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Miguel Rubens Tranin

Presidente da Alcopar

Op-AA-58

Nossos desafios continuam
O Brasil teve um 2018 bastante intenso, sob todos os aspectos, com quebras de paradigmas, que se completou com uma eleição histórica para presidente da República. A população assistiu, estupefata, a uma série de acontecimentos ao longo dos últimos anos, que culminaram com mudanças e, principalmente, levaram a uma grande reflexão. No resultado das urnas, observou-se o quanto a população participou desse processo, exigindo uma nova realidade. Escândalos sem fim, prisões, delações.

Em um país que se acostumou ao descaso e à impunidade, com favorecimentos e benesses aos mais poderosos, praticamente ninguém poderia imaginar que empresários detentores de impérios fortemente ligados ao poder, e até mesmo um ex-presidente da República, pudessem acabar na cadeia. 
 
Reordenar: O esgotamento do modelo político produziu uma previsível substancial renovação na representação parlamentar. Nada menos que 85% do Senado foram substituídos, enquanto, na Câmara, o percentual chegou à metade. Mas, até que isso acontecesse, travou-se uma verdadeira batalha nas ruas e nas redes sociais, marcada por uma enxurrada de falácias e ideologias que, infelizmente, dividiram a sociedade e mostraram quanto trabalho temos pela frente, no sentido de reordenar os caminhos do País e retomar o desenvolvimento, gerando oportunidades para todos que desejam um Brasil progressista, mais justo, em paz, com segurança jurídica, respeito entre os seus cidadãos e com importante espaço a ocupar no cenário global. Que Deus ilumine a todos nós na correção desse processo. 
 
Em paralelo a toda essa situação e graças a alguns setores, entre os quais o agronegócio e a mineração, a economia se manteve em 2018 com pilares mais sólidos, contribuindo de maneira decisiva para um processo de recuperação, que vai exigir ainda muito esforço e determinação dos novos governantes, agora fiscalizados passo a passo por uma população ainda mais informada e interessada em participar, que exige o fim da corrupção e dos descalabros da roubalheira.
 
O agronegócio, embora ainda de certa forma incompreendido por parcela da sociedade, tem cumprido o seu papel com muita desenvoltura, gerando riquezas, investimentos e milhões de postos de trabalho nas regiões produtoras, conquistando novos mercados e acelerando exportações que possibilitam o superávit na balança comercial, enfim. 
 
Difícil pensar como seria o País sem a participação dos empresários rurais, mas vale ressaltar: a energia renovável precisa, ainda, ser alçada entre as prioridades neste novo governo, e tem havido, por parte do setor, uma mobilização incisiva para demonstrar o quanto isso é estratégico. 
 
Demandas: A partir de agora, o nosso objetivo, com todo o empenho e a dedicação possíveis, será na continuidade do RenovaBio, programa único que conseguiu unir todos segmentos relacionados à energia renovável (etanol, biodiesel, biomassa e biogás). Esse deve ser, sem dúvida, o primeiro item em nossa agenda. 
 
Outra demanda que exige urgência é quanto à equalização, via Confaz, das alíquotas de ICMS entre os estados, uma batalha antiga. É necessário haver uma diferenciação tributária entre combustível renovável e combustível de origem fóssil, reconhecendo os benefícios socioeconômicos, ambientais e à saúde. Por suas vantagens e benefícios, é indiscutível que etanol e biodiesel precisam ter prioridade frente à gasolina e ao diesel.
 
Ao mesmo tempo, as sérias dificuldades pelas quais o setor de bioenergia vem passando, em função da adoção, nos últimos anos, de políticas públicas deletérias, também devem merecer a atenção governamental. Via BNDES, se faz indispensável estruturar uma linha de crédito de refinanciamento, a exemplo do PESA (Plano de Estruturação e Saneamento do Agronegócio), repactuando-se o endividamento das companhias, visto que, sabidamente, ele foi ocasionado por políticas públicas equivocadas e seus efeitos nocivos. 
Não podemos prescindir, ainda, de uma linha de crédito a exemplo do Prorrenova, mas que seja permanente e voltada à renovação e à implantação de novas lavouras, para fazer frente à demanda de crescimento por biocombustíveis. 
 
Em relação à indústria automobilística, não menos importante é a continuidade de estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias, a exemplo do Inovarauto, buscando aprimorar o desempenho dos motores flex, bem como dos veículos híbridos flex e a célula de combustível. Por sua vez, que não se coloquem em segundo plano os necessários recursos para adequação industrial, em especial no que diz respeito à maior eficiência no aproveitamento da biomassa, do bagaço e da palha para cogeração de energia elétrica renovável, sem a qual não haverá disponibilidade rápida de energia para o crescimento nacional. 
 
Temos que aproveitar, ainda, uma grande oportunidade que se apresenta por meio do incentivo à produção de etanol de milho, em modelos adequados a cada região do País. No Paraná, por exemplo, isso poderia acontecer em paralelo à produção de etanol de cana-de-açúcar, assegurando-se, dessa forma, maior competitividade de produção e subprodutos de valor agregado, suprindo a demanda proteica nas regiões.   
 
A nova Ministra: Por fim, vale destacar o otimismo que tomou conta do setor com a indicação de personalidades como a deputada Tereza Cristina, para compor o novo governo, na pasta da Agricultura. Com certeza, a parlamentar, por sua sensibilidade e reconhecida competência, saberá atender à expectativa de todos e traduzir a confiança a ela depositada pelos produtores de energia renovável no Brasil, em tempos de muitas realizações.
 
Seu nome, somado aos dos demais ministros já anunciados, fortalece a expectativa dos brasileiros de que as mudanças em curso, e tão necessárias, levarão a um País melhor, em que todos os brasileiros não apenas somem esforços, mas comunguem dos mesmos objetivos.