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João Crisóstomo Simões Rodrigues e Aníbal Pacheco de Almeida Prado

Diretores da Saccharum Consultoria

Op-AA-41

Preparo profundo e canteirização

Com a intensificação da mecanização na colheita da cana-de-açúcar, tem ficado evidente a compactação do solo ao longo do ciclo da cultura, mesmo em áreas com controle de tráfego dentro da palhada, independente do espaçamento adotado pela empresa. Dessa forma, há uma busca constante de alternativas para se aprofundar o preparo do solo por ocasião da implantação dos canaviais, com a finalidade de romper a camada compactada, favorecer a penetração de água da chuva (menor corrimento superficial) e aprofundar o sistema radicular da cultura.



Esse aprofundamento do sistema radicular resultará numa maior área explorada pelas raízes, com mais absorção de água e nutrientes e consequente reflexo na produtividade agrícola. Pensando nisso, o engenheiro agrônomo Prof. Dr. Hasime Tokechi (Esalq/USP) idealizou um equipamento que prepara o solo em profundidade e em faixas, com inúmeras vantagens sobre os equipamentos hoje existentes.




O equipamento chamado Penta – originalmente fabricado pela Mafes e, hoje, produzido por várias empresas – é um subsolador com uma haste que trabalha a uma profundidade efetiva de 70 cm, com uma caixa para aplicação de corretivos/adubos em profundidade, uma enxada rotativa destorroadora, que incorpora insumos a 30-40 cm de profundidade, e um aleirador, que conduz a palha restante da colheita da cana-de-açúcar no sentido da haste e da enxada rotativa, com o intuito de incorporá-la ao solo.

Daí o nome Penta (5 funções): subsola, aplica corretivo, aleira a palha, incorpora e destorroa. Desse modo, o preparo de solo em profundidade ocorre somente na faixa onde será instalada a cultura no espaçamento alternado (0,90 x 1,50 m). 

No desenho abaixo, é mostrada a faixa de 2,40 m de largura, onde trabalhamos somente a faixa central de 1,20 m, com haste operando a profundidade média de 60 a 70 cm, dependendo do tipo de solo.  


O trabalho de preparo de solo profundo é planejado para ser totalmente georreferenciado do plantio à colheita, e os tratores são equipados com GPS, que permite a perfeita aplicação de calcário, gesso, matéria orgânica (torta de filtro) e fósforo nas faixas, sendo feita sua incorporação pela enxada rotativa.

O plantio é feito nessas faixas por plantadoras que plantam no espaçamento combinado de 0,90 m x 1,50 m, também equipadas com GPS, para dar a forma final precisa na sulcação, onde o paralelismo dos sulcos e sua conformação são de capital importância para uma colheita mecânica de alto rendimento e baixas perdas.

Existe uma economia na aplicação dos corretivos, pois somente é feita a aplicação nas faixas preparadas pelo Penta, bem como de óleo diesel, e essa economia depende do número de operações que cada unidade produtora irá suprimir.



Com relação ao desenvolvimento radicular, realizamos, no período de 2012 a 2014, inúmeras trincheiras para avaliar o comportamento desse sistema radicular, comparando o preparo de solo convencional em relação ao preparo profundo, sendo que o resultado tem sido o que observamos na foto abaixo, em cujo preparo profundo temos um volume de raízes muito maior, mais robusto e desenvolvido em relação ao preparo convencional, sendo que as raízes estão concentradas na faixa dos 90 cm, atingindo a profundidade de 80-100 cm, enquanto, no preparo convencional, dificilmente ultrapassam a 40-45 cm.

Dessa forma, acreditamos que temos uma planta com maior capacidade de absorção de água e nutrientes em função de maior exploração do sistema radicular. O incremento na produtividade poderá ser maior ou menor, dependo das condições do solo, das fertilizações que serão empregadas e outras técnicas cabíveis no processo.

Pelo que temos observado, pode-se afirmar que temos obtido um ganho de 10 a 12% em relação ao preparo convencional nos testes acompanhados que estão em terceiro corte.


O emprego do sistema de preparo profundo pleno proporciona uma economia no uso de máquinas em várias operações agrícolas (principalmente gradagens e subsolagens), pois o sistema Penta desenvolvido prega a dessecação ou a eliminação da soca com eliminador de soqueiras, a aplicação dos insumos na faixa (que proporciona a redução de 40% na quantidade dos insumos aplicados) e a incorporação com o equipamento Penta.

A economia de operações mecanizadas no preparo de solo (exclusa a sistematização e a conservação de solo) é significativa no custo. Outro ponto de grande economia é com relação à frota de apoio, com uma diminuição do uso de veículos, com uma movimentação muito menor de pranchas, caminhões oficina e comboios, pois a quantidade de equipamentos envolvida na operação de preparo de solo é muito menor.