor. Tamanha a complexidade dos problemas que temos à frente, o setor sucroenergético nacional precisa investir em processos de inteligência competitiva, algo necessário em tempos de dificuldades, mudanças e adaptações como as vivenciadas ultimamente. O caminho para isso está sendo trilhado.

Os focos dos produtores e usinas têm se concentrado no teor de sacarose, na qualidade da matéria-prima e na tão almejada e possível cana com produtividade de três dígitos. Muito se discute sobre isso, em como fazer o trivial e o necessário de forma correta e com resultados. Pontos como o bom preparo de solo, tratos culturais e uso de mudas sadias são as bases para o sucesso. O grande empenho do setor está em realizar esse trabalho no campo com redução de custo, o que não implica reduzir a eficiência do serviço que está sendo feito, mas fazer melhor, inclusive com otimização de recursos e equipamentos, ou seja, a redução de custo passa pela gestão.
 
Por falar em gestão, temos que aproveitar o momento e somar forças. Precisamos de preços atrativos para o açúcar e o etanol e produção para atender à demanda. Isso também é possível através da união entre produtores e entidades. Com a falta de políticas públicas e claros direcionamentos para que o setor volte a investir, temos que nos unir para dividir as ações e marcarmos presença em um maior número de fóruns de interesse para a cadeia produtiva canavieira.
 
Uma forma mais participativa de trabalho tem sido perseguida por nossas entidades como a Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil e a Canaoeste – Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, por exemplo, que estão passando por um processo de reestruturação e visam fazer frente a uma nova era do setor. Os produtores devem estar mais bem estruturados e organizados diante do novo ciclo virtuoso que se anuncia. 
 
Somos um grande produtor de açúcar, etanol e bioeletricidade, com inovação e sustentabilidade. Essa é a nossa marca que deve ser mantida. Pesquisa, conhecimento, tecnologia, trabalho e disposição para isso não nos faltam. E o resultado disso aparece no final: incrementos de produtividade, seja no campo ou na indústria, refletidos em milhões de reais em nossa balança comercial. Imagine ainda a quais números poderemos chegar quando tudo estiver alinhado.