VP Executivo de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen
Op-AA-31
O ano de 2011 deixou grandes desafios para todo o setor sucroenergético. Como consequência dos canaviais envelhecidos e dos investimentos limitados, a produção de cana-de-açúcar sofreu uma redução média de 10% no Brasil, e a Raízen – joint venture entre Shell e Cosan – seguiu essa tendência de retração. A companhia fechou o período da safra 2011/12 moendo 53 milhões de toneladas de cana.
No entanto, a sequência de notícias negativas foi interrompida logo no início deste ano. O primeiro “respiro” veio de fora, dos Estados Unidos, com o fim das barreiras comerciais contra a entrada do etanol brasileiro no país, depois de 31 anos de forte protecionismo.
Já a segunda novidade veio do coração do Brasil: a criação pelo BNDES da nova linha de crédito para o setor sucroalcooleiro. Batizada de Prorenova, o programa tem orçamento de R$ 4 bilhões e vigorará até 31 de dezembro de 2012. O objetivo é aumentar a produção de etanol, ampliando em 1 milhão de hectares a área plantada de cana-de-açúcar.
Para a Raízen, ambas as notícias são muito oportunas em um momento em que o setor precisa aumentar a produção e a oferta de etanol no mercado. O aporte do governo, em especial, vai gerar um importante clima de confiança entre os produtores e, principalmente, deve incentivar aqueles que optarem por renovar o canavial na próxima safra.
Antecipando-se às necessidades, a empresa já começou o seu próprio plano de expansão no plantio e processamento de cana, de forma a utilizar sua plena capacidade de moagem, de 65 milhões de toneladas, além de continuar o processo de renovação de seus canaviais.
Sobre o último ponto, o desempenho da Raízen, em 2011, ficou acima das expectativas: a taxa de rejuvenescimento da cultura foi de 22%, acima dos 17% recomendados ao setor. A ideia da companhia é reduzir ainda mais a idade dos canaviais, atualmente de 3,2 anos, para 2,8 anos – meta aplicada à cana própria, que representa 50% do que moemos.
Os fornecedores da companhia também estão investindo para ampliar a produção do campo e renovar o canavial de 3,8 anos para 3 anos até 2014/15. Outra parte relevante do ousado plano de investimentos da Raízen é expandir a capacidade de moagem da companhia, dos atuais 65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano para 80 milhões de toneladas nos próximos cinco anos.
O aumento deve vir de novos projetos, da expansão das unidades próprias e de aquisições. Além disso, os investimentos em pesquisa em novas tecnologias devem, ainda, fazer parte do processo de incremento da produção de etanol brasileira. A maioria das pesquisas está voltada para o aumento da produtividade da cana, sem a necessidade de aumentar a área de plantio.
Outra iniciativa está na área industrial no que tange à produção de etanol de primeira geração. A Raízen, juntamente com a Codexis, empresa americana de biotecnologia, estuda o desempenho das leveduras usadas na produção do etanol, de forma a melhorar ainda mais o desempenho do biocombustível. Esperamos que, já em 2012, possamos ser beneficiados por esses estudos.
Há também as pesquisas voltadas para o etanol de segunda geração, extraído do bagaço de cana, e de culturas alternativas, como o sorgo sacarino. A nossa experiência nas regiões de Piracicaba-SP e Jataí-GO mostrou que essa é uma cultura que pode contribuir de maneira importante para a produção do etanol e servirá para antecipar o início da próxima safra.
Essas notícias revigoram o setor no Brasil, mas ainda será necessário tempo para que todos esses recursos e incentivos comecem a se fazer sentir no mercado. Estima-se que, para atender à demanda brasileira de cana-de-açúcar, a moagem do País deva alcançar 1 bilhão de toneladas nos próximos oito anos. Isso representa investimentos da ordem de US$ 67 bilhões ou 172 novas usinas, com capacidade de processamento de 3 milhões de toneladas cada uma.
Nesse contexto, é extremamente necessário o reconhecimento, pelo governo, dos benefícios do etanol e da geração de energia por meio do bagaço de cana como fonte de energia limpa e renovável, com mais incentivos voltados para a construção de novos greenfields que colocaria o setor numa posição de maior competitividade. A Raízen, por sua vez, continua otimista e mantém sua confiança no potencial do Brasil para o setor.