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Roberto de Rezende Barbosa

Presidente do Conselho do Grupo Nova América

Op-AA-31

A expansão da produção

A consistente demanda do mercado de açúcar e álcool, formada no contexto atual, oferece aos produtores uma oportunidade única para consolidação do setor. Passamos por uma crise profunda de altos e baixos na produtividade, nos preços e na oferta de recursos financeiros para investimento que deixou marcas no setor que estão cicatrizando aos poucos.

Houve um rearranjo ainda incompleto nas empresas, com consolidações em grandes grupos que já detêm uma parcela substancial da produção; mesmo assim, a indústria permanece diluída em pequenas unidades espalhadas pelo Brasil.


Em meados da década passada, sonhávamos com o que hoje é realidade: para a demanda de etanol, parque automobilístico flex e a queda das barreiras americanas na comercialização do etanol; e, para o açúcar, a demanda crescente da África, Oriente Médio e Ásia.

Com esse novo cenário, além da agenda conhecida para o crescimento, surgem novos desafios e metas para um novo ciclo de crescimento vigoroso. A produtividade dos canaviais terá que voltar aos níveis em torno de 90 ton/ha e, com isso, ocupar os 25% de capacidade fabril que hoje está ociosa.

Não podemos menosprezar o constante desafio de melhorar a infraestrutura social, ambiental e logística, capacitando mão de obra apta a operar o novo patamar tecnológico. Sem esquecer que a monocultura da cana em regiões de expansão leva a uma percepção de concentração desconfortável para o público do entorno das unidades industriais, que terão que estar integradas harmonicamente com o espaço que ocupa.

Ainda ficarão expectativas de uma supercana que está em gestação na área de P&D, que poderá produzir 25% a mais de ATR por ha e adaptada a vários climas e tipos de solo, do etanol de biomassa, tanto da palha quanto do bagaço, a gaseificação e a fermentação por leveduras modificadas, tudo isso para um futuro a médio prazo.

Na concorrência, temos que olhar um cenário de produtividade e competitividade do setor com os seus substitutos, como os derivados fósseis na forma de combustível, principalmente com a superoferta no futuro petróleo que surgirá do Pré-sal e não esquecer que os edulcorantes, tanto naturais quanto artificiais, ressurgem constantemente, como um break point competitivo.

A área institucional requer cuidados que estão fora da porteira das fazendas, que necessitam de uma articulação política qualitativa, e é primordial para um longo prazo criar um marco regulatório em lei da matriz energética, bem como a sua abrangência tributária, diminuindo a insegurança competitiva.

Capital barato e de longo prazo com o seu custo semelhante ao mercado internacional, nosso setor necessita de um grande volume de investimentos para continuar contribuindo de forma positiva para o PIB do País. No Brasil, ainda não temos essa oferta constante e permanente, ela sofre com os movimentos e as interpretações dos agentes financeiros e governamentais ao sabor dos ventos das possíveis crises.

Neste momento em que o setor dá um grande passo em direção à consolidação e busca minimizar os custos implementando novas tecnologias e utilizando megamáquinas e ganha escala logística, não podemos nos esquecer da atenção humana necessária ao canavial e ao processo de transformação; o equilíbrio entre ganho de escala e qualidade do serviço será um estado de gestão a conquistar. 

Manter o convencimento das externalidades do etanol na mistura carburante, renovável e limpo, inserindo em marcos regulatórios dos vários países que ainda não os têm, pois devemos olhar para os seus dilemas de insegurança de quantidades de oferta, suficientes para suas necessidades, daí sim, tornando uma grande commodity comercializável mundialmente.

O mundo empresarial já aprendeu como agregar valor fazendo extensão tecnológica em outros países, tirando exemplos do mundo desenvolvido, que fez isso por nós em meados do século XX, ocupando, assim, os espaços agriculturáveis que ainda estão disponíveis; o Brasil deve olhar para essa oportunidade, compartilhando e tropicalizando o nosso conhecimento com os vizinhos da América do Sul e com a África, situação em que ainda estamos muito no início. A sociedade está mudando com uma rapidez assustadora, impondo um pensamento novo para essa evolução que nos propõe o futuro. Vamos caminhar, que o Brasil é grande em oportunidades para empreender, e o setor sucroenergetico, uma grande riqueza de nossa cultura.