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Victório Laerte Furlani Neto

Diretor da Qualimec

Op-AA-28

Preparo do solo, sistematização, plantio e colheita mecânica

Uma das ferramentas disponíveis para atender à demanda de expansão do mercado de açúcar e álcool é o preparo dos talhões para a colheita mecânica da cana crua com a mesma qualidade do preparo de solo para plantio de grãos.

As análises da fertilidade de subsuperfície obriga-nos a manejos integrados de aplicação de corretivos ou fosfatagens, que, muitas vezes, fogem aos sistemas convencionais com uso de grades ou subsoladores, que buscam reduções nos custos e se esquecem das respostas a um preparo mais profundo com arados convencionais ou aivecas, que permitem incorporar, mais profundamente, as sementeiras, o cálcio no solo, com melhores respostas da planta.

Toda modificação exige uma equipe de campo, treinada em regulagens de tratores e implementos, para que se evitem, por exemplo, perdas com retrabalhos: uma gradagem mal feita, por exemplo, gera muitos torrões. Para corrigir as imperfeições no terreno, deve ser feito o nivelamento final de solo com grades niveladoras ou sistematizadoras de lâminas – que permitem um melhor corte mecânico na base dos colmos e evita, mesmo em máquinas de esteiras, os balanços que prejudicam os “copiadores do corte de base”, minimizando as perdas em tocos, após colheita.

Nas áreas de expansão, na última operação de nivelamento, podemos utilizar os implementos múltiplos de nivelamento mais a Trifluoralina ao solo, visando à redução das sementeiras de capins que permanecem nos solos e que emergem junto ao novo plantio da cana-planta, necessitando de repasses químicos ou manuais, onerando os custos de produção.

Um aspecto que requer atenção na fase de preparo do solo é a sistematização das áreas de plantios, envolvendo as unidades de manejo, a melhor adequação nas áreas, tamanhos e sentidos nos sulcos, formas de conservação de solo, épocas de plantios após chuvas intensas, redução de manobras desnecessárias nas cabeceiras ou dentro dos talhões, fazendo entradas suaves do carreador para os talhões.

Deve-se compatibilizar o comprimento das áreas à capacidade dos transbordos, de fertilizantes e de corretivos, autonomia da caçamba de mudas das plantadoras, comprimento dos rolões de fertirrigação e veículos especiais de transporte da cana picada.

A sistematização correta do plantio e a colheita mecanizada têm por meta alcançar os altos índices de produção mencionados pelos fornecedores dos equipamentos e planejados pelas metas da Unidade, em todas atividades do ciclo, desde a correção dos solos até a colheita, mas, às vezes, ficamos surpresos com os baixos índices obtidos em relação ao planejado.

Vários são os fatores de campo que contribuem para o baixo desempenho operacional. Para o plantio mecânico, recomendamos que se observem, por exemplo: o plantio do viveiro com mudas aptas ao plantio mecânico; quebra-lombo nas áreas para corte mecânico das mudas; idade limite das mudas entre 9 e 11 meses; sistematização das áreas de plantio final – comprimento sulcos x capacidades equipamentos de colheita e plantio; logística de colheita x controle; paralelismo de plantio, entre outros.

Devem-se acompanhar os índices necessários ao plantio mecânico, considerando: gemas sadias/m; fertilizantes e defensivos; danos dos rebolos pela colhedora de mudas ou facas gastas e tamanho dos rebolos; profundidade abaixo e sobre os rebolos plantados; standard após plantio, índice de falhas e colmos/m.

Devem-se considerar as formas e locais eficientes de abastecimento das mudas, fertilizantes e defensivos; distância das mudas x área de plantio; tipos de carrocerias; potências adequadas de tratores x implementos; treinamento da equipe na busca da qualidade da operação e não a quantidade da produção.

Na colhedora de cana picada, deve ser instalado o “kit-cana-muda” (uma adaptação feita na colhedora de cana para a colheita de mudas), totalmente emborrachada para não danificar as gemas das mudas. É importante o transbordo ou caminhões com as mudas irem até a plantadora, e não o inverso, e atentar para as manobras e tráfego, bem como o bom planejamento dos locais de encontro, dentre alguns outros importantes fatores.

Com a adoção do corte de cana crua sem queima, o corte de base sem terra tornou-se um desafio. Anteriormente, com as canas queimadas, a maior parte da terra que acompanhava as canas colhidas mecanicamente tinha dentro da colhedora uma ajuda inestimável, pois possibilitava a terra cair na subida entre os rolos condutores, antes do corte pelo rolo picador.

Na cana crua sem queima, observa-se que, na subida da cana nos rolos, a palha embrulha a terra junto com os colmos que são jogados no disco de corte. Temos que achar uma forma viável de proceder a essa limpeza. Para reduzir o volume dessa terra, podemos melhorar a câmara de extração da colhedora aumentando a rotação no extrator e reduzindo a velocidade no deslocamento.

Podemos também introduzir a limpeza a seco na recepção industrial, entretanto melhor que não se carregue terra ao corte, evitando que as facas de corte toquem o solo. Melhor, de toda forma, é realizar o cultivo da cana-planta na época do quebra-lombo, pois, após as chuvas, esse desnível diminui e facilita o corte mecânico sem terra.