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Marina Stefani Carlini

Gerente de Desenvolvimento Sustentável da Raízen

AsAA20

A sustentabilidade no setor sucroenergético
Palavras da moda vão e vêm. Dependendo dos contextos econômicos e sociais de um determinado período, verbetes que, até então, eram de conhecimento de públicos específicos passam a fazer parte das conversas e do dia a dia de uma audiência gigantesca, que coloca temas antes pouco conhecidos em um plano de destaque e relevância absolutos.

Assim como desperta o olhar de quem faz negócios e enxerga ali a importância de se adaptar para não perder o bonde da história. Um bonde que vem deixando muita gente pelo caminho, pelo menos desde 1983, quando, em resposta a uma decisão da 38ª Assembleia-Geral da ONU, foi estabelecida a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que pretendia estabelecer parâmetros de relacionamento entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Desde então, o termo ”sustentabilidade“ foi entrando de fininho nas nossas vidas para, hoje, ser praticamente impossível ignorar a necessidade de prestar contas para a sociedade e comprovar, na prática, que o seu produto, serviço ou o que quer que seja vá além da aplicação verbal, e superficial, da sustentabilidade como fator definidor da viabilidade de uma operação com fins comerciais por meio de iniciativas sustentáveis. 
 
O setor sucroenergético, que, ainda, de certa forma, enfrenta dedos apontados, por um passado em que os cuidados com o meio ambiente e o respeito às pessoas, muitas vezes, não eram priorizados, aos poucos, vai adotando uma outra palavrinha – no caso, uma sigla, ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, na livre tradução do inglês).

Muito mais do que estar na moda, o ESG chegou para ficar, por apresentar uma abordagem fundamental para fortalecer a resiliência e a continuidade dos negócios, trazendo o desafio de se estabelecerem métricas claras que revelam que não basta ser renovável: é obrigatório ser sustentável para valer.
 
E, para ser sustentável, é preciso mostrar o caminho. Tanto que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou, no fim de setembro, relatório em que, na prática, mostra que os agentes de mercado cobram dados consistentes, métricas e metodologias transparentes antes de se sentirem convencidos a investir nos ativos voltados para as práticas da agenda ESG – e que, segundo estimativas, já passam dos US$ 30 trilhões, ou R$ 170 tri.
 
E se tem um setor que segue mostrando o caminho que faz do renovável algo sustentável a longo prazo é o sucroenergético brasileiro, que, há mais de 40 anos, vem fazendo do etanol uma alternativa limpa e, do País, um protagonista no cenário mundial na oferta de um biocombustível que gera menos impacto ambiental do que os combustíveis fósseis.

Tanto o etanol anidro, incluído na fórmula da gasolina comercial, como o etanol hidratado se apresentam como alternativas competitivas e limpas para bolso e consciência do consumidor. O setor sucroenergético foi também, ao longo dos anos, se posicionando de maneira pioneira na forma de reaproveitar os subprodutos e resíduos de sua operação agroindustrial, seja consolidando a cogeração de energia elétrica através do aproveitamento do bagaço, seja por meio da produção de biogás extraído da vinhaça.

Esses são exemplos que mostram a imensa contribuição que o setor já apresenta para, de forma efetiva, tornar a matriz energética brasileira mais limpa. Em paralelo ao desafio de desenvolver novas tecnologias,  o setor passa a se desafiar em busca do aprimoramento da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e coloca em prática os preceitos da agenda ESG, seja assumindo  compromissos ambientais – como redução na pegada de carbono na produção do etanol, redução na captação de água – e sociais – como a implementação de programas que garantam padrões internacionais, um processo responsável de compras e o respeito às políticas de direitos humanos vigentes.
 
São exemplos que ajudam a dar mais clareza nas intenções de empresas que, genuinamente, estão interessadas no desenvolvimento sustentável como base de seus negócios, gerando valor para toda sua cadeia de valor. Dessa forma, temos, como 
setor, uma oportunidade única de liderar o processo de transição energética, de forma sustentável, através da união de esforços de todos os elos que o compõem.