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Luiz Fernando Saran

Diretor Industrial da Engevap

Op-AA-07

Manutenção de caldeiras

Estamos vivendo o período de manutenção de grande parte das unidades do setor sucroalcooleiro. O planejamento das manutenções e as reformas a serem executadas são muito importantes para se conseguir como resultado uma operação eficiente, contínua e segura dos equipamentos, no próximo período operacional de safra. Uma das manutenções prioritárias é a das caldeiras.

Dizem que a caldeira é o coração de uma usina, e faz sentido, porque é dela que flui a energia necessária para tocar todo o resto dos equipamentos. Assim as caldeiras devem e merecem serbem tratadas, pois além de não poderem falhar, representam, quando em operação,um alto e iminente risco, pois funcionam com um gás sob alta pressão, produzindo e liberando contínua energia, sob severas condições de trabalho, e por isto requerem o respeito na medida de suas avantajadas dimensões.

Em razão deste fato, seu tamanho, a manutenção das caldeiras é sempre realizada no local em que se encontram instaladas. É realmente impraticável desmontá-la e enviá-la para o seu fabricante, como se faz muitas vezes com uma turbina ou uma bomba de alimentação para que a manutenção seja realizada. Por este motivo, é muito importante a formação e manutenção de uma equipe - própria ou terceirizada - muito bem treinada para a realização desse tipo de trabalho.

Esse é o tipo de serviço que não deve ser feito por qualquer um ou por qualquer uma. Nos últimos anos, em função do aquecimento desse mercado, apareceram muitas pessoas e empresas tentando trabalhar com caldeiras, fazendo projetos sem embasa-mento técnico e sem tecnologia consolidada, fabricando as partes de pressão dos equipamentos sem utilizar os materiais e técnicas adequados, com mão-de-obra sem treinamento e desqualificada, montando caldeiras sem se preocupar com a qualidade necessária e a segurança exigida para esse tipo de equipamento.

O resultado desta situação para as que conseguiram chegar até o final da safra, é que estas empresas terão o seu momento de verdade quando se apurar o custo de sua manutenção, sem contar o aumento dos riscos a que foram submetidos durante todo este período. O ditado antigo, mas sábio diz: O muito barato pode sair caro.

Trabalhando há 15 anos nesse mercado, sabemos que a melhor referência da qualidade dos serviços prestados e da precisão de um diagnósticos, são as dadas pela usina-cliente. Recomendamos, como medida de manutenção preventiva uma inspeção anual completa - visual e com ensaios não destrutíveis, realizada por profissionais qualificados, com real experiência na área da caldeira e seus equipamentos auxiliares, a fim de se avaliar a situação de todo o conjunto, suas partes, peças e segmentos, para apontar com segurança as correções necessárias. As manutenções corretivas com maiores ocorrências são as seguintes:

 

  • Incrustação da tubulação, em função da utilização de água não adequada para a operação em caldeira (corrigir a água através de tratamento adequado - realizar hidrojateamento a alta pressão). Normalmente, parte da tubulação, principalmente das paredes d’águas da fornalha, quando incrustadas, deverão ser substituídas por nova.
  • Superaquecimento e falha das serpentinas do superaquecedor por arraste, também em função da qualidade da água utilizada e/ou dos internos do tubulão de vapor e/ou operação. Corrigir a qualidade da água, os internos e a operação da caldeira (controle de nível de água; aquecimento, partida e retirada de operação inadequada) e substituir as serpentinas danificadas e/ ou incrustadas.
  • Anomalias na alvenaria, em função de detonações na fornalha, falta de dilatação, operação por períodos prolongados, com pressão positiva na fornalha. Correções: manter a umidade do combustível estável, verificar e corrigir as dilatações, corrigir a tiragem da caldeira (malha de depressão, exaustor e outros). Refazer a alvenaria, respeitando as dilatações.
  • Tubos do pré-aquecedor de ar furados por corrosão, em função da baixa temperatura do ar na entrada e da quantidade de umidade arrastada pelo ar. Correções: evitar canaletas de água abertas próximas à sucção do ventilador; instalar duto de recirculação de ar quente, para elevação da temperatura do ar de sucção. Substituir os tubos furados por novos, pois a fuga de ar prejudica bastante a eficiência de combustão da caldeira.

Após a realização das manutenções necessárias na Caldeira, aplicar teste hidrostático na pressão recomendada pelo inspetor credenciado, conforme definido na NR-13, para verificação das partes sujeitas à pressão. Normalmente, o teste hidrostático é realizado com água na temperatura ambiente e na pressão de uma vez e meia a pressão de projeto da caldeira. Em caso de vazamentos, proceder aos reparos necessários, conforme recomendações do Inspetor credenciado.

Com a entrada em operação das caldeiras de alta pressão - 42,0 kgf/cm2 e acima, torna-se cada vez mais necessário o investimento em equipamentos de qualidade, num excelente tratamento de água e no treinamento continuado dos operadores, com a finalidade de minimizar os riscos e os custos de manutenção. Não podemos mais olhar somente os preços, quando falamos em geração de vapor em caldeiras.

Nesse sentido, a qualificação das empresas fornecedoras de equipamentos e serviços deve ser cada vez mais criteriosa. A concorrência é sadia, mas deve acontecer entre equivalentes. O setor sucroalcooleiro necessita de um conjunto de critérios técnicos claros para formar um cadastro de fornecedores de equipamentos e serviços na área geração e utilização de vapor.