Diretor Agrícola do Grupo Cerradinho
Op-AA-28
A reforma da lavoura de cana-de-açúcar deve ser considerada uma oportunidade de potencializar a produção de matéria-prima, adequando e regularizando a demanda quantitativa e qualitativa para a indústria e, indiretamente, reduzindo o custo de produção. Se considerarmos um canavial estabilizado, do qual de 15 a 20% são destinados para reforma, o fluxo de caixa oriundo dele é sustentável, o que permite uma análise sem aplicação de remuneração financeira, tornando possível visualizar qual seria o ponto ideal de reforma.
Apresentarei alguns quadros para visualizarmos o efeito dos custos de produção, excluindo a colheita na determinação do ponto ideal de reforma. No quadro, o Cenário 1 faz a simulação da produção em áreas tradicionais de cana, com terras mais caras. O Cenário 2 apresenta a simulação da produção em áreas de fronteira agrícola, com terras mais baratas. Geralmente, quando a produtividade atinge 50% do potencial de produção do 1º corte, o ponto econômico da reforma foi atingido, a partir daí haverá um aumento do custo de produção da cana.
Conforme observamos nos Cenários 1 e 2, quanto mais alta a remuneração da terra, mais cedo será o ponto econômico de reforma. Porém, quando a produtividade é menor que 60% da diferença do 1º corte, estamos deixando de maximizar o potencial produtivo do solo que, nesse caso, é em torno de 81 t/ha/ano; à medida que aumentamos o número de cortes, necessitaremos de maior quantidade de terras para suprimento de matéria-prima.
Portanto, para aumentar a longevidade de forma sustentável, é necessário desenvolver um sistema produtivo em que ocorra uma estabilização do canavial com alta produtividade, o que, acredito, poderá ocorrer com a canteirização do sistema produtivo como um todo, que tomará um novo impulso com a colheita de rua dupla.
Estamos inseridos em uma nova fase no agronegócio, saindo de décadas nas quais convivemos com o excesso de oferta de commodities cuja demanda cresce em um mundo onde os recursos naturais ficam cada vez mais escassos. Temos que verticalizar a produção.
Para tanto, temos que desenvolver um sistema de produção com menor custo de implantação e logística, que permita realizar grandes plantios em épocas adequadas, temos que ser criativos para chegarmos ao resultado almejado. Nesse contexto, junto à equipe, estamos empenhados em alguns projetos, como:
No Quadro, demonstram-se as simulações com a técnica de MEIOSI, com a aplicação de sorgo, com a projeção para 2012 no Cenário 3 e, para 2013 no Cenário 4. Notamos nos quadros que, apesar de mantermos os mesmos níveis de produtividade da cana, a adição na área de reforma de outra cultura, com o intuito de suprir a matéria-prima em período desfavorável para a cana, otimiza a sua utilização.
Conseguiremos um incremento de 80 t/ha/ano na condição somente com cana ao redor de 90 t/ha/ano de matéria-prima, com a adição do sorgo sacarino e antecipação da reforma. É notória também a redução de custo em função do aumento de produção por área, que poderá chegar a 9%. A verticalização da produção de cana tende a antecipar a reforma nos patamares atuais de produtividade para o quarto corte. Para que isso seja revertido, haverá necessidade da estabilização da produção em pelo menos 2/3 da produção do 1º corte.