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Adriano Thiele

Diretor Executivo de Operações e Serviços da JSL

Op-AA-48

Das fazendas à esteira das usinas
O cotidiano de uma operação logística de colheita e entrega de cana-de-açúcar nas unidades industriais do setor canavieiro, desde o corte e o transbordo, até o transporte entre os talhões das fazendas e as esteiras de moagem das usinas, pode ser mais simples do que aparenta ser em um primeiro momento, mas exige uma atenção especial em dois aspectos extremamente relevantes ao negócio. 

O avanço da mecanização nas frentes de colheita, somado à rápida evolução tecnológica dos equipamentos utilizados nesse sistema, desde as colhedoras, cada vez mais modernas e com  mais tecnologia, passando pelos tratores, cada vez mais sofisticados, até os caminhões utilizados para o transporte da cana, pode passar a falsa impressão de aumento da complexidade na rotina do dia a dia dessa atividade, mas muito pelo contrário. Essa grande e rápida evolução dos equipamentos, desde que eles tenham uma boa disponibilidade mecânica e que sejam bem operados, com a utilização das melhores técnicas de operação, traz muito mais eficiência à logística, aumentando o desempenho e o rendimento das frentes de colheita no campo e no transporte.

 
Para garantir mais simplicidade e eficiência na gestão da rotina diária de uma operação logística, é necessário focar e direcionar os esforços para aquilo que realmente é importante e que vai fazer toda a diferença no resultado: a disponibilidade mecânica das máquinas e equipamentos, além de, principalmente, uma boa operação dos mesmos, que se resume a uma manutenção preventiva eficaz, mão de obra motivada, preparada e treinada para extrair o máximo do equipamento. Há um ditado popular que diz que é no vestiário que se começa a vencer uma partida de futebol.  

Na logística canavieira, não é diferente. Não é no vestiário, mas grande parte do sucesso de uma safra de cana começa na entressafra. É fundamental preparar bem as máquinas, os equipamentos e os caminhões para iniciar a safra. Uma boa manutenção de entressafra pode gerar, aparentemente, um maior desembolso, mas, ao final, pode aumentar a disponibilidade dos equipamentos em mais de 20% durante a safra. Uma manutenção de entressafra bem-feita, somada a um plano de manutenção preventiva rigorosamente aplicado, garante uma produção contínua, sem interrupção e sem que se gaste energia com soluções alternativas contingenciais, que normalmente são caras e ineficientes.

 
Além da boa manutenção, seja ela de entressafra, corretiva ou preventiva, é extremamente importante manter registro do histórico de falhas, que permitem identificar os componentes mais críticos e, assim, reforçar preventivamente os planos de manutenção e a necessidade de peças em estoque para a reposição desses componentes. É comum percebermos máquinas paradas por vários dias, aguardando peças ou componentes, que, muitas vezes, não estão disponíveis nas concessionárias. O registro de acontecimentos críticos decorrentes e a manutenção preventiva podem evitar dias de espera e máquinas paradas.
 
Pense numa corrida de automóveis. Precisamos estar com o carro muito bem preparado para a largada, mas devemos também estar preparados para um pit stop, no caso de surgir algum problema inesperado. Em momentos difíceis como o que estamos vivendo, é comum muitos economizarem na manutenção e nos estoques de reposição. Essa não é a melhor alternativa. O segundo fator, talvez o mais importante, é a mão de obra.  É um recurso que cria muito valor ao negócio. Nesse caso, a importância sobre a gestão de mão de obra é mais ampla e precisa ser vista sob vários aspectos.
 
Capacitação e qualificação de mão de obra são fatores essenciais para que as máquinas e os caminhões sejam operados de forma contínua, produtiva e eficiente. Mão de obra qualificada e motivada impacta diretamente na produtividade, na segurança e na qualidade da operação. Perdas no campo, contaminação com impurezas minerais e vegetais, e principalmente danos à soqueira (comprometendo o canavial), são impactadas diretamente pela forma de se operarem as máquinas. Não basta produzir, é preciso produzir com qualidade, e isso só é possível com uma boa qualidade de mão de obra.
 
O nível de qualificação da mão de obra disponível no mercado, principalmente em função da rápida evolução tecnológica dos equipamentos, ainda está defasado. Essa realidade exige investimento em treinamento e foco na retenção dessa mão de obra. Índices de turnover altos significam mais custos com recrutamento, treinamento e adaptação à cultura das empresas, custa caro e compromete a produtividade. Precisamos reter gente boa. Precisamos cuidar das máquinas e das pessoas que as operam, o restante é reflexo.