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Igor Montenegro Celestino Otto

Diretor-superintendente do SEBRAE/GO

Op-AA-43

Criar o futuro

Como Peter Drucker dizia com frequência, você não pode prever o futuro, mas pode criá-lo. Atualmente, temos dedicado tempo demais nos preocupando com o futuro. Nos preocupamos com as crises reais e com as hipotéticas. Nos preocupamos, diariamente, com as oscilações dos preços dos nossos produtos no mercado, com os juros, com o poder de compra do consumidor, com a força dos nossos concorrentes, com os produtos substitutos, com a escassez de mão de obra qualificada, com a oferta de crédito ou a falta dela, com o papel do governo e com tudo mais que envolve o nosso negócio e o nosso segmento.

Ou seja, estamos sempre nos preocupando com as variáveis que fogem ao nosso controle. Nesse processo, muitas vezes, estamos perdendo o foco das variáveis que realmente estão sob o nosso controle, que é o poder de planejar e de executar uma gestão altamente eficiente. De nada adianta tentar prever o futuro do negócio, pois ninguém pode fazer isso. Mas podemos traçar uma boa estratégia. Podemos analisar bem a situação atual do negócio e definir com precisão os recursos necessários.


E, então, devemos partir para a ação, através de uma execução exemplar. É assim que se cria o futuro. Ao focar no próprio negócio, o primeiro passo é desenvolver uma boa gestão de pessoas. Só há uma forma de obter bons resultados, e essa forma é através das pessoas. É preciso desenvolver bons relacionamentos em um ambiente de colaboração dentro da equipe.

É preciso saber ouvir colaboradores e clientes. É preciso investir no desenvolvimento das competências e também no reconhecimento de bons resultados da equipe. É preciso oferecer clareza de objetivos para os colaboradores: deixando claro para cada pessoa como deve desempenhar o seu trabalho, dizendo qual deve ser o resultado final a ser apresentado e informando a quem ela deve se reportar. Sem espaço para dúvidas.

O segundo passo é fazer um bom gerenciamento estratégico. Analisar os ambientes interno e externo. Avaliar as cinco forças de Porter, como a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos ou serviços substitutos, o poder de barganha dos clientes, o poder de barganha dos fornecedores e a competição dentro do setor, visando definir a situação competitiva atual.

Identificar a cadeia de valor para melhorar a eficácia organizacional. Identificar estratégias específicas para aumentar o valor dos produtos e serviços da organização. Enfim, definir com clareza a missão, visão, valores, metas, objetivos, estratégias, ações e tarefas, controle e recompensas do negócio.

O terceiro passo é desenvolver um eficaz gerenciamento da execução. Focar no que é realmente importante, selecionando entre uma e três metas crucialmente importantes.

Delimitando o foco, ficará mais fácil para a equipe priorizar as ações, melhorar a comunicação e alcançar os resultados desejados. Atuar nas medidas de direção. Boas medidas de direção não olham para trás como medidas históricas do negócio, mas olham para frente, pois são preditivas no alcance das metas e podem ser influenciadas pelos membros da equipe. Manter um placar de resultados, gerando mais engajamento e alcançando alto desempenho da equipe.

E criar uma cadência de responsabilidade, sob um princípio de responsabilização consciente e mútua de toda a equipe. O quarto passo é melhorar o gerenciamento da qualidade da produção. Identificar padrões de benchmarking – melhores práticas – internos e externos que podem ser utilizados na produção. Analisar a causa e o efeito dos problemas. Implantar um sistema de controle de qualidade que assegure que se faça certo na primeira vez, evitando retrabalho e perda de matéria-prima.

Evitar perder clientes por causa de má qualidade de produtos e serviços. Desenvolver sistema de qualidade e de boas práticas visando à melhoria contínua. O quinto passo é desenvolver uma boa estratégia de marketing. De acordo com Peter Drucker, o marketing é a base de qualquer negócio. Portanto é preciso definir, com clareza, o posicionamento de mercado da empresa. Implantar uma política clara para produto, preço, praça e promoção. E identificar o nicho de mercado em que a organização vai focar os seus esforços de comercialização.

Não há alternativa melhor para as organizações do que focar verdadeiramente nos seus aspectos internos. Somente assim será possível reduzir os custos, aumentar a produtividade, melhorar o desempenho da comercialização e obter lucratividade do negócio. E isso só será possível se a empresa não perder de vista a importância da inovação, seja nos seus processos ou nos seus produtos e serviços. William A. Cohen nos conta uma história que ilustra como a inovação pode ser a diferença para o sucesso de um negócio.

"Henry Ford não constituiu a primeira empresa automobilística bem-sucedida. Essa proeza foi da Oldsmobile, fundada em 1897 por Ransom E. Olds. A Cadillac foi constituída em 1902 por Henry M. Leland. Também se destacou como marca de sucesso. Ford só criou a Ford Motor Company em 1903. Sua manifestação de genialidade não foi a linha de montagem, que já vinha sendo usada por empresas de embalagem de carne, mas, sim, o desenvolvimento pioneiro da estratégia de produzir carros para as massas, adotando, em consequência, a linha de montagem.

A linha de montagem móvel foi importante como tática que possibilitou preços baixos em apoio à estratégia. Por conseguinte, o famoso Modelo T dominou o setor durante várias décadas e foi, em tese, o modelo mais bem-sucedido de todos os tempos. Só mais tarde, Ford partiu para outros segmentos do mercado de preços médios e de altos. No entanto, se Ford tivesse escolhido estratégia diferente para atender a clientes de alta renda, como a Cadillac e a Oldsmobile, a tática de linha de montagem teria sido incongruente com a estratégia.

Por mais bem implementada que tivesse sido sua linha de montagem, a superprodução e a falta de singularidade e de exclusividade não teria sido atraente para os clientes potenciais ricos. Sem dúvida, a estratégia é mais importante que as táticas. Embora seja desejável acertar em ambas, é muito melhor adotar a estratégia de marketing certa." Voltando ao princípio, é tempo de focar a atenção no negócio, buscar a inovação e criar o futuro. Simples é melhor.