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Eduardo Alberto Menezes Munhoz

Diretor de Açúcar e Álcool da Smar

Op-AA-10

Desta vez, a expansão é um empreendimento privado

A segunda expansão industrial do setor sucroalcooleiro já está em plena e vigorosa ação. Finalizada a depressão, que seguiu o fim do Proálcool e que marcou a primeira onda de expansão, encontram-se em operação 343 plantas de açúcar e álcool, 12 das quais estão fazendo a sua primeira safra. Para 2007, prevê-se a partida de mais 36, para 2008, o setor anuncia mais 29 unidades, 9 para 2009, 4 para 2010, uma para 2011 e uma para 2012, fora os 47 projetos anunciados e que estão sem data de implantação, dependendo da aprovação da licença ambiental e do financiamento.

Os meios de comunicação do setor relacionam 141 novos projetos, ansiosamente aguardados pela indústria sucroalcooleira. Em continuação, analiso algumas características desta expansão:

Os estados favorecidos pela expansão são: São Paulo, principalmente o oeste paulista, com 53 projetos. A seguir Goiás, com 33 novas usinas, e Minas, com 25 projetos. Estes três estados concentram 78% dos novos investimentos. Há ainda 8 projetos anunciados para Mato Grosso do Sul, 4 para o Paraná, 3 para Mato Grosso, 3 para Rio de Janeiro, 3 para Tocantins, 2 para o Piauí, um para Rondônia, um para o Sergipe e um para a Bahia.

59% dos investidores são grupos sucroalcooleiros brasileiros tradicionais, 36% de novos grupos nacionais e 5% de investidores estrangeiros.

A disputa entre Difusores e Moendas continua quente, sendo que cada uma destas escolas de extração deverá dividir o mercado com a concorrente, à razão de 50% e 50%.

Definitivamente, a imensa maioria dos novos investimentos prefere a extração eletrificada, incluindo facas, desfibradores e moendas acionadas por motores elétricos, equipados com inversores de freqüência. A nova planta sucroalcooleira terá somente duas turbinas de vapor: uma enorme para o gerador e uma pequena para a turbo-bomba da caldeira.

A tecnologia de automação e controle está consagrando algumas tendências:

 

  • O velho e conhecido 4 a 20mA, com PLC no comando e operação e display, baseados em desk computers, não está morto, como equivocadamente sustentam algumas empresas alheias ao setor sucroalcooleiro. Quase a metade dos novos investimentos vão ser implantados com esta arquitetura.
  • É notório o avanço e a aceitação que começam a ter os buses digitais para o chão de fábrica, com destaque para a tecnologia Profibus, que provê comunicação com a parte elétrica da planta e permite ao operador manejar o acionamento, não só da instrumentação da planta, senão também a parada, partida e regulagem de velocidade dos motores da planta.
  • A entrada dos investidores estrangeiros e de grupos não tradicionalmente açucareiros traz consigo o conceito da tecnologia da informação (TI), que defende a operação das plantas, numa sistematização cada vez mais exigente de informação. Há uma profunda preocupação com a instalação das redes corporativas, conec-tadas à rede de controle da planta, fornecendo informação à ponta da pirâmide. O setor sucroalcooleiro mostra-se disposto a utilizar amplamente ERP’s, MES e PIMS.
  • A introdução das novas tecnologias de controle exige uma nova geração de instrumentos de campo, inteligentes e capazes de se comunicarem em rede, fornecendo informações que vão além do simples valor da variável, que está sendo medida e controlada. Instrumentos inteligentes informam suas falhas, assumem estratégias de posição segura sobre estas, detonam sistemas de parada e partida, contam o número de vezes que um determinado elemento de controle final aciona, e colocam mensagens nas telas das estações de trabalho dos operadores. A comunicação da sala de controle tem agora duas mãos: a do operador para o chão da fábrica, e deste para a sala de controle, na forma de mensagens, que transitam pelos buses de comunicação.
  • Destaque especial, dentre as novas tendências, tem a aceitação que está tendo a utilização do COI, Centro de Operações Integrado. Há um par de anos seria quase impossível convencer os gerentes do processo (e às vezes até os donos) de que a centralização das operações de uma usina ou destilaria poderia ser uma coisa cômoda, prática e, principalmente confiável.

A Usina Santa Elisa e a Smar deram uma corajosa demonstração de eficiência e de domínio da tecnologia, quando centralizaram todas as operações de uma planta que moi 28.000 toneladas de cana por dia, numa única sala de controle (carinhosamente chamada de NASA, pelos 37 operadores que a operam). Os equipamentos da destilaria, por exemplo, encontram-se a 350 metros do COI. A Santa Elisa está finalizando a sua segunda safra com o COI e provou a eficácia e a segurança que proporciona este recurso.

Quase 100% dos equipamentos que estão sendo utilizados nesta segunda onda de expansão da indústria sucroalcooleira provêm de fabricantes brasileiros. O Brasil transforma-se em referência de tecnologia sucroalcooleira de ponta, competitiva e a preços de custo efetivo. Concluo afirmando a minha profunda convicção de que esta segunda onda de expansão não é uma bolha de crescimento.

As 141 plantas vêm para ficar, gerar milhares de empregos e dar fôlego a todas as empresas que produzem equipamentos e serviços para a indústria sucroalcooleira, com duas vantagens enormes sobre a primeira onda de expansão: desta vez o empreendimento é privado, liderado por empresários modernos e competentes, que jogam as leis do mercado, e desta vez existem alternativas tecnológicas brasileiras e de altíssima qualidade para toda e cada uma das partes das novas plantas.