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Renato Vaz

Diretor da Rodobens Negócios e Soluções

Op-AA-37

Composição de frota

O setor sucroenergético vive um momento particularmente dinâmico, com avanços importantes, mesmo em um cenário desafiador. A Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar, o CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, sindicatos e associações do setor sucroenergético estimam, para a safra 2013/2014 de cana-de-açúcar da região Centro-Sul, uma  moagem de 589,60 milhões de toneladas, crescimento de cerca de 10,67% em relação aos 532,76 milhões de toneladas processadas na safra anterior.

De acordo com a Unica, o mapeamento com imagens de satélite da região Centro-Sul indica uma expansão de 6,5% na área de cana-de-açúcar disponível para a colheita da próxima safra. Se olharmos, porém, para o contexto de duas décadas atrás, encontraremos um setor em processo de transformação tecnológica e de gestão, com muitas oportunidades de desenvolvimento.

Nesse cenário, as frotas de caminhões ainda eram próprias e, naturalmente, estavam no foco das usinas como um grande desafio de gestão de custos. A cultura da posse do ativo patrimonial, enraizada já nos tempos da colônia, teve de ser paulatinamente revista, à medida que os empresários viam a necessidade de elevar sua competitividade e se concentrar cada vez mais no seu core business.

Confiar a execução de determinadas tarefas a profissionais especializados foi um caminho natural e inevitável, que já podia ser observado em outras economias. Para termos um exemplo prático, a quebra de um caminhão com capacidade para 60 toneladas de cana-de-açúcar, que faça três viagens diárias do campo à usina, representa atraso no processamento de um volume de matéria-prima que se transformará em 4.800 litros de etanol por dia. Imaginemos o caso, também baseado na realidade atual, de uma usina com uma frota de 500 caminhões, em que, inevitavelmente, um percentual importante sempre estará indisponível para uso imediato.

Há ainda todo o trabalho de gestão de documentos e renovação das frotas que, no caso de grandes grupos de veículos, torna a tarefa de administração bastante árdua e sujeita a atrasos e burocracia. Dessa forma, o transporte, cuja função é dar apoio à produção, acaba por representar tempo e dinheiro preciosos na atividade do produtor. Hoje, o uso da tecnologia, associado ao desenvolvimento natural do mercado de transporte e logística, modificou o cenário para o empresário.

Parte dessa revolução passou pela criação do leasing operacional e locação de veículos. Comum nos Estados Unidos e países da Europa, o sistema assumiu grande parte da atividade de gestão de frotas que, embora acessória, é imprescindível para a competitividade no setor sucroenergético. Fatores cruciais, como a disponibilidade de frota e o controle de custos, estão a cargo de profissionais focados exclusivamente na gestão desses bens.

Temos ouvido relatos de empresários que reduziram seus gastos com gestão de frota em aproximadamente 30% desde que optaram pelo leasing operacional ou locação de veículos. Sem contar os diversos casos de problemas que pareciam insolúveis, até que a solução se apresentou por meio da liberação do empresário da obrigação de gerir pessoalmente a sua frota.

Podemos dizer, sem exageros, que a transferência de responsabilidades na composição e na gestão de frotas retirou esse quesito da coluna dos custos variáveis e o colocou na coluna dos custos fixos no balanço do empresário. Como resultado, tem-se uma atividade logística bem mais previsível, o que leva à redução de custos, associada a uma disponibilidade sempre próxima dos 100% da frota.

Ciência e tecnologia: A difusão do uso da internet e do GPS são dois importantes aliados quando se conta com uma gestão profissional. Com eles, o produtor mapeia a frota, alimenta dados e, em contrapartida, recebe informações valiosas, como avisos sobre a oficina mais próxima ou a data da próxima revisão preventiva. Call centers 24 horas garantem orientação, conserto ou reposição de veículos com agilidade muito maior que no passado.

A renovação de frota e a constante atualização técnica são duas grandes vantagens da composição profissionalizada para quem as utiliza como meio, e não como um fim. Caminhões substituídos a cada 60 meses demandam menores custos com manutenção. O treinamento de condutores que irão operar os veículos apresenta resultados impactantes na atividade.

A orientação a esses profissionais, a partir da análise do uso dos veículos em campo, tem se mostrado uma excelente aliada do produtor. Redução de acidentes, menor desgaste e economia de combustível, consequências desse acompanhamento resultam em menor dispêndio com a frota. Muitas vezes, ainda, esse treinamento é inevitável, como aconteceu com a migração dos veículos pesados do Euro 3 para o Euro 5.

E, por falar em Euro 5, cujo principal objetivo é a redução das emissões de gases poluentes na atmosfera, há que se levar em consideração a questão da sustentabilidade. Alguns produtores, por exemplo, se adaptaram ou estão em processo de adaptação a códigos de conduta na produção do etanol, que impõem como meta a redução das emissões de gases do efeito estufa em todas as etapas do processo produtivo. Veículos novos vão, certamente, poluir menos, contribuindo para a maior sustentabilidade da operação.

Como se vê, a composição de frota, hoje, se apresenta como ferramenta indispensável na condução do negócio no setor sucroenergético, uma vez que seus benefícios vão muito além da questão meramente econômica. A dinâmica de um mercado de tamanha relevância para o país deve passar, necessariamente, por ferramentas de apoio eficazes e sempre disponíveis.