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Guilherme Linares Nolasco

Presidente da União Nacional de Etanol de Milho – Unem

AsAA21

O combustível do futuro, hoje
Os conceitos de vida moderna são quase tão efêmeros quanto a vida propriamente dita. Diferentemente de tempos passados, o comportamento das pessoas e as alterações nas necessidades de consumo acontecem com muita velocidade dentro de uma mesma geração, tamanha a quantidade de informações difundidas em tempo quase real.

Há quase dois anos, o mundo passa por uma reprogramação social, econômica e sanitária. Pessoas se adaptaram ao distanciamento, reinventaram formas de estar perto e repensaram o que querem para o futuro. Nos negócios, encontros intercontinentais sem deslocamento físico e o on-line invadiram o mercado para dar espaço às vivências familiares. 
 
Nesse tempo, enquanto o mundo se reinventava, o setor de biocombustíveis incorporou à sua matriz um novo modelo de produção, atraído pela grande oferta de milho de segunda safra na região Centro-Oeste do País. O etanol de milho se consolidou como uma importante estratégia na verticalização da produção primária, transformando excedentes exportados da produção de milho de segunda safra em empregos, impostos e riquezas, por meio de vultosos investimentos sustentáveis para a produção de biocombustível, alimentos e bioenergia.
 
Com inovação, tecnologia e alta performance, o setor desfruta de sua capacidade máxima instalada ao longo dos últimos anos, com importante contribuição na oferta de etanol hidratado e anidro, sobretudo no período de entressafra da produção de etanol de cana-de-açúcar.

Na safra 2019/2020, que terminou em abril de 2020, logo após o início da pandemia, o Brasil produziu 1,63 bilhão de litros de etanol de milho, volume que já era considerado expressivo em comparação com a safra anterior, que foi de 790 milhões de litros. Nesta safra, que se encerrará em abril de 2022, serão produzidos 3,5 bilhões de litros de etanol de milho. Ou seja, mais que o dobro da safra pré-pandemia. Esse salto decorre no início da operação de usinas instaladas principalmente na região central do Brasil. Além, é claro, da transformação de usinas que, antes, produziam apenas etanol de cana-de-açúcar para produção do biocombustível a partir do milho. As chamadas usinas flex.

A tendência do setor é continuar em expansão, com perspectivas de atingir a produção de 8 bilhões de litros de etanol na safra 2028/2029. Esse volume pode até parecer pequeno quando comparado ao volume de etanol de cana produzido no País, cerca de 30 bilhões de litros, mas já é considerado muito expressivo por alguns aspectos relevantes. 

Primeiramente, podemos citar a perenidade da produção. O etanol de milho é produzido ao longo de todo o ano, isso porque o milho pode ser estocado nas usinas e processado conforme a demanda, garantindo o abastecimento do mercado, independentemente de safra. Segundo estudos, analisando a pegada de carbono do etanol de milho no Brasil em dois cenários distintos, é calculada em 18 e 25,5g CO2-eq/MJ.

Representam uma redução de mais de 70% em comparação à gasolina e são significantemente menores que o etanol de milho norte-americano. As principais razões são o uso de biomassa de eucalipto como fonte de energia e o ciclo de produção do milho de segunda safra, otimizando recursos naturais, insumos e operações agrícolas na rotação da cultura da soja em uma mesma safra. De forma indireta, a expansão da área de eucalipto para geração de energia aumenta os estoques de carbono quando comparado a outras culturas. 

A oferta constante de farelos de milho (grãos de destilarias) para a dieta de suínos, aves e até pets ainda exerce papel fundamental na intensificação da bovinocultura. Em um círculo virtuoso, o insumo atua como indutor da diminuição do ciclo pecuário, aumentando o número de animais por área e possibilitando a liberação de pastagens de baixa produtividade para o cultivo de grãos, evitando, assim, o avanço sobre novas áreas de produção. Por fim, as usinas ainda produzem óleo vegetal e bioenergia, que, além de movimentar a própria indústria, ainda gera excedente que vai para as centrais de distribuição.  

Temos o privilégio de sermos autossuficientes na produção de um biocombustível limpo, com uma rede de abastecimento consolidada, com grande geração de riquezas e contribuições ao meio ambiente e à saúde pública; por meio da mitigação de emissões, melhoramos a qualidade do ar. 

Voltando ao começo do artigo, quando falamos de vida moderna, revisão de conceitos e novos padrões de convivência, as mudanças estão nos fazendo repensar o que queremos e como queremos consumir, e isso está mudando o modo de produzir. A cadeia produtiva do etanol, de milho e de cana-de-açúcar, está cada vez mais moderna, produtiva e sustentável, agregando valor social, ambiental e econômico em todas as etapas produtivas para atender justamente às novas demandas. 

O combustível do futuro já existe, ele é renovável, altamente produtivo, gera renda e ainda contribui para a descarbonização do planeta. E você já conhece.