Me chame no WhatsApp Agora!

Carlos Daniel Berro Filho

Diretor de Desenvolvimento Agronômico da Raízen

OpAA70

Tecnologia e manejo são decisivos para o setor

O setor sucroenergético tem sido marcado por um cenário de crescimento e transformação. Uma das principais mudanças ocorridas é o aprimoramento do manejo da cultura, que vem desenvolvendo, com o aumento da mecanização nas operações e o controle de pragas, soluções para o uso racional do solo e, ao mesmo tempo, buscando garantir uma produção mais sustentável. Nesse aspecto, a aplicação de tecnologia no campo está se mostrando fundamental para favorecer o desempenho produtivo da cana-de-açúcar, reduzir custos e minimizar o impacto ambiental das operações.


Não é possível falar em manejo sem abordar o potencial tecnológico e as técnicas adotadas na prática. Para um manejo correto, é preciso respeitar as características do solo e implantar o método mais eficiente de conservação, observando cada realidade produtiva. O importante, sobretudo, é realizar as operações com o foco na produção, sem esquecer a importância da manutenção dos recursos produtivos.


Na procura por métodos de produção sustentáveis, novas práticas agrícolas surgiram. Uma das principais ferramentas é a agricultura de precisão, que pode agregar muitos benefícios ao plantio e à colheita da cana-de-açúcar. A partir da implementação da automação agrícola e do georreferenciamento, atividades realizadas no contexto da tecnologia de precisão, como aplicação de fertilizantes, irrigação e monitoramento de falhas no plantio, se tornaram mais eficientes.


Adicional a isso, as diversas tecnologias empregadas nos maquinários agrícolas, como os computadores de bordo para monitorar e automatizar operações agrícolas e o piloto automático, ferramenta que controla a máquina e gera arquivos georreferenciados dos percursos que, posteriormente, são utilizados para aprimorar os processos de plantio e colheita, se consolidaram no setor ao apresentarem ganhos relacionados à melhoria de desempenho e de disponibilidade, assim como a redução de custos de manutenção, combustível e operação.


Como resultado, a agricultura de precisão abriu caminho para a agricultura digital, que se mostra mais assertiva devido às análises de dados, ajudando, assim, na decisão e na economia do sistema produtivo.


A busca por eficiência agroindustrial, bem como tecnologia, é a solução para uma matriz de processos efetiva. Nesse ponto, destaca-se também o uso da vinhaça, visto que otimiza o uso dos recursos hídricos e insumos agrícolas, e a rotação de culturas, com a alternância planejada de culturas diferentes em uma mesma área. A técnica reduz, de forma considerável, os impactos ambientais causados pela monocultura, como a degradação física, química e biológica do solo e o desenvolvimento de pragas, mitigando, por consequência, os efeitos de compactação e favorecendo a conservação.


Outra solução que se destaca é o controle biológico para a regulação populacional de organismos vivos que causam danos à cultura. A solução é uma estratégia viável, eficiente, de baixo custo, especialmente para os dois tipos de pragas que mais atacam a cana-de-açúcar: a broca e a cigarrinha-das-raízes. A broca é uma das principais pragas, que, por vezes, acabam devastando canaviais inteiros. Trata-se da larva de uma mariposa que consome a parte interna da cana, formando verdadeiros túneis ao longo de toda a estrutura da planta.


As formas para eliminar esse tipo de praga dos canaviais são por meio do controle químico e biológico. Hoje, já existem tecnologias que fazem a distribuição de vespas predadoras nos canaviais dentro de cápsulas biodegradáveis lançadas por drones; com isso, é possível minimizar o impacto causado ao solo, ao meio ambiente e à plantação em sua totalidade. É imprescindível, porém, avaliar se o manejo da cana está qualificado para executar um bom controle biológico, fazendo, por exemplo, o correto manejo integrado de pragas. Além disso, é preciso certificar-se de que a fertilidade e a microbiologia do solo estão adequadas.


Complementar a isso, a utilização de bioestimulantes na cultura da cana-de-açúcar é uma prática de manejo que pode incentivar a produtividade dos canaviais, aprimorando o desempenho da planta e permitindo obter colheitas melhores, maiores e mais rentáveis. Para isso, devem ser um complemento da manutenção fisiológica da cana, o que pode ser fundamental em condições ambientais adversas ou limitantes.

Paralelamente, a adoção da mecanização, que também permitiu o aproveitamento de subprodutos da cana, indica uma modificação no manejo da cultura e adoção de práticas mais sustentáveis.


Com o advento do Protocolo Etanol Mais Verde, firmado em junho de 2017 pelo governo do estado de São Paulo, Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Única –União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo e Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil, as vantagens associadas à mecanização ficaram ainda mais evidentes e foram ampliadas em todo o setor sucroenergético.


A inovação mecânica trouxe, como resultado, a redução do tempo de execução das tarefas, diminuição e otimização da mão de obra empregada e automação dos processos. Se, na safra 2008/2009, 37,1% da colheita era mecanização, no ciclo 2020/2021, esse índice atingiu 91,6% do total de área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil. Na região Centro-Sul, esse percentual chega a 97,8%.


No contexto geral, a inserção de práticas de manejo sustentáveis tem um papel importante em todos os setores. A partir de uma atuação integrada e a utilização em agricultura de precisão, é possível identificar que os benefícios tecnológicos em campo são muitos. Acima de tudo, as soluções empregadas nos canaviais devem preservar o bem maior da agricultura, o solo.


Para o futuro, podemos prever novas ferramentas, métodos e mais conhecimento sobre como aplicar a tecnologia e conectá-la à realidade da produção, de maneira cada vez mais assertiva.  Dessa forma, conseguiremos disponibilizar informação qualificada e transformá-la em formas de serviços e respostas personalizadas que continuarão revolucionando o trabalho no campo e, invariavelmente, garantindo mais sustentabilidade no setor e a manutenção dos negócios.