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Beto Richa

Governador do Estado do Paraná

Op-AA-39

Apesar das dificuldades

A agropecuária representa 8,7% e o agronegócio responde por 32% do Produto Interno Bruto (PIB) total do Paraná. Não podemos, por isso, nos permitir quaisquer descuidos com todos os modais de transporte, com a nossa infraestrutura e logística para a circulação dessa riqueza, que cria empregos e gera renda, possibilitando um desenvolvimento socioeconômico equilibrado. O setor sucroenergético em nosso estado é significativo: o Paraná está entre os principais produtores de cana-de-açúcar, etanol e açúcar do País.

A atividade movimenta R$ 16 bilhões por ano e é um dos pilares do agronegócio paranaense. Há 30 unidades produtoras de etanol, açúcar e energia elétrica. Do total, 18 produzem etanol e açúcar, 6 atuam apenas com etanol, e 6 comercializam energia elétrica. Esse setor gera 65 mil postos de trabalho diretos e cerca de 300 mil indiretos. Não nos permitimos descuidos com o setor agropecuário. Desde o estabelecimento de nossas metas de governo, determinamos como prioritária, por exemplo, a dotação do estado de um sistema de transportes e de logística de alta eficiência. E assim temos trabalhado, desde 2011, apesar de todas as dificuldades impostas pelo Governo Federal aos estados e municípios.

Os exemplos dessas dificuldades são muito claros e prejudicam não só o setor sucroenergético, mas toda a agricultura e a indústria, que, em nosso governo, apesar do desestímulo da política federal, vivem um período virtuoso, estimuladas pelo Programa Paraná Competitivo, com aportes que já beiram os R$ 30 bilhões, investidos por empresas paranaenses ou outras que para cá vieram. Hoje, para se ter ideia desses entraves do Governo Federal, nosso governo está com 17 obras e 15 projetos de infraestrutura bloqueados, aguardando recursos por meio do Proinveste.

O valor total do financiamento é de R$ 430,6 milhões, e o estado já investiu R$ 54 milhões só nessa área. São 907 quilômetros de estradas. Há diversas solicitações do estado à União para investimentos em rodovias federais, mas o Governo Federal não se posiciona desde 2011: são 13 obras rodoviárias - contornos, implantação de rodovia, ampliação de capacidade, adequação/melhorias e duplicações – sugeridas para que a União execute por meio do DNIT. As obras somam 586 quilômetros, e o valor chega a R$ 1,8 bilhão.

No Paraná, como na maioria dos estados, enfrentamos perdas importantes da capacidade de infraestrutura, sem investimentos do Governo Federal, mas buscando, de todas as formas, consolidar essa capacidade com qualidade e eficiência para que não percamos a vitalidade de nossa economia  – em 2013, segundo as últimas estimativas, o PIB paranaense cresceu 4,8% (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto o brasileiro, com otimismo, alcançou 2,3% de crescimento (Banco Central).

Temos insistido com o Governo Federal, apresentando projetos desde o primeiro dia de nossa administração e, pouco, quase nada foi feito no setor de infraestrutura e logística. Há cálculos em que o Governo Federal, mesmo recebendo mais de R$ 2 bilhões em impostos sobre o pedágio, ainda deixou de investir R$ 8 bilhões, desde 1998, nas rodovias concessionadas em nosso estado.

Esses recursos poderiam ter sido aplicados, além de rodovias e ferrovias, na modernização do Porto de Paranaguá, que, pelo terceiro ano consecutivo, bateu recordes de movimentação de cargas, com 41 milhões de toneladas em 2011, 44,6 milhões em 2012 e 46,1 milhões de toneladas em 2013. Paranaguá é fundamental para a economia do País. No ano passado, foram movimentados 31,9 milhões de toneladas de granéis sólidos, o que demonstra a importância desse terminal para o setor de agropecuária.

Não ficamos parados diante da realidade. A modernização de toda a infraestrutura de transporte, para conseguirmos mais eficiência e segurança aos usuários, é uma preocupação diária, e, dentro de nossas possibilidades, temos investido no setor, assim como em todos os outros sob responsabilidade de nossa administração. Sabemos que os investimentos em infraestrutura e logística são essenciais para baixar os custos da produção agrícola, que foram reduzidos nas últimas décadas dentro da propriedade rural, mas continuam muito altos da porteira até o porto.

As parcerias com o setor privado foram um formato encontrado para viabilizar a melhoria de nossa infraestrutura. Em 2013, formalizamos parcerias, entre outros exemplos, com 25 usinas do setor sucroenergético ligadas à Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar). A parceria nos proporcionou um investimento de R$ 50 milhões em 2013 e o equivalente no orçamento atual.

Junto com a Alcopar, estamos implementando o programa “Caminhos para o Desenvolvimento do Agronegócio Paranaense”, com mais de 3 mil quilômetros de estradas rurais, que estão recebendo melhorias, como alargamentos, construção de trincheiras, pontes, etc. Com isso, poderemos reduzir o número de caminhões das rodovias pavimentadas, diminuindo riscos de acidentes e aumentando a segurança dos usuários. Também estudamos o projeto para construir um poliduto ligando Maringá, no noroeste do estado, ao Porto de Paranaguá. Em 2013, foram realizadas audiências públicas nos municípios por onde o canal vai passar, e as áreas ainda dependem, em alguns pontos, de licenciamento ambiental.

A previsão é que a obra tenha início neste ano, demandando R$ 1 bilhão em investimentos, dos quais 10% foram integralizados pelo setor sucroenergético. O poliduto tem mais de 500 quilômetros de extensão e, quando pronto, vai retirar das estradas o equivalente a 16 mil caminhões que hoje fazem o transporte do etanol. Segundo a Alcopar, a medida representará significativa redução de custos. O setor se mantém unido para tornar seus produtos mais competitivos nos mercados nacional e internacional.

Por isso as empresas somaram investimentos e construíram, em Sarandi, município vizinho a Maringá, uma grande estrutura armazenadora de açúcar e etanol, administrada pela empresa CPA Trading, que possui terminais ferroviários e rodoferroviários e que faz a logística, movimentando os produtos com destino aos mercados interno e externo. Em Paranaguá, possui um terminal portuário próprio.

Paralelamente, temos investido em rodovias estaduais com recursos do próprio estado. Cito como exemplos as duplicações da PR-445, no trecho urbano entre Londrina e Cambé, que demanda R$ 93 milhões, e da PR-323, entre Maringá e Paiçandu, onde serão investidos R$ 30 milhões. E há vários outros exemplos. Mas, cientes da importância da agropecuária para o Paraná, além de investir em rodovias estaduais e realizar parcerias público-privadas, priorizamos, entre outras medidas, a melhoria e a adequação das estradas rurais.

Outro de nossos programas, o “Patrulhas do Campo”, já forneceu 30 patrulhas, com um total de 370 máquinas, aos consórcios intermunicipais, abrangendo 202 municípios e recuperando mais de 1,2 mil km de estradas rurais. Outras 30 dessas patrulhas estão previstas. Há outro, “Caminhos das Pedras”, que recuperará, com pedras irregulares, mais de 1,2 mil km de estradas até o final deste ano. Serão investidos mais de R$ 219 milhões, em repasses para 195 municípios.

Temos todo o desvelo para esse setor – a agropecuária e a agroindústria – essencial para a economia e o desenvolvimento social paranaense. É grande o nosso diálogo com o setor sucroenergético e a busca de soluções conjuntas, já que o Paraná possui 723 mil hectares cultivados com canaviais (dos quais 650 mil hectares usados pelas usinas), que representam 3,8% da sua área agricultável. Desses, 583 mil são destinados à moagem. O estado produz em torno de 3,1 milhões de toneladas de açúcar e 1,5 bilhão de litros de etanol, com 154 municípios envolvidos com a atividade canavieira.

Com a moagem de cana-de-açúcar ao redor de 40 milhões de toneladas por ano, somos o segundo maior exportador do produto, com cerca de 10% do total nacional. O setor, por meio da Alcopar e apoio do governo estadual, consegue que seus produtos sejam mais competitivos nos mercados nacional e internacional. Por isso foi construída, em Sarandi, município vizinho a Maringá, no noroeste do estado, uma grande estrutura armazenadora de açúcar e etanol, administrada pela empresa CPA Trading, que possui terminais ferroviários e rodoferroviários. Essa empresa faz a logística, movimentando os produtos com destino aos mercados interno e externo, com terminal portuário próprio em Paranaguá.

Nosso compromisso é promover, efetivamente, o desenvolvimento socioeconômico do PR e, para isso, garantimos todo o apoio aos setores que sustentam e consolidam nossa economia com consistentes níveis de produção e produtividade, tanto no campo como na indústria, que se refletem e se complementam com o comércio e a prestação de serviços.