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Jacyr da Silva Costa Filho

Diretor da Região Brasil da Tereos e Presidente do Cosag, Conselho Superior do Agronegócio, da Fiesp

As-AA-19

Etanol, o aliado
Os constantes e imprevisíveis eventos climáticos têm colocado o aquecimento global como pauta central em discussões de governos e instituições de todo o mundo. A participação das fontes renováveis no mix energético mundial ainda é insuficiente para a descarbonização necessária, e os governos deverão investir em biocombustíveis e tecnologias. Por aqui, possuímos excelentes alternativas no setor de biocombustíveis.
 
Somos o terceiro maior produtor mundial de biodiesel; o segundo maior fabricante de etanol, com produção recorde em 2018 (33,9 bilhões de litros); e o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com know-how de mais de 40 anos no desenvolvimento e na produção de etanol combustível e uma cadeia de logística e distribuição bem estabelecida, com 43 mil postos de abastecimento.
 
O Brasil vem adotando, desde 2015, algumas medidas para cumprir o Acordo de Paris, além dos benefícios da participação dos biocombustíveis, em especial no aumento da oferta de bioenergia, que é gerada principalmente a partir da biomassa de cana-de-açúcar. Alguns objetivos já foram atingidos ou estão muito próximos de serem atingidos.

É o caso da participação da bioenergia na matriz energética, cuja meta era chegar em 18% até 2030 – em 2018, 17,4% dessa matriz vieram da biomassa de cana. Outras metas são a  expansão de 28% a 33% do uso de fontes renováveis, além da hídrica, na matriz total de energia (em 2018: participação de 33% da biomassa de cana, lenha, carvão vegetal e lixívia), e o aumento para 23% de fontes de energia não fóssil no uso doméstico (em 2018: participação de 19% de biomassa, energia solar, eólica e nuclear). 
 
A importância dos avanços do País em direção a uma matriz energética é uma leitura clara quando analisamos os dados do BP Statistical Review of World Energy 2019, o anuário da BP Energy sobre a demanda mundial por energia. De acordo com o documento, em 2018, as emissões globais de carbono tiveram seu maior aumento em sete anos, 2%, com o setor de energia elétrica respondendo por metade desse índice. China, Índia e EUA foram responsáveis por cerca de dois terços do crescimento da demanda de energia.
 
No Brasil, as emissões de CO2 caíram 3,5% em 2018, enquanto a geração de energia permaneceu a mesma. O quadro reflete o maior uso de biocombustíveis e de outras fontes renováveis na geração de energia elétrica, mas, em parte, também devido ao baixo crescimento econômico do País. No entanto abre uma janela de oportunidade para investimentos em bioenergias que atendam às necessidades internas tão logo a demanda torne a crescer. Isso já se vê no aumento da participação de não fósseis no mix de energia brasileiro, de 37% em 2017 para 39% em 2018.
 
Creio que o nosso protagonismo na jornada para diminuir as emissões ficará ainda mais evidente a partir de 2020, quando começa a vigorar o RenovaBio. Espera-se um volume de investimentos da ordem de R$ 13 bilhões anuais no setor, estimulando a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas tecnologias de produção. O Ministério de Minas e Energia projeta que a fabricação de etanol poderá chegar a 48 bilhões de litros até 2030. 
 
Como mostra o estudo da BP, com o mix de consumo de combustíveis não fósseis (36%) e carvão (38%), inalterado em nível global, as iniciativas de adoção de carros elétricos tornam-se pouco eficientes. Em seu ciclo de vida, o etanol emite até 90% menos gases de efeito estufa em comparação à gasolina. Se comparado ao carro elétrico europeu atual, nosso flex abastecido com etanol também se sai melhor sob o ponto de vista ambiental. 
 
Portanto o carro híbrido flex, que une etanol a eletricidade, se mostra uma excelente alternativa. Recentemente, a Toyota lançou o modelo Corolla Híbrido Flex, que possui tecnologia totalmente inovadora. É uma combinação da tecnologia do motor flex com um sistema de propulsão auxiliar que opera com dois motores elétricos. Como resultado da eficiência no uso do combustível, a emissão de gás carbônico é baixíssima. Segundo a Toyota, abastecido de etanol, o novo Corolla emite apenas 29 gramas por quilômetro – o carro mais limpo do mundo. 
 
Quando se fala em sustentabilidade e contribuição na busca de soluções para combater o aquecimento global, o setor sucroenergético tem se mostrado um grande aliado do nosso País. E o início do programa RenovaBio garantirá um papel ainda mais relevante para o Brasil nessa cruzada em prol de um planeta mais limpo e sustentável.