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José Gaspar Citolin

Diretor de Engenharia e da Garantia da BME

Op-AA-07

Manutenção de caldeira e vasos de pressão

No início de 1900, após um grande acidente nos EUA, alertou-se sobre a necessidade de elaboração de normas e de procedimentos para projeto, fabricação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão. Ainda hoje este assunto requer cuidado e atenção e, a cada dia, as normas e procedimentos que envolvem estes equipamentos tornam-se mais detalhadas e severas, não somente pelos riscos pessoais, danos aos equipamentos, à propriedade e ao meio ambiente, mas também pelo prejuízo operacional das plantas, em função da paralisação do sistema no qual elas estão inseridas.

Tempos atrás, dependendo da aplicação e finalidade das caldeiras, a preocupação com sua manutenção somente acontecia durante as paradas das operações das plantas. Em se tratando de usina de açúcar, este cuidado era centralizado na entressafra, por haver, neste período, tempo suficiente para se fazer a inspeção e executar, de simples consertos até a troca de partes e segmentos mais significativos. Outros setores, como o de celulose & papel e indústria petroquímica, com menos tempo disponível na parada, sempre requereram um planejamento e programação mais precisos para a execução de tais serviços.

A necessidade de se reduzirem as paradas de equipamentos é cada vez maior, pois hoje o tempo tem muita influência no custo operaciontes deste fato, as empresas que projetam, fabricam e montam a caldeira, devem utilizar, desde a fase de projeto, parâmetros para o exato dimensionamento e especificações, que garantam e assegurem a confiabilidade do equipamento, com o menor desgaste possível e para uma longa vida útil, impedir falhas e quebras inesperadas durante a safra, bem como viabilizar a segura operação por todo o período.

Esses parâmetros têm início desde a recomendação do tratamento da água (abrandamento, desmineralização e outras), tratamentos para eliminação da dureza, controle de Ph, eliminação de oxigênio, controle do teor de cloretos e sólidos totais. Estes procedimentos são muito importante para evitar incrustações, corrosões, contaminações etc...

Na seqüência vem a definição do material a ser utilizado, velocidades dos gases nos trocadores, arranjos etc...A montagem do equipamento, o comissionamento (limpeza químicas, sopragem de linhas), os testes operacionais, os manuais, a própria operação, são serviços que também fazem parte da prevenção de manutenção da caldeira.

Durante a operação normal de uma unidade geradora de vapor, podem surgir determinados fatos que indiquem uma provável falha ou necessidade de manutenção em um determinado equipamento. Muitas dessas falhas, no entanto, não são detectadas durante a operação, fazendo-se necessárias as inspeções regulares, estabelecidas no programa de manutenção da unidade.

Como qualquer equipamento ou máquina, a caldeira igualmente necessita de manutenção, quer para substituir os componentes que vão se desgastando com o uso, quer para prevenir acidentes ou ainda aumentar a vida útil do conjunto. Deste modo, no Manual de Instruções para Operação e Manutenção da Caldeira, deve ser impositiva a existência de um capítulo sobre um programa de manutenção preventiva por períodos de tempos. Neste programa deve constar:

Programa de Manutenção Preventiva Diária: Que consiste em fazer regularmente, entre outras tarefas, as descargas contínuas e de fundos, descargas em indicadores de nível para retirada de impurezas, sopragens de fuligem, verificação das temperaturas e lubrificação de mancais, observação dos motores elétricos para verificação de aquecimentos anormais e limpeza em filtros.

Programa de Manutenção Preventiva Semestral: Embora isso não seja possível na maioria dos tipos de instalações, o ideal seria que a cada 6 meses houvesse uma parada nas caldeiras para realizar uma inspeção, sob o ponto de vista de corrosão, erosão, vazamentos e eventuais defeitos.

Inclui exames diversos, tais como: exames no invólucro e dutos para verificação de aberturas que possam causar vazamentos, prejudicando o rendimento da caldeira; inspeção em superfícies internas e externas, em tubulação, coletores, tubulões, para exame de incrustações e corrosões; exames em material refratário e isolante para verificar a existência de rachaduras, vazamentos, desgastes, problemas com dilatação; exames nas superfícies de aquecimento de trocadores de calor, para verificar se estão em ordem, de forma que não comprometam a eficiência da unidade.

Programa de Manutenção Preventiva Anual: As inspeções anuais - conforme exigência da NR-13, devem ser completas, incluindo exames internos e externos de toda a caldeira. Deve-se executar a limpeza de toda a superfície de aquecimento, incluindo tubos do feixe, das paredes d’água, coletores, tubulações em geral, ou seja, as partes de pressão, usando os meios normais de limpeza.

Promover a limpeza externa de toda a superfície de aquecimento, retirando as incrustações e depósitos de fuligem existentes, assim como o exame dessas superfícies, com vistas a qualquer defeito que se apresente. Para acessórios, como bombas, substituir selos mecânicos. Importante que, após realizados todos os trabalhos de limpeza e reparos e uma vez fechada a caldeira, deve-se proceder a uma lavagem química, de acordo com as normas usuais.

Deve-se, nesta parada, realizar testes de aberturas das válvulas de segurança. Enfim, o preparo de uma competente e segura manutenção de caldeiras e vasos de pressão, começa quando das especificações do equipamento ainda na fase de projeto, mas continuará durante a fabricação, na montagem, no treinamento, na operação..., na prevenção.