Me chame no WhatsApp Agora!

Reinhold Stephanes

Ministro da Agricultura

Op-AA-23

Investimentos externos na cana-de-açúcar: parceria nas oportunidades

O setor sucroalcooleiro, já chamado de sucroenergético, constitui-se um enorme manancial de oportunidades. E o sucesso atual da economia brasileira o potencializa. Ter alcançado “grau de investimento”, na avaliação das agências internacionais de risco, colocou o Brasil no foco dos investidores, e o agronegócio tem recebido especial atenção, numa onda de fusões, aquisições e criação de novas empresas que transcende o setor de cana-de-açúcar, embora seja ele um dos principais protagonistas desse movimento.

É muito bom constatar esse interesse internacional por uma atividade que tem merecido significativo apoio do governo brasileiro e que se propõe ser um participante ativo na necessária mudança da matriz energética mundial. A transformação do etanol em uma mercadoria comercializada internacionalmente (commodity) é objetivo do próprio setor, de forma que a ampliação do potencial de investimento deve ser considerada bem-vinda. Os investimentos na produção de cana, açúcar, etanol, energia da biomassa e alcoolquímica nos últimos cinco anos são surpreendentes.

Desde 2005 e até 2011, 115 novas unidades foram (ou estão sendo) instaladas. Fato que exige investimentos de, aproximadamente, US$ 40 bilhões. Tamanho fluxo de recursos somente se viabiliza se for clara a sustentabilidade econômica dos projetos. É isso que permite a busca da sustentabilidade social e ambiental requerida pelo mercado e pelos governos que estão se propondo a tornar mais limpa a matriz energética de seus países.

Ao despertar a atenção de investidores internacionais, o setor comprova o enorme potencial e consegue importantes parceiros, permitindo antecipação de metas e maior segurança no desenvolvimento do Programa Nacional de Agroenergia. Facilita-se a abordagem de mercados externos, pela diversidade da experiência internacional na comercialização de mercadorias por parte dos novos investidores, facilita-se acesso à logística de transporte e a modernos mecanismos de proteção de preços, obtêm-se tecnologias ainda não disponíveis internamente, assim como se viabilizam investimentos em pesquisa de novas tecnologias e produtos.

Agiliza-se o saneamento de empresas importantes que, embora operacionalmente eficientes, foram infelizes em decisões de fontes de financiamento, diante da crise financeira internacional. O fluxo de novos capitais na atividade deve ser visto, também, como um passo subsequente da intensa profissionalização que se constata, há alguns anos, e que permitiu a abertura de capital de grupos nacionais produtores de açúcar e etanol.

O ambiente de negócios se moderniza e se fortalece, deixando um passado típico de empreendimentos familiares que, embora exitosos, têm agora que se adaptar à evolução dos negócios e das próprias famílias. Perde-se um pouco do romantismo de épocas passadas, mas não se deve perder nem negligenciar a memória dos empreendedores que possibilitaram ao nosso País a atual imersão nesse promissor e fantástico mundo da energia renovável e limpa.

Uma fonte que pode garantir a existência humana de forma mais digna, com melhor qualidade de vida. Uma energia que se fundamenta no trabalho e no desenvolvimento econômico e social de regiões promissoras, mas ainda em processo de desenvolvimento. Energia limpa e pacífica, que mais pacífica fica quando incorpora parceiros de todas as partes do mundo.

Conhecedores que são dos objetivos de sustentabilidade do projeto brasileiro de produção de agroenergia, em que as exigências sociais e ambientais estão fortemente amparadas em leis, e sendo esses investidores originários de regiões que ampliam a cada dia as exigências nesse mesmo sentido, é de se supor que seus compromissos com esse requisito de sustentabilidade sejam também bastante grandes.

Assim como seus interesses em terceiros países, eventuais consumidores futuros, certamente, dificultarão que nossos produtos sejam objeto de barreiras comerciais discriminatórias, que impeçam o desenvolvimento desses mercados. Significativos fluxos de investimentos internacionais só acontecem em negócios e momentos especiais. A globalização da economia mundial tem proporcionado ondas temporárias em alguns setores e regiões.

No caso atual, não parece ser isso o que está acontecendo. Trata-se de investimentos que se consolidam já há vários anos, que certificam uma atividade promissora e que, juntamente com o capital nacional, certamente contribuirão para o efetivo aproveitamento das oportunidades que podemos vislumbrar para o setor.