Camargo Correa
Op-AA-03
Atuando em uma empresa com 65 anos de experiência, especializada em infra-estrutura nos diversos segmentos da base do desenvolvimento da economia, temos tido sempre especial atenção no acompanhamento dos temas relevantes para o desenvolvimento do país. Sem dúvida, a crise de investimentos em nossa matriz de transportes é questão de fundamental importância e afeta negativamente e de maneira difusa diversos setores.
Não faltam apenas investimentos, mas também discussões e ações convergentes dos diversos setores, iniciativa pública e privada, instituições e sociedade. A logística, mais do que infra-estrutura, é uma questão que a própria palavra define. É tema que envolve lógica, inteligência, coordenação de estratégias, solução de questões, em um cenário complexo, onde todos os pontos se relacionam, criando uma cadeia de vários elos integrados cada qual causando uma relação de causa e efeito sobre os outros.
Neste conjunto, quanto mais harmonia melhor será a eficiência, produtividade, qualidade e confiabilidade do todo. No Brasil atual, temos aquilo que podemos considerar o embrião de uma onda de desenvolvimento, com forte vertente de crescimento, em direção ao interior do país. É necessário termos preparo e inteligência para revermos nossa matriz de transportes, à medida que estamos vendo a consolidação de novos eixos de desenvolvimento.
Nossa antiga visão, sempre pontual e localizada, enraizada em outro momento histórico, econômico, social e funcional, que não existe mais, tem provocado um colapso de nossa malha de transporte. Hoje, quando tratamos de logística de cargas não falamos somente delas em movimento, do seu deslocamento. Falamos também de transporte programado para melhor atender a uma seqüência de origem/destino, gestão controlada de fluxos com compromisso de qualidade, confiabilidade, prazo e melhor preço.
Olhamos para o todo, considerando intermodais de transportes, envolvendo hidrovias, ferrovias, rodovias, dutovias e portos, bem como armazenagem. Este encadeamento de elos estruturados, pensados e organizados dentro de um programa de investimentos é com certeza a única fórmula de sucesso para o país. Dentro desta equação é preciso uma visão sistêmica, não só da intermodalidade, mas do impacto e interferência entre regiões produtivas, regiões de passagem e de destino final.
Considerar a necessidade de fluidez que garanta compromisso com um resultado final em que todos ganham.As regiões brasileiras hoje mais do que nunca se inter-relacionam de forma integral, pela própria característica geográfica que temos. Regiões rurais têm ainda grande importância no esforço de crescimento e desenvolvimento do Brasil. Paralelamente, somos também um país competente e competitivo em produção industrial e científico-tecnológica.
É necessário e urgente conciliar nossa diversidade dentro de uma lógica não competitiva mas complementar, contributiva, para que cada região possa desenvolver o melhor de sua capacidade. É hora de iniciarmos uma nova fase histórica. Acreditamos na consciência e no esforço que as diferentes esferas de nossa sociedade têm desenvolvido para haver um alinhamento coordenado e sinérgico, pensando o presente e o futuro, continuado e maduro.
É fundamental reconstruir nossa espinha dorsal, desenhando como aproveitar de forma inteligente e produtiva a malha modal já existente do país. Cuidar da armazenagem estática de produtos, que é suporte estratégico para o fluxo de nossa produção, avaliando sempre o cenário atual e as próximas direções de desenvolvimento regional.
O Brasil é dinâmico e pujante, tem amadurecido e o setor privado conhece bem quais são suas demandas. Precisamos de um grande movimento de investimentos em infra-estrutura e mais do que nunca é necessário um enfrentamento conjunto dos problemas. Não podem ser admitidas barreiras internas ao nosso desenvolvimento, nossas instituições precisam acompanhar as necessidades da sociedade e lutar para vencermos os óbices que travam nossas estruturas e a credibilidade de investimentos. O futuro que bate a nossa porta fará da logística um fator para a qualidade de vida das pessoas. Menores tempos para movimentação, compras chegando mais rápido em nossas casas, produtos antes inacessíveis agora ao nosso alcance, o futuro é agora.